Entrevista | Nation of Language – “A pandemia nos mostrou o quanto o ao vivo é importante”

A banda novaiorquina Nation of Language lançou seu quarto álbum de estúdio, Dance Called Memory. Diferente dos trabalhos anteriores, o disco nasceu a partir de acordes no violão, uma escolha incomum para um grupo que construiu sua identidade nos sintetizadores. Essa abordagem mais “orgânica” serviu como ponto de partida para explorar novas sonoridades e, sobretudo, para humanizar ainda mais o universo eletrônico da banda. “Qualquer coisa que seja diferente, empolgante e desperte curiosidade é extremamente valiosa em estúdio”, explicou o vocalista do Nation of Language, Ian Richard Devaney. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Ian e Aidan Noell falaram sobre as referências que atravessam o novo trabalho do Nation of Language, de My Bloody Valentine a Cocteau Twins, o desejo de borrar as linhas entre o sintético e o humano, a relação do disco com memórias pessoais e o impacto emocional de voltar a se conectar com o público após o isolamento da pandemia. Confira a entrevista completa abaixo Dance Called Memory foi composto a partir de acordes no violão, uma escolha incomum para um álbum dominado por sintetizadores. Como esse processo mais “orgânico” influenciou o resultado final? Ian: Acho que o fato de a guitarra ter sido a base de tantas músicas realmente nos lembrou, ao longo do processo, que não precisamos fazer tudo sempre do mesmo jeito que fizemos antes. Aidan: É, acho que isso nos lembrou que é bom mudar, evoluir e expandir o que acreditamos ser capazes de fazer. Ian: E, sabe, acho que quando você está no estúdio, qualquer coisa que seja diferente, empolgante e desperte curiosidade é extremamente valiosa. Você menciona, no material para a imprensa, que quis se afastar da escola Kraftwerk e se aproximar da filosofia de Brian Eno. Quais momentos do álbum você acha que mais representam essa “humanização dos sintetizadores”? Ian: Essa é uma ótima pergunta. Acho que uma parte… é que, na primeira música do álbum, há algo que soa como um sintetizador, mas na verdade é uma gaita bastante processada com efeitos. E acho que esse engano, um instrumento humano sendo tratado como um sintetizador, é uma forma de ilustrar esse borramento de fronteiras. Aidan: Sim, borrando a linha entre o sintético e o humano. A faixa I’m Not Ready for the Change traz referências ao Loveless do My Bloody Valentine. Como vocês equilibram essas influências do shoegaze e da eletrônica dos anos 2000 com a identidade própria da banda? Ian: Essa é uma banda que sempre amei. E acho que, sabe, muita da nossa identidade está ligada a influências fundadoras do new wave e synth pop dos anos 80. E, pra mim, existe um fio condutor natural que passa, talvez, pelo Cocteau Twins, que meio que faz uma ponte entre os anos 80 e 90, algo muito interessante de explorar. Nosso produtor, Nick Millhiser, é fã do Cocteau Twins. Então, no estúdio, nenhum de nós tinha muita experiência com esse tipo de sonoridade, guitarras com aquele timbre metálico, reluzente, então foi algo empolgante. E toda vez que a gente se perguntava: “Podemos fazer isso? Isso soa como Nation of Language?” E decidimos tornar isso parte do som da banda, foi muito legal. O novo álbum parece ser menos sobre nostalgia e mais sobre memória e humanidade. Que tipo de memórias ou sentimentos pessoais foram canalizados na composição? Ian: Acho que muitas coisas… amigos ou familiares que faleceram, por exemplo. O Aidan e eu moramos no nosso primeiro apartamento juntos por dez anos. E, enquanto fazíamos este disco, nos mudamos de lá. Mudar de casa pode parecer algo pequeno, especialmente em comparação com a morte, mas quando você tem tantas memórias compartilhadas em um espaço, e tanto da sua vida aconteceu ali, especialmente por ter sido o lugar onde passamos a pandemia, confinados, foi uma perda especial. Aidan: É um tipo diferente de perda, interessante de se explorar emocionalmente. E também crescemos muito nos últimos anos, mudamos de caminho, perdemos amizades ou a noção de quem achávamos que éramos.Todos esses tipos de perda, mudança e crescimento, que você lamenta ou celebra, estão todos canalizados neste disco. Talvez de uma forma mais madura, eu espero. Seus três primeiros discos viraram trilhas sonoras não-oficiais do isolamento pandêmico. O novo álbum marca uma virada? Podemos dizer que ele aponta para um futuro mais esperançoso? Ian: Não sei se aponta para um futuro mais esperançoso, mas… Acho que, com este álbum e o anterior, Strange Disciple, há uma celebração do fato de que não estamos mais presos. Poder sair em turnê, construir comunidade com as pessoas, isso é algo muito inspirador para nós, e central ao motivo pelo qual estamos em uma banda. A pandemia nos mostrou o quanto a performance ao vivo é importante. Era algo que eu costumava dar como certo. Mas poder cantar junto com o público, compartilhar esses momentos emocionais, isso é essencial para nós. A turnê internacional inclui locais maiores e múltiplas datas em cidades como Nova York e Londres. Como vocês estão se preparando para esse novo patamar nos palcos? Ian: Nos últimos meses, temos pensado em como expandir o show ao vivo sem perder o essencial do que significa, pra nós, ser uma banda DIY por tanto tempo. Como aumentar o valor de produção sem abrir mão da liberdade de mudar o setlist a cada noite, ou de fazer alterações no meio do show, algo que muita produção musical pré-planejada não permite. Estamos pensando muito nisso ultimamente. Queremos expandir a parte visual. Começamos a ver o design de palco como uma forma de arte visual, algo que ainda não havíamos explorado. Aidan: Ser parte de uma banda envolve muito mais aspectos artísticos do que se imagina no começo, você tem que fazer os flyers, as capas dos álbuns, tirar fotos… Então, agora o design de palco é a nova área criativa em que estamos mergulhando. Sempre trocamos ideias por mensagem, e quando vamos a shows, observamos o que outras bandas fazem que podemos adaptar. Estou animado para investir cada vez mais nisso. Parece

Entrevista | Stars Go Dim – “Se consigo ser honesto nas canções, outras pessoas podem se identificar”

O projeto musical Stars Go Dim, liderado pelo cantor e compositor Chris Cleveland, acaba de lançar Roses, descrito pelo próprio artista como seu trabalho mais pessoal até agora. Com influências de soul e R&B dos anos 1970, o álbum busca transmitir esperança e beleza nas pequenas coisas do cotidiano, trazendo canções que equilibram emoção, espiritualidade e pop contemporâneo. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Cleveland falou sobre o processo criativo, suas colaborações com grandes nomes da música e a possibilidade de visitar o Brasil em breve. Seu novo álbum, Roses, foi descrito como o mais pessoal da sua carreira. O que o torna diferente dos anteriores? A principal razão é que produzi o álbum inteiro sozinho. Sempre escrevi ou co-escrevi minhas músicas com outras pessoas, mas, desta vez, assumi o projeto de forma completa, da criação à produção. Claro, colaborei com amigos, músicos e compositores, mas toda a essência veio de mim. Isso tornou o resultado mais autêntico e verdadeiro ao que sou, tanto como pessoa quanto como artista. Sinto que é a música mais genuína que já fiz em 30 anos de carreira. Você disse que Roses representam o sagrado em lugares inesperados. Como essa metáfora se conecta à sua vida pessoal e espiritualidade? Acredito que Deus se manifesta em momentos pequenos e cotidianos. Muitas vezes, as pessoas imaginam a fé como algo distante, ligado apenas a grandes acontecimentos. Para mim, as experiências mais marcantes foram simples: conversas com minha esposa, brincar com meus filhos, momentos comuns do dia a dia. Ao compor, perguntei a outras pessoas como elas percebiam essa presença, e as respostas foram semelhantes: é nos detalhes, nas situações corriqueiras, que podemos enxergar fragmentos do divino. Esse conceito inspirou várias canções do disco. O álbum traz fortes influências do soul e do R&B dos anos 1970. Como foi incorporar essa sonoridade vintage ao pop contemporâneo do Stars Go Dim? Foi extremamente divertido. Sempre gostei de pop e soul, além de ser pianista, e buscava, acima de tudo, uma sensação. Quando chegamos a esse clima mais funky e soulful, percebi que a música transmitia alegria e leveza. Pensei: “Se isso me faz feliz, talvez também desperte o mesmo sentimento em outras pessoas”. Você já colaborou com grandes nomes como Elton John, Justin Bieber e John Mayer. O que aprendeu nessas experiências que ainda carrega consigo? Esses artistas, e tantos outros com quem já toquei, sempre se apresentaram da forma mais autêntica possível. Elton, Justin, John… cada um deles soube se reinventar sem perder a essência. Acho que a grande lição é não ter medo de seguir o coração e a intuição ao fazer música. Em Roses, procurei exatamente isso. Seu single You Are Loved foi um marco e até tocou nas rádios dos Estados Unidos. Como você enxerga esse período hoje? Com muito carinho. Essa música me conectou a inúmeras pessoas. Apesar da simplicidade da mensagem, ela toca em algo essencial: todos queremos ser vistos, valorizados e amados. Dez anos depois do lançamento, continuo gostando de tocá-la e de compartilhar esse sentimento com o público. A espiritualidade aparece de forma sutil, mas constante nas suas composições. Isso é intencional ou algo natural no processo criativo? Um pouco dos dois. Escrevo para mim e também para outros artistas, de estilos variados, já fiz country, dance music, músicas para igreja. Em qualquer gênero, tento ser autêntico. Vivo uma jornada de fé, mas também escrevo sobre amor, família e vida. Se consigo ser honesto nas canções, outras pessoas podem se identificar e pensar: “eu também sinto isso”. Roses transmite mensagens de esperança e beleza na vida cotidiana. Como você gostaria que o público se sentisse ao ouvir o álbum? Nossa intenção foi clara: que cada música provoque uma emoção imediata, seja vontade de dançar ou de refletir. Se o ouvinte dedicar 36 minutos para escutar o disco de ponta a ponta, espero que termine a experiência se sentindo melhor, mais esperançoso e capaz de enxergar o lado positivo da vida. O que os fãs podem esperar do Stars Go Dim nos próximos meses? Estamos preparando turnês nos Estados Unidos e, quem sabe, em outros países. Também sigo compondo para outros artistas, mas a prioridade no momento é apresentar Roses ao maior número de pessoas possível. Existe a possibilidade de vir ao Brasil para divulgar o novo álbum? Sim, adoraria. Inclusive já comecei a pesquisar artistas e a me preparar para conhecer melhor a cena local. Também quero experimentar a culinária daí. Seria incrível poder levar o Roses ao público brasileiro.

Entrevista | Michale Graves – “Me reencontrei no Brasil”

Em outubro, o Brasil volta a receber um dos nomes mais icônicos da história recente do punk: Michale Graves, ex-vocalista do Misfits e figura central na fase mais melódica e cinematográfica da banda. Entre 1995 e 2000, ele ajudou a revitalizar o grupo com os álbuns American Psycho e Famous Monsters, entregando clássicos como Dig Up Her Bones e Scream, este último com videoclipe dirigido pelo mestre do horror George A. Romero. Agora, Michale Graves retorna ao país para uma série de shows que prometem celebrar essa era e ainda reservar surpresas no setlist. No Brasil, Michale Graves se apresenta em São Paulo (22/10 em formato acústico e 01/11 com banda completa), Brasília (23/10), Goiânia (24/10), Belo Horizonte (25/10), Rio de Janeiro (26/10), Porto Alegre (29/10), Florianópolis (30/10) e Curitiba (31/10). Michale Graves assumiu os vocais dos Misfits aos 20 anos, sucedendo Glenn Danzig, e encarou a missão com autoconfiança. Para ele, não se tratava de ocupar o lugar de outra pessoa, mas de escrever um novo capítulo para a banda. Com um olhar atento à cultura pop e influências que iam do horror punk ao britpop, Michale Graves imprimiu sua marca em um repertório que permanece vivo nas vozes dos fãs até hoje. Surfista de longa data, Michale Graves se diz encantado pelas praias e pela paixão do público nacional. “O Brasil me reencontrou”, resume, lembrando que muitas das conexões feitas no país atravessaram décadas. Para os fãs, essa proximidade se reflete em apresentações sempre energéticas, carregadas de emoção e histórias. Na entrevista ao Blog n’ Roll, Michale Graves falou sobre a responsabilidade de assumir os vocais dos Misfits, as influências que moldaram sua carreira, sua relação com o público brasileiro e a expectativa para esta nova passagem pelo país. Você entrou para o Misfits antes mesmo de completar 20 anos. Como foi encarar a responsabilidade de substituir Glenn Danzig e ainda assim conseguir marcar uma nova era para a banda? Sabia que era uma grande responsabilidade, mas nunca senti isso como um peso esmagador. Nunca foi algo do tipo “meu Deus, como vou conseguir?”. Porque sabia exatamente como iria conseguir. E tinha tanta confiança de que era a pessoa certa, fui colocado neste mundo para isso. Tudo na minha vida me levou até aquele momento. Então não perdi tempo pensando “meu Deus, essa é a banda do Glenn Danzig”. Eu só pensei: “vocês estão em boas mãos. Vamos fazer isso”. Tinha muita confiança. Dediquei meu tempo e energia a criar aquela música, pensar nas palavras, nas cores que usaria para pintar musicalmente. Ouvi todas as gravações do Misfits que já tinham existido na face da Terra. Conhecia cada detalhe. Conseguia ouvir as pessoas respirando nas faixas. Me tornei um verdadeiro professor daquilo tudo. E criei a partir disso, a partir de todos os sentimentos que tinha na época, com 20 anos. Quando gravamos, eu tinha 21. Mas tinha acabado de sair do ensino médio. Então estava muito conectado com a cultura. Sabia o que estava acontecendo. Os caras da banda eram mais velhos, tinham uns 31 anos quando entrei, e eu tinha 20. Então realmente tinha o dedo no pulso da cultura. E estava muito, muito confiante. Sabia que poderíamos ser incríveis. E acho que fomos. Na verdade, sei que fomos. Faria algo diferente? Onde errei foi na minha imaturidade emocional, por ser tão jovem. Quando se tratava de negócios, era muito difícil para mim ser objetivo e, às vezes, razoável. Porque era movido pela emoção. Tudo era guiado pelas emoções. E não tinha ninguém ao meu redor para conter isso e dizer: “ei, calma, agora você está agindo com emoção demais”. E eu precisava disso.  Minhas emoções foram despejadas na música, é isso que me tornava forte. Mas em outras áreas, como negócios ou relacionamentos… ser extremamente emocional nem sempre é o melhor caminho para a objetividade ou a razão. Com 20 anos, isso ainda é difícil. Eu entendo, super compreensível. Sim, e de repente estava em um mundo em que o Marilyn Manson estava ali do lado, o Rob Zombie estava ali, e os caras do Metallica entravam na sala, e o James Hetfield me pedia para cantar músicas, e lá estavam os caras do Alice in Chains, do Soundgarden… e eu pensava: “o que está acontecendo?”. Estava sobrecarregado, mas foi demais! As faixas Dig Up Her Bones e Scream marcaram uma geração, inclusive com videoclipes dirigidos por George A. Romero. O que essas músicas representam para você hoje? Uau… Dig Up Her Bones, especialmente… acabei de completar 50 anos. Escrevi essa música quando tinha 16. Então ela é praticamente um retrato da minha juventude. Há um jovem Michael naquela música que… é difícil expressar o quanto ela significa pra mim e o quanto está entrelaçada à minha vida. É absolutamente incrível que, depois de todos esses anos, eu ainda subo no palco, chego no refrão, aponto o microfone pro público e escuto todo mundo cantando. E sei o quanto essa música também significa para os outros. É indescritível. É o mais perto do céu que já cheguei. Está tudo ali: minha juventude, amor, perdas, meus filhos, minha família… tudo está naquela música. E Scream… é louco, porque escrevi essa música não necessariamente para o George Romero, ele veio depois, mas lembro de escrevê-la sendo muito fã do Peter Murphy. E o sucesso dessa música, e o fato de ter sido conectada ao Romero, ao mundo do horror, e ganhar uma nova vida… no fundo, só queria criar um riff vocal diferente, mostrar algo novo com a minha voz. É uma música simples. Nem tem muitas palavras. Mas foi muito especial. E sua fase no Misfits também coincidiu com a era de ouro do wrestling na TV, com participações semanais na WWE. Como foi viver ao mesmo tempo o universo do punk e do pop naquela época? Mais uma vez, foi um sonho realizado. Eu fui criado nos anos 80, então era um grande fã de luta livre. E estar num espaço criativo com caras

Caike Souza lança álbum com causos de amor

Caike Souza está lançando o álbum autoral Entre Flores e Dores. Natural de Arcoverde (PE) é considerado um dos principais nomes representantes da nova geração na música. Propondo uma sonoridade leve e simples, já atinge + de 50 milhões de visualizações nas redes sociais com seus vídeos e versões intimistas. O álbum tem dez músicas e conta com as participações de Solange Almeida na música Sem Pisar no Chão, Saulo Fernandes em Balançar Com Você e Martins na canção Há de Ser Pra Sempre. Sobre o lançamento Caike comenta:  “um álbum autoral é uma virada de chave na vida do artista, uma virada conceitual. Eu gosto de escrever coisas atípicas”. O disco foi gravado em São Paulo, em maio, com produção de Jeff Pina. É um álbum muito rico, com músicas pra tudo que é gosto. “Um disco dá carta branca para você brincar mais, está muito diverso”, conta o artista. A canção com Saulo Fernandes é bem dançante, lembrando um pouco a MPB de Marina Lima e Rita Lee, com guitarras. Já a participação de Solange Almeida, uma gigante do forró, em Sem Pisar no Chão, começou com o feat de Caike no DVD de Dorgival Dantas, do qual ambos participaram. “Eu escrevi essa música pensando na Solange, a música ficou a cara dela, me apeguei ao forró”, diz Caike. A música com Martins é mais singela, uma história de amor. Martins é um dos novos nomes da cena de Pernambuco. “Um amigo do peito que a vida me deu”, comenta Souza. Já Nas coisas tão mais lindas é a música xodó de Caike, com um toque de piano com cordas, refletindo o fascínio que Caike tem em escrever canções tristes. O nome do álbum Entre Flores e Dores partiu da diversidade das canções, do sentimento que permeia o astral de cada música, entre os causos de lidar com um assunto tão delicado como o amor. Esse álbum é a consagração de um trabalho que representa muito pra Caike. Como artista, ele está realizado. “Espero que Entre flores e dores me traga muitos frutos bons, quero que muita gente ouça, que eu saia em turnê, o que já está nos planos”. O show de lançamento de Entre flores e dores está marcado para o dia 11 de outubro no Teatro Luís Mendonça, em Recife.

Supergrass bota o público para dançar em São Paulo como se não houvesse segunda-feira

Entre idas e vindas nas atividades, a banda britânica Supergrass ficou 19 anos sem vir ao Brasil. Retornou para a apresentação única, no último domingo (31), no Terra SP, em São Paulo. E o repertório não poderia ser melhor: o clássico I Should Coco na íntegra e mais uma seleta lista de hits de outros álbuns. A noite ficou ainda melhor com a abertura do Edgard Scandurra Trio, projeto do guitarrista do Ira! que traz releituras de vários sucessos de sua banda principal. Durante 30 minutos, Edgard Scandurra tocou oito sons do Ira!, com destaque para os hits Flores em Você e Núcleo Base, ambas já na reta final do show. Um curto intervalo de 35 minutos separou o término da apresentação de Edgard Scandurra Trio para o show do Supergrass. Gaz Coombes e companhia chegaram lentamente ao palco, acenaram para o público e já emendaram os três primeiros sons de I Should Coco: I’d Like to Know, Caught by the Fuzz e Mansize Rooster. Imediatamente me senti transportado para 1996, quando o grupo foi uma das atrações da última edição do festival Hollywood Rock. À época, com I Should Coco fresquinho em mãos, o Supergrass entregou um dos melhores shows do evento. Voltando para os dias atuais, diferentemente do que rolou no show da Argentina durante a semana, o Supergrass fez uma sutil e importante mudança no set: tocou o disco na íntegra, mas fora de ordem, mesclando com faixas de outros álbuns. Além de dar mais dinamismo para o show, interromper a sequência do I Should Coco garantiu uma apresentação repleta de surpresas. O superhit do álbum, Alright, por exemplo, que seria a quarta canção, virou a décima do repertório. Gaz Coombes, que segue acompanhado dos membros da formação clássica (Danny Goffey, Mick Quinn e Rob Coombes), conduziu a apresentação com muita qualidade, pouca conversa furada e garantiu um andamento primoroso para o show. Em Sofa (of My Lethargy), Gaz recebeu seu irmão mais novo, Charly Coombes, garantindo um momento ainda mais especial. O caçula mora no Brasil há anos. Responsáveis por trazer alegria, energia pura e improvisos para o britpop, o Supergrass sempre contrastou do cinismo do Blur e da arrogância do Oasis. Agora, com todos os integrantes com mais de 40 anos, a energia adolescente pode ter ido embora, mas o poder de colocar para dançar e se divertir como se não houvesse o amanhã continua com tudo, mesmo com o show rolando em um domingo à noite. Setlist I’d Like to Know Caught by the Fuzz Mansize Rooster Late in the Day Mary She’s So Loose Lose It We’re Not Supposed To Time Alright Strange Ones Sitting Up Straight Lenny Sofa (of My Lethargy) – (with Charly Coombes) Time To Go St. Petersburg Richard III Moving Grace Bis Sun Hits the Sky Pumping on Your Stereo

Fall Out Boy honra posto de headliner no Wanna Be Tour com show incendiário

Fall Out Boy

Um pouco antes da pandemia estourar, Green Day, Weezer e Fall Out Boy anunciaram a super turnê mundial Hella Mega Tour. Obviamente os shows foram adiados e a turnê postergada para 2021-2022, mas nada da América do Sul ser incluída. Agora, três anos após o término da turnê, as três bandas vêm ao Brasil em um curto intervalo, entre o último fim de semana de agosto e o primeiro de novembro. Primeiro a chegar por aqui, o Fall Out Boy foi o grande headliner do Wanna Be Tour, no Allianz Parque, em São Paulo, no último sábado (30). E entregou uma apresentação digna de nome grande no topo do cartaz: telão animado, show pirotécnico, interação ao máximo com o público e uma cacetada de hits. A pirotecnia do Fall Out Boy foi tão grande que ficou difícil distinguir quando era fogo cênico do telão, labaredas de fogo na frente do palco ou Pete Wentz disparando chamas com o seu baixo. Mas nenhum show se sustenta apenas com foguinho. O repertório do Fall Out Boy no Wanna Be Tour foi muito poderoso. Todos os clássicos entraram na apresentação: Sugar, We’re Goin Down, Dance, Dance, This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race, Thnks fr th Mmrs, Centuries, entre muitos outros. O Fall Out Boy pode não ter a dimensão de um Green Day, mas aprendeu muito bem como se entrega um show de headliner veterano. O Blog n’ Roll já tinha comprovado isso em Londres, quando assistiu a Hella Mega Tour de perto. Setlist   Love From the Other Side Sugar, We’re Goin Down Grand Theft Autumn/Where Is Your Boy A Little Less Sixteen Candles, a Little More “Touch Me” Uma Thurman Disloyal Order of Water Buffaloes I Don’t Care The Phoenix Dance, Dance Immortals This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race My Songs Know What You Did in the Dark (Light Em Up) The Last of the Real Ones What a Catch, Donnie Golden So Much (for) Stardust Thnks fr th Mmrs Headfirst Slide Into Cooperstown on a Bad Bet Centuries Saturday

Com promessa de retorno em 2026, Good Charlotte coloca público para cantar do início ao fim

Good Charlotte

Foram necessários 20 anos para o Good Charlotte retornar ao Brasil. E o local não poderia ser melhor: headliner de um dos palcos do Wanna Be Tour, no Allianz Parque, em São Paulo. Os gêmeos Joel e Benji Madden já retornaram do hiato há dez anos, mas mesmo assim não tinham incluído o Brasil nos planos. Durante o show, reconheceram isso, agradeceram os fãs por seguirem apoiando o grupo, além de confirmar um retorno para 2026. A apresentação teve um início ousado, com o super hit The Anthem. É preciso muita coragem para gastar uma das principais faixas da carreira logo de cara, mas os irmãos sabiam que tinha muito mais guardado para o restante do show. Ao longo da 1h15 que tinha direito, o Good Charlotte também apresentou dois sons do novo álbum, Motel Du Cap, lançado no início do mês. As escolhidas foram I Don’t Work Here Anymore e Stepper. Após The Young and the Hopeless, Joel disse que o Brasil é um país que merece surpresas no setlist. E mandou duas de uma vez, ambas do The Chronicles of Life and Death: uma versão acústica de We Believe e outra de The Chronicles of Life and Death. Já na reta final, o Good Charlotte soltou mais dois petardos para garantir de vez o coração do público: I Just Wanna Live e Lifestyles of the Rich & Famous. Agora é aguardar pelo retorno anunciado por Joel durante o show. Setlist  The AnthemGirls & BoysRiot GirlKeep Your Hands Off My GirlPredictableThe Story of My Old ManThe Motivation ProclamationHold OnI Don’t Work Here AnymoreWonderingLife ChangesThe Young and the HopelessWe BelieveThe Chronicles of Life and DeathStepperLittle ThingsThe RiverDance Floor AnthemI Just Wanna LiveLifestyles of the Rich & Famous

Yellowcard promove viagem no tempo com set repleto de hits

Yellowcard

Com três músicas a menos na comparação com o sideshow que fez na última sexta-feira (29), no Tokio Marine Hall, a banda Yellowcard manteve o nível alto da apresentação, com destaques principalmente para o vocalista Ryan Key e o violinista Sean Mackin. O repertório do Yellowcard foi muito bem escolhido, principalmente por contemplar cinco clássicos do Ocean Avenue, álbum que catapultou a banda para o sucesso.  A introdução do show com a música-tema do filme Top Gun preparou o terreno para uma sequência inicial de três fortes hits: Only One, Lights and Sounds e Breathing. Sem tempo para conversas furadas, Ryan e Sean foram empilhando sucesso atrás de sucesso até chegar ao ápice com Ocean Avenue, que garantiu um dos melhores coros do festival. O novo álbum, Better Days, previsto para outubro, também foi bem recebido pelos fãs, com três canções adicionadas no set. Bedroom Posters, o single mais recente, foi a que teve melhor resposta dentro do festival. Setlist   Only One Lights and Sounds Breathing honestly i Believe Way Away Bedroom Posters Keeper For You, and Your Denial Awakening With You Around Rough Landing, Holly Better Days Ocean Avenue

Patrimônio do emo nacional, Fresno emociona em horário breve no Wanna Be Tour

Fresno

Maior nome do emo brasileiro e quem melhor defende essa bandeira desde o início, a Fresno teve uma segunda oportunidade dentro do Wanna Be Tour, agora em um horário nobre (diferente da primeira edição, quando abriu o evento). Lucas Silveira é a maior referência do público da Wanna Be Tour, atua quase como um embaixador. Como já dito anteriormente, no texto sobre o show do Gloria, o vocalista é presença constante nos feats e também assiste boa parte das apresentações na entrada do backstage. No sábado, durante o show da Fresno, soube conduzir bem o jogo de luzes dos celulares, arrancou muitos aplausos e botou a plateia para cantar junto o tempo todo, fosse nas canções do álbum mais recente, Eu Nunca Fui Embora (2024), ou nos hits nostálgicos, como Quebre as Correntes, Milonga ou Desde quando você se foi. A sensação que passa vendo a Fresno no Wanna Be Tour é que eles têm lugar garantido todos os anos, se quiserem. Ninguém jamais cansaria de ver os caras no palco, ainda mais com a atual formação, com Ana Karina Sebastião no baixo e um saxofone que casou perfeitamente com a proposta atual da banda. A Fresno está em constante transformação, o que renova o interesse e facilita na conquista de novos públicos. Nada de fórmulas velhas e repetidas à exaustão. Setlist   Intro Quando o pesadelo acabar Quebre as correntes Diga, parte 2 Me and You (Foda eu e você) Infinito / Deixa o tempo / Eu sei Onde está? Eu nunca fui embora Eu sou a maré viva Casa Assombrada Se eu for eu vou com você Milonga Desde quando você se foi