Monsters of Rock | Stratovarius – “Já começamos a escrever o novo álbum”

Pela primeira vez em sua longa carreira, o Stratovarius vai se apresentar no lendário festival Monsters of Rock, que acontece no próximo dia 19 de abril no Allianz Parque, em São Paulo. A estreia na edição brasileira do evento é vista como um sonho realizado pelos músicos: “É como um sonho se tornando realidade. É lendário. É melhor que o Wacken”, afirmou o vocalista Timo Kotipelto com entusiasmo. A relação do grupo com o Brasil é de longa data. Desde 1997, a banda finlandesa acumula passagens pelo país e lembra com carinho da energia do público brasileiro.  “As pessoas cantam junto, sorriem, jogam os punhos para o alto. É uma troca de energia fantástica”, disse o tecladista Jens Johansson, acrescentando que clima, comida e bebidas também tornam a experiência ainda mais especial. Sobre o repertório para o festival, a Stratovarius ainda não definiu o setlist, mas garante que clássicos não vão faltar. “Tem muita gente que conhece as faixas mais famosas, e outros que talvez estejam nos vendo pela primeira vez. Vamos tentar agradar a todos com um pouco de tudo da discografia”, explicaram, revelando que ainda não sabem quanto tempo terão de palco. Kotipelto também revelou que o Stratovarius já começou a compor o sucessor de Survive (2022). Mesmo com o cenário musical atual favorecendo singles e EPs, a banda segue fiel ao formato tradicional. “Para nós, ainda é prioridade lançar um álbum completo. É mais coeso e mais prático até do ponto de vista financeiro”, argumentou Jens. Confira a entrevista completa com a Stratovarius abaixo. Como está a expectativa para o Monsters of Rock em São Paulo? Timo Kotipelto – É como um sonho se tornando realidade tocar neste festival. É lendário, sempre sonhei com isso. Muitas bandas sonham em tocar no Wacken um dia, mas fizemos isso várias vezes, mas nunca aqui com o Monsters of Rock. E por que você acha que o Brasil é tão especial?  Timo Kotipelto – Começamos em 1997 e estamos tocando há uns 30 anos no Brasil, então é desde o começo que há algo entre nós. As pessoas são cheias de energia quando vêm ver os shows, cantam junto. É incrível ver as pessoas jogando os punhos para o alto e cantando junto. A comida é boa, algumas bebidas também, além do clima.  Como será a apresentação do Stratovarius? Pretendem focar em algum álbum ou será um pouco de tudo da discografia? Timo Kotipelto – Acho que um pouco de tudo. É um festival, vai ter muita gente que não está tão familiarizada com nossas músicas. Mas vai ter muita gente que conhece algumas de nossas faixas clássicas. Ainda não sabemos o setlist, porque ainda estamos em turnê na Finlândia, com um setlist diferente. Nem sabemos por quanto tempo podemos tocar. Se for 30 minutos, podemos tocar cinco músicas e meia, talvez cinco. O Stratovarius já trabalha no sucessor de Survive (2022)? Ou pretende trabalhar com singles e EPs? Timo Kotipelto – Já começamos a escrever o novo álbum, mesmo sem definir o nome. Mas acho que vai levar mais algum tempo até que realmente terminemos. Mas já começamos. E quem sabe como vai ser? Nós somos meio que de mente aberta, só jogando umas coisas por aí. O conceito de álbum cheio ainda é algo prioritário para vocês? Hoje muitas bandas estão com foco apenas em singles e EPs. Timo Kotipelto – Ainda é uma prioridade fazer um álbum completo, porque é conveniente de certa forma, você divide o lançamento neste álbum completo. Acredito que todas as pessoas que lidam com você, como a gravadora, esse tipo de coisa, lida com o álbum como um conceito completo. Também diria que é mais barato gravar umas dez músicas ao mesmo tempo do que gravar apenas uma música e depois a próxima um ano depois ou meio ano depois. Então acho que continuaremos fazendo isso como um pedaço de dez músicas sendo um álbum. Qual é o segredo para manter uma voz tão potente após anos de carreira? O que você acredita ser essencial para isso? Timo Kotipelto – Por algumas razões, nos últimos anos, cantar é realmente mais fácil para mim do que dez anos atrás. Difícil dizer o motivo. Talvez tenha aprendido alguma nova técnica secreta. É como se quanto mais velho fico, melhor sei como usar minha voz. Tenho estudado alguns vocais de vez em quando. Mas foi especialmente difícil no final de 2000, quando estávamos em turnê com o Helloween. E o último show foi em algum lugar no Leste Europeu, não lembro em qual país. Peguei a campylobacter (bactéria retorcida), que destruiu minha voz completamente. Não conseguia cantar nada parecido com uma nota em um mês e meio, tudo isso no meio da turnê. E tive que me forçar a cantar. E isso basicamente destruiu minha voz por alguns anos. Mas agora, felizmente, ela voltou. Tenho algumas das minhas técnicas, mas aqueço quando necessário e tento dormir o suficiente. E não bebo para priorizar minha voz até a morte. Vamos colocar dessa forma.  Deuses do metal melódico é um termo muito usado para se referir ao Stratovarius. Como você lida com isso? É muita pressão para manter o nível ou é algo natural e resultado da dedicação da banda? Timo Kotipelto – Acho que não é muita pressão. As pessoas, naturalmente, ficam muito animadas porque amam música. Não acho que sejamos particularmente ótimos ou ruins, algo assim. Mas as pessoas dizem coisas como: ‘oh, vocês são como deuses’. Você não pode pensar que eles são sérios. Você só tem que fazer o melhor trabalho que puder, dadas as circunstâncias e seu nível de cansaço e abordagem geral da vida. Então, isso fala mais sobre o poder geral da música. Nós não somos realmente deuses, estamos longe disso, muito longe. Vou citar alguns vocalistas e gostaria que você os comentasse. Topa? Timo Kotipelto: Vamos lá! Bruce Dickinson – Incrível. James Hetfield – Posso dizer único? Porque essa não é a palavra certa. Mas acho que é

Monsters of Rock | Europe – “O público nos dá energia e nós devolvemos”

Europe

Prestes a desembarcar no Brasil para participar do Monsters of Rock, em 19 de abril, no Allianz Parque, em São Paulo, Joey Tempest, vocalista do Europe, falou com o Blog n’ Roll sobre o momento atual da banda e o que os fãs podem esperar da apresentação.  Na entrevista, o músico revelou detalhes sobre o aguardado novo álbum de estúdio, que já está em andamento e deve ser lançado em 2026. “É como um álbum de estreia, quase. Temos ótimas ideias e uma conexão com o passado, mas também algumas surpresas”, adiantou. Joey Tempest também comentou sobre o documentário que contará a trajetória do grupo sueco, com imagens raras desde os anos 1980, e participações de nomes como Benny Andersson (Abba), Tobias Forge (Ghost) e Mikael Åkerfeldt (Opeth). “Vai ser uma história incrível da banda que saiu de Estocolmo para o mundo”, afirmou. Com mais de 40 anos de estrada, o vocalista refletiu sobre a longevidade da Europe e a importância de manter a união. “Estamos no melhor lugar agora. Ainda sentimos aquela emoção toda vez que subimos ao palco, principalmente no Brasil, onde sempre fomos muito bem recebidos”. Confira a entrevista com Joey Tempest, do Europe, na íntegra abaixo. Hold Your Head Up foi uma ótima amostra de como o Europe continua com um trabalho forte e consistente. Por outro lado deixou os fãs ainda mais ansiosos por um novo álbum. Vocês já iniciaram as gravações? Tem uma previsão de lançamento? Estamos trabalhando muito duro nisso agora. Acho que estamos na metade, temos algumas ótimas faixas. Já faz um tempo desde o último álbum, mas de certa forma isso é bom porque parece que estamos quase começando de novo, como um álbum de estreia quase. É novo e temos ótimas ideias. Vamos para o estúdio no outono (entre setembro e dezembro, no hemisfério norte) e haverá novas músicas no ano que vem e todo mundo está escrevendo. Estamos enviando ideias uns aos outros, está sendo bom, temos algumas coisas boas acontecendo.  O que você pode adiantar sobre esse álbum? Qual será a principal característica do álbum? E como ele se diferencia dos outros trabalhos da banda? Gostaríamos de ter uma aventura com cada novo álbum, sonoramente e melodicamente. Mas acho que há uma conexão com o passado neste melodicamente que também estamos explorando. E seria um álbum europeu com algumas surpresas, mas também uma conexão com o passado. Há alguns riffs excelentes, algumas melodias excelentes e um ótimo refrão vindo aí. Estou escrevendo com Mic (Michaeli, tecladista), Levén (John, baixista), Norum (John, guitarrista) e em breve vamos nos juntar e tentar algumas dessas ideias. Mas temos algumas demos excelentes circulando e mal podemos esperar. Junto com o documentário, vai ser uma época bem louca nos próximos anos. Você pode falar algo sobre o documentário? Pode falar mais alguma coisa?  Estamos trabalhando nele há uns cinco ou seis anos, acho, porque tínhamos essa equipe nos seguindo pelo mundo, nos filmando ao vivo porque queríamos fazer um filme do tipo tour mundial. Mas durante a covid começamos a pensar, espere um segundo, temos alguma coisa antiga? Podemos fazer esse documentário agora? Talvez seja a hora. E encontramos essa caixa velha com fitas VHS conosco festejando em quartos de hotel no Japão. Depois, estávamos nos bastidores em Estocolmo, no começo da carreira. Acho que você pode ver o cenário do Wings of Tomorrow pela primeira vez no chão, então isso é 1984, 1983. E há muitas filmagens que ninguém nunca viu. Então juntamos tudo e montamos a história dessa banda que veio de Estocolmo para o mundo e então o grunge veio e derrubou tudo. Depois construímos tudo de novo para chegar onde estamos hoje. Temos vários convidados, como  Benny (Abba), Mikael (Opeth) e Tobias (Ghost). Já são mais de 40 anos desde o início do Europe. O que mais motiva vocês a seguirem tocando, excursionando e gravando álbuns? Imaginava que duraria décadas quando formou o grupo? Não! Quando você é mais jovem, você não vê o futuro, realmente. Você vê duas semanas, duas semanas à frente, mas agora você meio que planeja dois anos à frente porque o tempo passa de forma diferente agora que você está mais velho. Meio que passa mais rápido e você tem que se adaptar. Mas nunca imaginei estar 40 anos depois aqui.  No ano passado, na turnê de 40 anos, foi tão emocionante estar no palco com os mesmos caras, olhando ao redor do palco com pessoas que conheci quando tinha 14, 15 anos. Somos os mesmos caras há anos. E essa emoção ainda está lá quando tocamos. Não são muitas bandas que conseguem fazer isso. Tivemos nossas brigas, mas a questão é que agora não queremos balançar o barco. Temos um ótimo trabalho, não vamos brigar por coisas pequenas. Vamos tocar música, nos conectar com os fãs. The Final Countdown já foi tocada em diversos eventos esportivos, comerciais, filmes, séries, entre outras atividades. Qual foi a marcante para você? Por que? São tantas memórias com essa música. É difícil dizer o que amo sobre The Final Countdown. Ela reúne pessoas de todas as esferas da vida, onde quer que estejamos, seja um festival de metal, pop, familiar ou de death metal. O público nos dá energia e nós devolvemos, tornando isso em algo especial. Você vive e se isola do resto do mundo e está nesse espaço e é o tempo que ninguém pode tocar. Esses momentos são para sempre.  E agora, o que dizer do oposto? Alguma vez te irritou ver The Final Countdown em um lugar inapropriado?  Houve alguns covers engraçados e coisas assim, mas é tudo isso que realmente não importa. Houve um tempo em que queríamos escrever para nos afastar um pouco da música. Mas sempre ficou lá, e nos últimos anos, significa mais do que aquela música. Lembro-me de quando éramos crianças, íamos ver bandas como Scorpions e eles costumavam tocar uma balada de vez em quando no set. Eu era uma criança muito nova assistindo isso. E

The Aristocrats fará dois shows no Brasil em agosto

São Paulo e Curitiba recebem em agosto deste ano os shows de retorno ao Brasil do supergrupo The Aristocrats, power trio instrumental heavy/prog formado em 2011, composto por três músicos renomados no cenário mundial: o britânico Guthrie Govan (guitarra, ex-Asia e Steven Wilson), o norte-americano Bryan Beller (baixo,tocou com Steve Vai e Joe Satriani) e o alemão Marco Minnemann (bateria, que fez testes para assumir a vaga de Mike Portnoy no Dream Theatre, além de já ter sido tocado com Steven Wilson, Steve Vai, Eddie Jobson e Trey Gunn, ex-King Crimson). O primeiro show acontece dia 20 de agosto em Curitiba, no Porão Cultural , a partir das 19h. Em seguida vem o show de São Paulo, dia 22 de agosto, no Carioca Club, também a partir das 19h. A banda divulga o quinto álbum de estúdio, Duck , lançado em 2024, voltado para fãs e crítica especializada como um dos mais versáteis inteligentes e registros do power trio. A realização da nova viagem do The Aristocrats ao Brasil, após 9 anos, é da Sellout Tours , que em 2025 também promove no país o show da banda de reggaeroots/dub Stick Figure no dia 25 de maio em São Paulo, na Terra SP. SERVIÇO The Aristocrats em Curitiba Data: Quarta-feira, 20/08/2025 Local: Basement Cultural (Rua Benvindo Valente 260, Curitiba, PR) Portas: 19h Show: 21h Ingresso Valores: 1º lote – Pista meia ou solidária: R$ 160,001º lote – Pista inteira: R$320,00 The Aristocrats em São Paulo Data: Sexta-feira, 22/08/2025 Local: Carioca Club (Rua Cardeal Arcoverde 2899, São Paulo, SP) Portas: 19h Show: 21h Ingresso Valores: 1º lote – Pista meia ou solidária: R$ 180,001º lote – Pista inteira: R$360,00 1º lote – Camarote meia ou solidária: R$ 280,001º lote – Camarote inteira: R$ 560,00

Sensação da cena punk londrina, The Chisel fará show extra em SP

Da cena punk londrina com uma mistura energética da Oi! e batidas hardcore, o The Chisel estreia no Brasil no próximo mês de maio com seu som atemporal e emocionante. Além dos shows pelo país ao lado da lenda The Exploited, que se despede dos palcos, o quinteto também fará uma apresentação solo em São Paulo, dia 6 de maio, no La Iglesia. A realização é da Agência Sobcontrole. Os ingressos já estão à venda. O The Chisel, na ativa desde 2020, formado por músicos que tocaram em Violent Reaction, Arms Race e Chubby & The Gang, ganhou holofotes de todo o mundo com o segundo álbum, What AF*cking Nightmare, com impressionantes 16 faixas ainda mais agressivas do que o potente disco de estreia, Retaliation . ‘What AF*cking Nightmare’ lembra os ouvintes de todas as coisas que são tão impactantes e rigorosas sobre a música punk: há uma vitalidade, suor tangível, sangue e pegadas de botas que deixam uma marca muito tempo depois de serem feitas. A formação atual da banda é Cal Graham (vocal), Luke Younger e Charlie Manning Walker (guitarras), Momo (baixo) e Lee Munday (bateria). “A habilidade do The Chisel em criar uma melodia marcante destaca a banda das demais. A entrega mordaz de Graham, porém melodiosa, é fundamental para a banda oscilar entre canções punk de rua de tirar o fôlego e canções cantadas em coro triunfantes que até mesmo o fã de rock and roll mais medroso não conseguiria deixar de apreciar”, escreveu a conceituada revista digital Pure Noise sobre os ingleses que são aguardados com fervor pelos fãs brasileiros. O outro show do The Chisel em São Paulo acontece dentro do Upfront Festival, dia 11/05, no Carioca Club. As demais bandas do fest são The Exploited, Fang (Reino Unido), Escalpo, Urutu e Punho de Mahin. Ingressos já estão à venda. The Chisel (Reino Unido) no La Iglesia (SP) Data: 6 de maio de 2025 Local: La Iglesia, em São Paulo/SP Endereço: Rua João Moura, 515 – Pinheiros Bandas convidadas: Arize e Escalpo

Monsters of Rock | Queensrÿche – “No heavy metal não se ouve mais muitos grandes cantores”

Após mais de uma década longe da América do Sul, o Queensrÿche volta ao Brasil como uma das atrações principais do Monsters of Rock, que acontece no dia 19 de abril, no Allianz Parque, em São Paulo. Com mais de 40 anos de carreira, a banda promete uma apresentação marcante, recheada de sucessos e surpresas. Além do festival, o Queensrÿche também toca no dia 20 de abril, com o Judas Priest, no Vibra São Paulo. Ainda há ingressos disponíveis para os dois shows. “Não vamos à América do Sul há 13 anos, é um longo tempo, vamos montar um setlist que abrange alguns dos discos favoritos da banda”, afirma o vocalista Todd La Torre, que conversou com o Blog n’ Roll. “Talvez até uma ou duas faixas do nosso último álbum entrem no repertório”. O grupo, que ajudou a moldar o metal progressivo com álbuns como Operation: Mindcrime (1988) e Empire (1990), segue firme na estrada e vê sua longevidade como um diferencial em meio às mudanças da indústria.  “Fazemos perto de 100 shows por ano. Estamos sempre na estrada, sempre tocando. Não tentamos seguir tendências. Escrevemos como escrevíamos na época, e isso ainda ressoa com os fãs, de adolescentes a pessoas na faixa dos 70 anos”. Apesar do status de lenda, o Queensrÿche não vive só de nostalgia. Seu álbum mais recente, Digital Noise Alliance (2022), consolidou uma nova fase criativa.  “Continuamos lançando material novo, não apenas tocando os hits. Isso tem contribuído para esse ressurgimento, junto com turnês incríveis ao lado de Scorpions e Judas Priest. Estar presente, ser visto, ajuda os fãs antigos a voltarem e os novos a descobrirem”. Confira abaixo a entrevista completa com Todd La Torre. O Queensrÿche retorna ao Monsters of Rock após mais de uma década. O que os fãs podem esperar dessa nova apresentação?   Não vamos à América do Sul há 13 anos, é um longo tempo, vamos montar um setlist que abrange alguns dos discos favoritos da banda. Os grandes sucessos estarão presentes, mas possivelmente vamos adicionar uma ou duas músicas do último álbum. Será um set muito diverso.  Com uma carreira de mais de 40 anos, vocês já passaram por diferentes fases musicais e mudanças na indústria. Como a banda se mantém relevante e criativa depois de tanto tempo? Não sei se nós realmente pensamos em permanecer relevantes. Quer dizer, estamos sempre trabalhando, fazemos provavelmente perto de 100 shows por ano, estamos sempre na estrada, sempre em turnê, sempre tocando. Isso mostra alguma relevância no fato de que não desaparecemos, mas ainda escrevemos novos discos, gravamos, fazemos videoclipes. Mas escrevemos apenas o tipo de música que escrevemos naquela época. Não tentamos nos manter atualizados com qualquer tendência que esteja acontecendo. Mesmo assim, temos jovens adolescentes indo aos shows e às vezes crianças pequenas também, é uma coisa multigeracional. Mas diria que, obviamente, a maioria do público são pessoas mais velhas, na faixa dos 40, 50, 60, talvez até 70 anos. Se você gosta desse estilo, realmente não se importa com o que está acontecendo hoje. Se o Iron Maiden lança um álbum que soa como se fosse 1988, as pessoas ficam felizes. Acho que essa é uma palavra muito interessante para usar com uma banda de legado como essa. Essa é provavelmente a melhor maneira de responder a essa pergunta. O álbum Operation: Mindcrime é um dos mais icônicos do metal. Como vocês enxergam o impacto desse trabalho nos dias de hoje?   Ainda tocamos músicas daquele disco e as pessoas simplesmente adoram, elas sabem todas as palavras. Elas estão realmente conectadas àquele disco. Ele definitivamente resistiu ao teste do tempo. A banda foi capaz de capturar algo realmente especial e mágico com aquele disco. Realmente é uma sorte que isso possa acontecer com qualquer banda. Mas, você sabe, nós ainda tocamos músicas daquele disco. E as pessoas enlouquecem quando isso acontece. Empire trouxe grande reconhecimento comercial para a banda, incluindo uma indicação ao Grammy. Olhando para trás, como esse sucesso afetou a trajetória do Queensrÿche? Fariam algo diferente hoje? Expôs a banda com um enorme apelo comercial. Então foi um desvio definitivo dos discos anteriores. Tivemos grandes sucessos como Silent Lucidity, Empire, Jet City Woman, Anybody Listening? e Another Rainy Night. Essas músicas são realmente enormes. Gostava muito de carros e aparelhos de som automotivos. Quando colocava um sistema totalmente novo no meu carro, botava Anybody Listening? ou Della Brown porque tinha a gama completa de todas as frequências. Você podia sentir os subs com essa extremidade baixa. Tinha médios, agudos, todas essas dinâmicas. No que diz respeito à trajetória, tornou-se um disco de vendas multiplatina. E foi quando a banda começou a tocar, lotando arenas e esse tipo de coisa, algo enorme na carreira da banda que a levou para o próximo nível. O que pode contar sobre os novos trabalhos e o que tem inspirado essa nova fase? Já tem um sucessor do Digital Noise Alliance sendo gravado? Temos muitas bandas mais antigas que não estão mais ativas. Talvez as pessoas tenham falecido ou se aposentado. Elas fizeram uma turnê de despedida e acabaram. Mas nós somos uma dessas bandas que estão por aí há muito tempo, ainda estamos aqui. Conforme algumas dessas outras bandas caem, o Queensrÿche meio que sobe a escada do ‘ei, somos uma dessas poucas bandas que ainda restam dessa era que você nunca pode duplicar’.  Terminamos a turnê Origins, que foi centrada nos dois primeiros álbuns da banda. Ouvir essas músicas clássicas que não são tocadas desde 1984 ajudou um pouco nesse ressurgimento. E na vontade de continuar a lançar material inédito. O metal passou por muitas transformações ao longo das décadas. O que você acha do cenário atual?   Não sou muito fã dos lançamentos de novas bandas de metal. Até um certo ponto da história, cada banda tinha um estilo e som muito únicos. Eles poderiam ser parecidos, mas tinham um som identificável. Se você ouviu Ronnie James Dio, sabia que era ele. Se você ouviu Bruce Dickinson, idem. Lemmy,

Monsters of Rock | Opeth – “A banda nunca se repetiu, sempre seguiu em uma nova direção”

Prestes a retornar ao Brasil para se apresentar no Monsters of Rock, no dia 19 de abril, no Allianz Parque, em São Paulo, a banda sueca Opeth segue reafirmando seu posto de referência no metal progressivo. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, o baterista Waltteri Väyrynen refletiu sobre a trajetória do grupo, a recepção do álbum mais recente The Last Will & Testament, e antecipou o que os fãs brasileiros podem esperar do show no festival. Além da apresentação no Monsters of Rock, a banda também tocará no dia 21, no Espaço Unimed, em São Paulo, com o Savatage, ambos com shows completos. Ainda há ingressos disponíveis para os dois shows. “Será uma mistura entre músicas novas e clássicos antigos”, promete o músico. “Faremos o nosso melhor para agradar a todos os nossos fãs brasileiros”, completa o baterista. Com pouco mais de dois anos como baterista do Opeth, Waltteri enxerga de perto a longevidade e reinvenção da banda, que completa mais de três décadas de carreira.  “É algo que realmente separa essa banda de muitas outras. Cada álbum tem sido diferente e a banda nunca se repetiu. Estou muito orgulhoso de fazer parte disso”, afirma.  O novo disco, considerado um dos mais sombrios e imprevisíveis da discografia, traz composições densas de Mikael Åkerfeldt e exigiu uma abordagem técnica intensa. “Definitivamente não é um álbum fácil de ouvir, mas, uma vez que você entra nele, é uma viagem muito gratificante”. Confira a entrevista completa abaixo. O Opeth tem uma trajetória de mais de 30 anos, sempre evoluindo e surpreendendo os fãs. Como vocês enxergam essa jornada e a forma como a banda se reinventou ao longo dos anos?  É muito inspirador ver isso de fora. E, claro, agora estando na banda, acho que é algo que realmente separa essa banda de muitas outras de metal no mundo. Como você disse, estão sempre se reinventando, com novas ideias e conceitos. Acredito que cada álbum, desde o primeiro, tenha sido diferente um do outro. A banda nunca se repetiu, sempre seguiu em uma nova direção. Estou muito orgulhoso de fazer parte da banda. The Last Will & Testament foi descrito como o álbum mais sombrio e pesado da banda, além de conter algumas das músicas mais imprevisíveis que vocês já compuseram. O que inspirou essa abordagem? Obviamente foi Mikael (Åkerfeldt) quem compôs as músicas, então não posso realmente dizer muito em nome dele. Mas o que ouvi dele é que ele queria ter um tipo diferente de abordagem para as músicas desta vez, ao contrário de algumas canções mais antigas, onde a maioria dos riffs meio que perduram por um longo tempo antes de passar para a próxima. Mas neste álbum é muito mais claustrofóbico de certa forma. Foi tudo muito louco, ir de seções diferentes para outra o tempo todo. E depois de ouvir as músicas pela primeira vez, você só está pensando: ‘o que diabos aconteceu?’ E aí você tem que realmente se aprofundar mais e mais. Definitivamente não é um álbum fácil de ouvir. Mas uma vez que você entra nele, uma vez que você entende o que está acontecendo, vira uma viagem muito gratificante. Como foi trabalhar com Joey Tempest, do Europe, nesse disco? O que ele trouxe de especial para a sonoridade do álbum? Nenhum de nós realmente trabalhou com ele pessoalmente no álbum, porque ele estava gravando esses vocais em seu estúdio caseiro. Mas tê-lo no álbum é muito legal. E também é muito inesperado ter esse tipo de colaboração.  Você já o encontrou pessoalmente?  Sim, algumas vezes. Ele é um cara super legal. Eu amo o Europe. Joey veio ao nosso show em Londres quando tocamos algumas semanas atrás. Um cara sempre feliz.  O Monsters of Rock tem uma história icônica no Brasil, e vocês vão dividir o palco com grandes nomes do metal. O que os fãs podem esperar do setlist e da performance de vocês no festival?  Acho que será uma mistura entre algumas das músicas do último álbum combinadas com algumas boas e velhas canções. É difícil encaixar tantas músicas em um set de uma hora, mas faremos o nosso melhor para agradar todos os nossos fãs brasileiros. O Brasil sempre recebeu o Opeth com muita paixão. Há alguma lembrança especial das passagens anteriores pelo país? Sim, já fui ao Brasil muitas vezes, também com minha banda anterior, o Paradise Lost. Sempre amei o país. Especialmente na primeira vez, em 2015, quando tocamos em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Depois do último show, tirei um período de férias no Rio, foi como um sonho que se tornou realidade. O que você mais gostou? Sol e as praias, mas também a comida e as pessoas amigáveis. Acho que a vibe é sempre muito positiva, eu amo isso. Quantos dias você ficou no Rio?  Acho que eu e minha namorada ficamos uma semana ou mais. Fizemos muitas coisas, incluindo as coisas turísticas, como o Cristo Redentor. Mas também fizemos um tour pela favela. Obviamente passei alguns dias nas praias de Copacabana e Ipanema. Tenho memórias muito boas dessa viagem. O metal progressivo tem muitas camadas e exige um nível técnico altíssimo. Como vocês equilibram a complexidade musical com a energia necessária para um show ao vivo? Boa pergunta! Nem sempre é tão fácil, especialmente com nossas músicas, é como se você precisasse realmente se concentrar na maioria das partes. Mas sempre que há uma batida um pouco mais direta ou algo assim, onde você pode relaxar um pouco, tento ir mais fundo e talvez balançar a cabeça um pouco e apenas mostrar a energia. Não é tão fácil fazer isso com o set que estamos tocando. Há tantas coisas que podem dar errado que você realmente precisa estar no topo das coisas o tempo todo e se concentrar muito. Desde os primeiros álbuns até os mais recentes, o Opeth experimentou bastante com estilos e influências. Existe algum território sonoro que ainda gostaria de explorar no futuro? Sempre há algo para

Entrevista | Di Ferrero – “Esse é só o início dessa nova fase mesmo”

Di Ferrero

Sete é mais do que apenas um número. Para o cantor e compositor Di Ferrero, o 7 representa ciclos, transições e renascimentos e, agora, é o fio condutor de seu novo EP, 7, que chegou ao streaming nesta segunda-feira (7), às sete da noite, acompanhado de um lindo trabalho audiovisual.  “O fim do dia e o começo da noite, essa hora azul, me inspira muito. É como uma mudança de fase. E esse EP é justamente isso: um novo começo pra mim”, contou o vocalista do NX Zero ao Blog n’ Roll, que optou por lançar três faixas conectadas por um conceito mais subjetivo, reflexivo e visual. Com uma estética musical mais orgânica e crua, o EP 7 surgiu de forma espontânea, quase despretensiosa, de acordo com Di Ferrero. “Dessa vez, não fui buscar sons, eles simplesmente vieram. O EP é mais tocado, mais cru, mais transparente, como eu tô me sentindo agora”, revela.  A produção ficou por conta de Felipe Vassão, com co-produção e composição de Bruno Genz (ex-Cine), um dos grandes parceiros do artista nessa nova fase. Projeto novo de Di Ferrero terá sequência Acompanhando as músicas, o cantor lançou três visualizers especiais, gravados em plano-sequência, que juntam as três canções em uma só – compondo uma trilogia. Bruno Bock (Som da Desilusão) e César Ovalle (Além do Fim e Universo Paralelo) assinam a direção. “A trilogia é uma sequência do EP, como se ele nunca parasse. Tudo começa em um sonho lúdico, o Som da Desilusão, trazendo um pouco do conceito da capa. Depois, encaminhamos para a virada, chegando nas sete horas, no horário e na cor do EP. Na sequência, em Além do Fim, retratamos um lugar onde apareço isolado, em outro mundo. Por fim, entramos no Universo Paralelo, onde temos vários Di’s com personalidade diferentes, cada um com seus próprios questionamentos”, explica Di Ferrero, revelando também a participação de nomes como Maurício Meirelles, Patrick Maia, Luccas Carlos, Day, Hodari, entre outros. Apesar de 7 ser um EP, ele não é um trabalho isolado. “Esse é só o primeiro episódio dessa nova série minha que vai começar. Já tem mais músicas prontas, e esse ano ainda vem mais lançamento. Eu tô me identificando com esse som, tô feliz e quero mostrar isso pras pessoas”. Confira a entrevista completa abaixo. O número 7 carrega muitos significados simbólicos. Em que momento da sua vida você percebeu que ele seria o fio condutor desse EP? Realmente é um novo momento pra mim. O 7 traz isso, aquela coisa que você vem pra esse mundo, até os seus sete anos, você não entende direito o que está pegando. Dos sete aos 14, você já vai tendo suas experiências que marcam sua vida na adolescência. Até os 21, seu corpo para de crescer. Depois, até os 28, tem toda aquela mudança. Mas o principal que me deu o lance de colocar o nome de 7 foi a hora do dia. Porque o fim do dia e o começo da noite, essa hora (7) me traz uma reflexão muito louca. Amo esse momento do dia, me dá inspiração. É um momento que você para, é uma mudança. O claro para o escuro. Aquele momento dessa mudança, o azul, que não é nem o amarelo do sol, nem o escuro da noite, é aquele azul. Aquela fase, aquela hora azul. Aquilo ali foi a ideia que vai ser o fio condutor do EP. E o sete é mais ou menos umas sete horas, junto com toda a simbologia desse número. E é um começo de ciclo para mim. É só o primeiro episódio dessa série nova minha que vai começar.  Você falou de uma nova série. Até queria então emendar uma pergunta a respeito. Ele é um EP que vai ser seguido de outros EPs? Ou é algo que vai preparar para um álbum cheio?  Ele tem sim uma continuação, posso dizer assim. Ele é o começo de um momento da minha vida. Estou há um tempo sem lançar músicas inéditas. Um ano, solo, lancei algumas coisas, mas mais pontuais. A gravação que fiz do Paralamas, que foi muito bem, por exemplo.  E aí, agora sim, com essa nova fase, já tenho bastante músicas. Estou  amarrando isso tudo muito com cuidado para passar da melhor forma possível para as pessoas. Venho me identificando muito com esses sons do EP. Mas posso dizer que esse ano ainda vai ter mais lançamento, mais coisas que têm a ver com essa nova fase. Esse é só o início dessa nova fase mesmo. A sonoridade de 7 é descrita como mais orgânica e musical. O que mudou no seu processo de criação em relação aos seus trabalhos anteriores? Foi muito louco porque fico buscando sons, mas nesse caso foi sem buscar mesmo, foi despretensioso. Tanto é que ele está bem orgânico mesmo. São canções que depois coloco sintetizadores e várias coisas legais junto com o Vassão, o produtor do EP. Ele é um cara que admiro, um produtor incrível.  Como ele também é muito sensível, vai tirando várias coisas de mim. Esse trabalho é mais tocado, mais orgânico, mais cru. E é como estou agora, mais transparente. É um pouco uns passos pra trás, no bom sentido, de tocar junto e tal.  Quem te acompanhou nesse processo? Tem alguém que foi a voz da consciência ou o braço direito?  Tenho sorte de ter muitos amigos, pessoas que confio. É louco que na vida a gente vai peneirando nossas amizades, ideias, as pessoas que vão se aproximando. O cara que compôs comigo o EP foi o Bruno Gens, que toca baixo comigo, ele era do Cine. Ele é um produtor sensível, o cara produz muito também. Ele é co-produtor junto com o Vassão. Por serem pessoas próximas, conversamos muito sobre a vida. E falar sobre vida pra mim é a mesma coisa que falar sobre música, é a verdade que vivo. E aí a gente foi achando esse caminho.  Por exemplo, a música O Som da Desilusão

Entrevista | Mark Morton – “Este álbum reflete o tipo de música que ouço por diversão e por amor”

Conhecido por seu trabalho visceral como guitarrista do Lamb of God, Mark Morton está prestes a mostrar uma nova faceta artística em Without the Pain, seu segundo álbum solo, que chega ao streaming na sexta-feira (11). Muito distante do metal que o consagrou, o novo projeto mergulha fundo no southern rock, com influências marcantes de blues, country e clássicos como Lynyrd Skynyrd e Allman Brothers.  Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Mark Morton contou que esse novo caminho é, na verdade, um retorno às suas origens. “Cresci com esse tipo de música. Está em toda parte onde nasci. Sempre foi a base do meu amor pela música”, diz. Se no Lamb of God Mark Morton canaliza peso e agressividade, em Without the Pain, ele se permite explorar emoções mais introspectivas. A faixa Brother, por exemplo, traz uma reflexão delicada sobre rupturas familiares e o sentimento de arrependimento.  “É tão comum ver pessoas desconectadas de suas famílias, e isso pesa muito. A música fala sobre isso, sobre essa dor que tantos carregam”, comenta Mark Morton. Diferente de seu primeiro álbum solo, lançado em 2019, esse novo trabalho foi construído com um espírito mais colaborativo. “No primeiro disco eu tinha uma visão mais rígida, já agora entrei nas composições com a cabeça aberta, e isso tornou tudo mais divertido”, revela.  Confira a entrevista completa com Mark Morton abaixo. Without the Pain representa uma mudança significativa no seu som, mergulhando no southern rock. O que te motivou a explorar esse caminho agora? O que realmente me motivou foi um amor de longa data por esse tipo de música. Cresci com esse tipo de música ao meu redor, é realmente parte da minha vida. Se você cresce onde cresci, quando cresci, você ouviu isso em todos os lugares. Então, é realmente a base do meu amor pela música. Sempre esteve lá.  Todo mundo me conhece pelo Lamb of God, e isso é ótimo. Eu também amo heavy metal. Mas este novo álbum, Without the Pain, realmente reflete o tipo de música que ouço por diversão e por amor pela música.  Parece o tipo de violão que acontece quando estou em casa, tocando violão no meu tempo livre. Não digo isso para tirar nada do Lamb of God porque amo heavy metal e amo o Lamb of God. Sou muito grato pelo que podemos fazer. Mas também tenho outros interesses, e este álbum reflete isso com certeza.  A faixa Brother é extremamente pessoal e aborda temas como arrependimento e reconciliação familiar. Como foi o processo emocional de escrever essa música? Acho que acabei de observar ao meu redor tantos casos de pessoas que estão desconectadas de certos membros da família ou desconectadas talvez até mesmo de toda a família. E é tão comum e um fardo tão pesado que as pessoas carregam. Acho que todos nós ouvimos e muitos de nós vivenciamos tantos exemplos disso acontecendo. E realmente não entendo porque é tão comum e universal. Mas é sobre isso que realmente estávamos escrevendo, esse fenômeno de famílias se desconectando e nem sempre necessariamente entendendo o porquê.  Entre todas as faixas do álbum, existe alguma que você considera a mais representativa da sua jornada pessoal recente?  Não, acho que não. Não sei qual é a minha jornada pessoal mais recente, apenas acordo todos os dias e consigo viver mais um dia, fazendo coisas emocionantes. Sou um cara muito sortudo.  Acho que realmente mais do que apenas uma música, o álbum em si traz sentimentos, soa muito como um lar para mim. O álbum pareceu muito com voltar para casa. Você incluiu um cover de The Needle and the Spoon, do Lynyrd Skynyrd. Qual é a importância dessa faixa na sua formação musical? É uma das minhas músicas favoritas do Lynyrd Skynyrd. O Lynyrd Skynyrd é a grande referência de southern rock. Essa faixa é uma das minhas favoritas porque é muito guiada pela guitarra. Esse riff é tão bom, a letra é sombria e meio que um aviso. É tudo que amo no southern rock. O quanto das suas raízes musicais sulistas estão presentes em Without the Pain? Você cresceu ouvindo muito blues e country? Lynyrd Skynyrd, Molly Hatchet, Allman Brothers e ZZ Top estavam por toda parte e ainda são muito parte do que soa se você entrar na minha casa. É o que escuto normalmente. Esse é seu segundo trabalho solo. Em que aspectos ele difere do primeiro, tanto musical quanto emocionalmente? O primeiro álbum foi amplamente influenciado pelo heavy metal e diferente do Lamb porque era um pouco mais melódico, mais diverso estilisticamente. E, claro, os diferentes cantores trabalhando nele fizeram as coisas meio que saírem de ângulos diferentes. Musicalmente, isso é diferente porque o meu novo álbum é southern rock com influência de blues. Em termos de processo e meu relacionamento com o disco, acho que é amplamente mais colaborativo. No primeiro disco, tinha uma visão muito mais rígida para cada música porque sentia a responsabilidade de ter a música bem definida. E neste álbum, entrei nas sessões de composição com um conceito muito mais solto para a música e muito mais aberto a outras contribuições. Isso tornou tudo muito divertido. Como você equilibra a criação solo com o trabalho no Lamb of God? Esses dois mundos se influenciam de alguma forma? Não sei se elas influenciam uma à outra. É tudo música para mim. Então, nesse sentido, se ouço algo, é mais sobre decidir se é para Lamb of God ou não. Em termos de equilíbrio, o Lamb of God é sempre a prioridade. É um monstro tão grande, com uma base de fãs tão grande… Ficamos tão ocupados com isso que é real e menos sobre equilíbrio e mais sobre mim, trabalhando entre meus compromissos e responsabilidades com o Lamb of God. Depois do lançamento de Without the Pain, você pretende levar essas músicas para a estrada? Há planos de turnê solo, quem sabe até pelo Brasil? Uau, não seria ótimo? Ótimo! Não temos nenhuma turnê marcada.

Entrevista | Abraskadabra – “Pack Your Bags é a gente meio que saindo de uma fórmula”

Com quase duas décadas de estrada e reconhecimento internacional no circuito do ska punk, o Abraskadabra está pronto para virar mais uma página de sua trajetória com o álbum Pack Your Bags, que chegou ao streaming na última sexta-feira (4). Gravado em Gainesville (EUA) com produção de Roger Lima, baixista do Less Than Jake, o disco marca uma guinada sonora e emocional para a banda curitibana, que se prepara para uma nova turnê internacional, incluindo uma aguardada participação no Manchester Punk Festival. O título do disco funciona como metáfora e convite: é hora de arrumar as malas e encarar novos caminhos. Após os lançamentos de Welcome (2018) e Make Yourself at Home (2021), que consolidaram o nome do grupo fora do Brasil, o novo trabalho reflete uma saída da zona de conforto, da casa, de antigas fórmulas. “É um ponto de transição”, resume o saxofonista e vocalista, Thiago “Trosso”, que conversou com o Blog n’ Roll. “As letras e a sonoridade refletem esse movimento.” Musicalmente, Pack Your Bags mergulha numa sonoridade mais crua, menos polida, com fortes influências de punk rock melódico e hardcore. Referências como Hot Water Music, Raised Fist e Flatliners se misturam ao DNA ska do grupo, criando um disco intenso e multifacetado. A mão de Roger Lima também foi essencial para o resultado final, ao incentivar um processo mais direto e orgânico, cortando excessos e apostando na força das composições. Confira a entrevista completa abaixo e ouça Pack Your Bags. O título do álbum, Pack Your Bags, sugere uma viagem – tanto literal quanto emocional. Como vocês chegaram a esse nome e o que ele representa para a banda neste momento? O primeiro álbum não tinha uma ideia muito grande por trás do nome, mas é que basicamente a gente gravou e compôs o álbum inteiro na casa do Maka, o nosso baterista, e no jardim da casa dele tinha uma plaquinha escrita “Jardim da Vó Nancy”. Então esse foi o primeiro álbum (Grandma Nancy’s Old School Garden, de 2012).  Daí no segundo, como a gente estava começando a fazer as coisas com a galera lá de fora, já tinha uma tour nos Estados Unidos, surgiu o Welcome (2018), que também é uma referência à casa, né? Para o pessoal se sentir à vontade. Como a gente tava mostrando o som pra uma galera nova, chamando a galera pra escutar o som da gente na gringa, essa foi a ideia. Depois veio o Make Yourself at Home (2021), então é uma escadinha. Você está lá, tem o jardim da vó Nancy, daí tem o Welcome, no qual faz o pessoal se sentir à vontade. Depois o Make Yourself at Home já está dentro de casa.  Pack Your Bags é a gente meio que saindo de casa ou prestes a sair de casa, digamos assim. Muita coisa das letras e da sonoridade do álbum faz menção a gente estar saindo de casa. Tem muita coisa que a gente resgatou do começo do Abraskadabra, acho que tem algumas músicas que são bem cruas, que tem uma energia bem crua, uma guitarra, não tem muita produção. Foi um negócio bem para retratar essa coisa mais crua que a gente teve desde o começo, e começou a brincar com coisas que a gente não brincava antes. E tem a ver com a sonoridade também… Esse álbum tem muita referência de um punk rock mais dosado, mas com andamento mais leve. Sempre escutei, mas agora tentei colocar isso na música, uma parada mais Flatliners, Hot Water Music, Against Me. Tem umas duas, três músicas que são bem puxadas para trás, que deu uma balanceada no tempo das canções, mas tem algumas coisas do hardcore também, que trouxemos com It Was A Good Night. Tem bastante coisa de um hardcore mais berrado, tem uma banda que escuto muito que chama Raised Fist, que acho que coloquei nessa música.  O Du (guitarrista) colocou bastante coisa de um hardcore mais Nova York nos breakdowns dele, com um andamento mais halftime, com a batera bem pegadora e uns riffs de metal junto.  Então esse Pack Your Bags é a gente meio que saindo de uma fórmula que talvez não tinha esse guia, e agora estamos meio que pouco se fudendo para o que acontece nessa fórmula. A gente falou: ‘vamos tentar umas coisas novas aí, e daí vamos ver’. Provavelmente o próximo álbum vai ter uma continuidade, então vai sair mais ainda da casinha e ir para outro lado.  O álbum foi gravado em Gainesville com o Roger Lima, do Less Than Jake. Como surgiu essa conexão com ele e como foi a experiência de trabalhar juntos no Moathouse Studio? A gente teve a ideia de gravar com ele no penúltimo álbum, o Make Yourself At Home. Chegamos a falar com o Roger antes de bater a pandemia. Nos conhecemos lá em Curitiba, em 2005, na primeira vez que a gente tocou com o Less Than Jake. Depois disso acho que a gente tocou com ele mais umas duas vezes lá em Curitiba. Ele sabia da banda, conhecia, a gente deu uma camiseta pra ele uma vez ou outra, e fomos nos encontrando nos Estados Unidos.  Mantivemos um contato bem distante, mas a gente ficou no radar, sabíamos um do outro. Quando a gente foi gravar o Make Yourself At Home, quando estava no processo de composição dele, entrei em contato com o Roger e falei: ‘ei, a gente está gravando um álbum, se tiver afim de me trampar junto’. Daí trocamos essa ideia, só que bateu a pandemia e parou tudo. Chegamos a discutir de fazer uma consultoria virtual, mandar as músicas para ele dar uns pitacos, mas acabou não rolando nada.  Agora, quando estávamos discutindo o que fazer com o Pack Your Bags, entrei em contato com ele de novo e falei: ‘chegou a hora do próximo, vamos fazer’. Daí ele falou que era só chegar, passou basicamente o esquema, e fomos para a casa dele, em Gainesville, nos Estados Unidos, onde