Entrevista | The Lemonheads – “Parei com a heroína, e minha cabeça se abriu”

Quase duas décadas após o último trabalho de estúdio, Evan Dando ressurge com o The Lemonheads em Love Chant, um álbum que marca não apenas o retorno de uma das vozes mais singulares do indie rock dos anos 1990, mas também uma nova fase pessoal e criativa do músico.  Gravado majoritariamente no Brasil, o disco reflete a imersão de Dando na cena local e a parceria com o produtor Apollo Nove, nome conhecido por seu trabalho com artistas como Nação Zumbi e Otto. Morando em São Paulo e casado com uma brasileira, Dando parece ter encontrado um novo ponto de equilíbrio entre a leveza e a introspecção que sempre caracterizaram suas composições no Lemonheads.  Em Love Chant, há espaço tanto para o lirismo nostálgico quanto para uma energia renovada, resultando em um som que flutua entre o passado e o presente, sem perder a essência do The Lemonheads. O álbum ainda reúne velhos companheiros de estrada, como J Mascis, Juliana Hatfield e Tom Morgan, em participações que reforçam o vínculo afetivo e musical que Dando construiu ao longo das décadas. Entre histórias curiosas de estúdio e reflexões sobre sobriedade e recomeços, o cantor mostra que está mais conectado do que nunca com sua arte. Além do novo disco, Dando prepara também o lançamento de sua autobiografia, Rumours of My Demise, que será acompanhada por um audiolivro gravado em São Paulo. E os fãs brasileiros do Lemonheads podem comemorar: o músico garante que há planos de levar o Love Chant aos palcos do país em breve. Confira abaixo a entrevista que Dando concedeu ao Blog n’ Roll, via Zoom, após a conclusão das gravações de Love Chant. O álbum foi gravado majoritariamente no Brasil. Como essa mudança de cenário influenciou o processo criativo e sonoro do disco? Diria que o estúdio é incrível. Ele foi construído pelo Roy Cicala, que trabalhou como engenheiro de som nos discos do John Lennon. Roy esteve envolvido em tudo. Temos muito equipamento aqui, o compressor de voz usado em Imagine, do Lennon, está lá embaixo. Temos umas paradas malucas. Ele faleceu em 2014, e agora o Apollo cuida do estúdio. Estamos reativando tudo. Conheci o Apollo do outro lado da rua, meio sem querer. Ele disse: “você tem que conhecer esse cara”. A gente estava no lançamento do filme do tio da minha esposa, que foi empresário da Elis Regina e do Tom Jobim. A faixa In the Margin tem uma composição conjunta com Marciana Jones e riffs por toda parte. Pode falar mais sobre essa parceria e o conceito da música? In the Margin é sobre o que quer que aconteça. É bem adolescente, tipo Edgar Allan Poe, muito romântica. Algo como: “vou sair dessa merda, vou lembrar de você um pouco, mas agora sou eu por mim mesmo”. É uma música jovem, rebelde, algo do tipo “não dou a mínima”. Prefiro morrer a deixar seus pensamentos me limitarem. É uma declaração. Você contou com vários colaboradores de longa data, como J Mascis, Juliana Hatfield e Tom Morgan. Como foi reunir esse “time” depois de tanto tempo? É tudo gente que conheço há muito tempo, então por que não? Se você conhece e está fazendo um disco… Sempre vejo o J e a Juliana. Ela fez turnê com a gente no ano passado. Falo com o J o tempo todo, fui eu quem apresentei a esposa dele para ele. Somos grandes amigos. J não faz alarde. Ele diz: “beleza, faço uma música”. E nem cobrou. Da última vez, eu disse: “J, faz um solo por US$ 4 mil?” E ele mandou quatro solos. Provavelmente estava com dois amigos e falou: “assiste isso, vou ganhar mil dólares tocando uns solos aqui”. (risos) A produção é assinada por Apollo Nove, um nome conhecido da música brasileira. Como foi trabalhar com ele e o que ele trouxe de especial para o disco? Começamos a fazer demos há um ano. Eu tocava bateria, fazia tudo. E já lançamos um single logo de cara, Fear of Living. A gente pensou: “é isso, é aqui que quero estar. Essa é minha vida”. Ele é ótimo. Cobra de você, mas do jeito certo: “Evan, dá pra fazer melhor”. Sempre precisei de alguém assim. Agora nós nos conhecemos bem. Ele me lembra um grupo de amigos que tenho, fãs do Velvet Underground, gente que realmente conhece música. Ele ama Brian Jones, dos Rolling Stones. Brian tocava as partes que ninguém ouvia. É isso. Está lá, mas escondido. O disco soa ao mesmo tempo nostálgico e atual. Como você equilibrou os elementos clássicos dos Lemonheads com novas influências e experiências de vida? Foi como um experimento científico. Mas, na real, só fui lá e fiz com o coração. Parei com a heroína, e minha cabeça se abriu. Agora meu coração e minha mente conversam. Só faço do jeito que consigo, aprendi a relaxar, e fazer música é sobre relaxar. Muitos artistas da nova geração, como Courtney Barnett e Waxahatchee, citam o The Lemonheads como influência. Como você vê essa repercussão entre novos músicos? A gente sempre quis ser esse tipo de banda, como The Replacements ou Ramones. Acho que consigo fazer isso, parece divertido. Somos esse tipo de banda. O lançamento do álbum será seguido por sua autobiografia, Rumours of My Demise. Existe um diálogo entre o disco e o livro? A conexão é que ambos têm a ver comigo. Lançamos os dois juntos como parte da campanha: “olha lá, o cara tem dois lançamentos”. Não é uma ligação temática, mas de momento. A gente correu pra lançar um junto com o outro. É uma campanha para voltar a ser bem-sucedido. Se já aconteceu uma vez, pode acontecer de novo. Aliás, estou aqui no estúdio porque vou gravar o audiolivro. Começa assim: “Deixei minha carteira nos arbustos da Walgreens”. Você pretende fazer shows de divulgação do Love Chant, inclusive no Brasil? O que os fãs podem esperar dessa nova fase ao vivo? Mais do mesmo, só que melhor. Agora tenho uma mulher

Guns n’ Roses entrega melhor show em uma década com surpresas e emoção

Atrasado? Gordo? Nervosinho? Cantando mal? Os críticos de plantão tiveram que aguentar Axl Rose em plena forma, pontual, feliz e entregando o melhor show do Guns n’ Roses em São Paulo desde 2016. A apresentação no Allianz Parque, no sábado (25), foi a melhor resposta possível para quem adora malhar um dos maiores vocalistas da história do rock. “Porque o que você quer e o que você obtém são duas coisas completamente diferentes” (Because What You Want & What You Get Are Two Completely Different Things). O nome da atual turnê do Guns não poderia ser melhor, são várias interpretações que podem ser feitas. Seja pela “torcida” dos críticos por falhas do Axl ou pela alteração constante nos sets. Em tempos de repertórios decoradinhos do primeiro ao último show, o Guns quebra essa roda e surpreende com ótimos achados. Mas vamos voltar ao Axl Rose. É impressionante o trabalho de recuperação do artista desde o retorno de Slash e Duff, em 2016. Foram muitos percalços e dramas até chegar no nível atual. Da falta de ritmo à insegurança, que teve seu auge em Londres, em 2022, quando chegou a dormir no estádio do Tottenham após uma crise de ansiedade depois de uma das apresentações. Axl está com 63 anos e por muitos anos gastou sua voz com um alcance vocal poderoso. Óbvio que a conta chega, chega para todos. Steven Tyler (Aerosmith) precisou parar, Bon Jovi pausou a carreira, só para citar alguns exemplos. O líder do Guns n’ Roses se recusou a parar. E mais do que isso, não quer entregar qualquer coisa para os fãs, foram 3h10 de show. Fica a pergunta: qual banda ou cantor(a) faz isso hoje em dia? Mas os cornetinhas sempre vão achar um jeito de querer provocar ou falar besteira. Se o desempenho de Axl melhorou, “vamos caçar novos problemas”… Tentaram criar um desentendimento entre o vocalista e o novo baterista, Isaac Carpenter, após um problema técnico no retorno do som, na Argentina, algo que foi desmentido pela banda nas redes sociais. Sem o menor cabimento, aliás. Isaac tem uma performance impressionante, toca muito e esbanja carisma no banquinho. O que resta? Falar do repertório. Sim, também reclamam das escolhas para o set. Alguns choram pelo “excesso de covers”, outros pela falta de “novidades”. Não podemos esquecer que estamos falando de uma banda com 40 anos de história. É impossível fazer um set predominante com b-sides ou faixas novas. Não é assim com nenhuma grande banda com longa jornada, como o Guns, mas a implicância é sempre maior com eles. Parece um trauma vitalício decorrente da cadeira arremessada por Axl nos jornalistas, no Maksoud Plaza, em São Paulo, em 1992. Por falar em “novidades”, Hard Skool, Absurd, The General e Perhaps são canções relativamente recentes. Mas é impossível esperar um show do Guns sem protagonismo dos álbuns Appetite for Destruction e Use Your Illusion I e II, os maiores sucessos comerciais. Mas mesmo dentro desse universo, o grupo faz suas alterações. Patience saiu do set em São Paulo, Don’t Cry voltou. Yesterday foi resgatada. Duff também modifica sua participação no vocal, no Allianz Parque optou por Thunder and Lightning, do Thin Lizzy. Por falar em covers, que linda homenagem prestada ao gigante Ozzy Osbourne, com Sabbath Bloody Sabbath e Never Say Die, ambas do Black Sabbath, acompanhada de uma linda imagem do finado vocalista no telão. Human Being, do New York Dolls, que também perdeu seu vocalista, David Johansen, em março, foi outro momento memorável e inesperado. Em 3h10 de show, Axl e companhia emocionaram, divertiram e colocaram mais de 45 mil pessoas para cantar do início ao fim. E isso tudo com Slash desfilando solos e riffs marcantes da história do rock, quase todos com a sua assinatura, inclusive com um momento blues sensacional, antes de Sweet Child O’ Mine. O guitarrista Richard Fortus, com mais de 20 anos de banda, já está consolidado na formação. Se Izzy ou Gilby quiserem voltar, certamente terão que pegar uma terceira guitarra. O tecladista Dizzy Reed, desde 1990 no Guns, é um porto seguro para garantir que Axl, Slash e Duff tenham o protagonismo compartilhado na linha de frente. E todos parecem estar bem com suas posições. Axl distribui sorrisos, conversa com o público e até agradece com o bom e velho português “obrigado”. Sobrou algo para os cornetinhas? Que o Guns n’ Roses retorne muitas outras vezes ao Brasil, com ou sem álbum novo. Isso é um mero detalhe. Setlist   Welcome to the Jungle Bad Obsession Chinese Democracy Pretty Tied Up Mr. Brownstone It’s So Easy The General Perhaps Slither (Velvet Revolver) Live and Let Die (Wings) Hard Skool Wichita Lineman (Jimmy Webb) Sabbath Bloody Sabbath (Black Sabbath) Never Say Die (Black Sabbath) Estranged Yesterdays Double Talkin’ Jive Don’t Cry Thunder and Lightning (Thin Lizzy) Absurd Rocket Queen Knockin’ on Heaven’s Door (Bob Dylan) You Could Be Mine Slash Guitar Solo Sweet Child o’ Mine Civil War November Rain This I Love Human Being (New York Dolls) Nightrain Paradise City

KoЯn retorna ao Brasil após nove anos com Spiritbox em São Paulo

Nove anos após a sua última apresentação na América do Sul (em 2017), a banda norte-americana KoЯn retorna à América Latina para a sua maior turnê na região. O Brasil recebe um único show, que ocorre em São Paulo, no Allianz Parque, no dia 16 de maio de 2026, com ingressos disponíveis a partir de quinta-feira (16), às 13h, no site da Eventim. A banda canadense Spiritbox e o Seven Hours After Violet,  grupo de metal dos Estados Unidos, farão os shows de abertura. Em uma realização da 30e, a tour também passa por Bogotá, na Colômbia, no dia 2 de maio; Lima, no Peru, no dia 5 de maio; Santiago, no Chile, no dia 8 de maio; Buenos Aires, na Argentina, no dia 10 de maio; Assunção, no Paraguai, no dia 13 de maio; e no México, na Cidade do México, no dia 19 de maio.     O KoЯn chega ao país embalado por um dos melhores momentos da carreira. Ao ocupar o posto de headliner de importantes festivais globais e esgotando os ingressos em estádios, o grupo demonstrou a atemporalidade de sua obra e ainda angariou novos fãs. A apresentação no Download Festival, em Donington (Inglaterra), por exemplo, foi transformada em uma experiência definitiva de celebração do legado da banda.  O KoЯn é formado atualmente por Jonathan Davis (vocais), James “Munky” Shaffer (guitarra), Brian “Head” Welch (guitarra), e Ray Luzier (bateria). O grupo contabiliza mais de 30 anos de carreira, vendeu mais de 42 milhões de discos em todo o mundo e recebeu dois prêmios Grammy Awards. * SERVIÇORealização: 30eKoЯn @São PauloData: 16 de maio de 2026 (sábado)Local: Allianz Parque – Av. Francisco Matarazzo, 1705 – Água Branca – São Paulo/SP Horário de Abertura da casa: 16h Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 5 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Setores e preços*Cadeira superior – R$ 182,50 (meia-entrada) | R$ 365,00 (inteira) *Pista – R$ 247,50 (meia-entrada) | R$ 495,00 (inteira) *Cadeira inferior -R$ 322,50 (meia-entrada) | R$ 645,00 (inteira) * Pista Premium – R$ 497,50 (meia-entrada) | R$ 995,00 (inteira) *Hotseat – R$ 822,50 (meia-entrada) | R$ 1.145,00 (inteira) *Pacote VIP – R$ 1.287,50 (meia-entrada) | R$ 1.785,00 (inteira) Início das vendasVenda geral: 16 de outubro, às 13hVendas online em: eventim.com.br/Korn Bilheteria oficialBilheteria A – Allianz Parque – Endereço: Rua Palestra Itália, 200.Funcionamento: Terça a sábado das 10h às 17h* Não há funcionamento em feriados, emendas de feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.

Show do Public Image Ltd em São Paulo muda de lugar

O show único do Public Image Ltd em São Paulo, lendária banda de John Lydon, ícone punk e ex-líder do Sex Pistols, agora será no Cine Joia. A data continua a mesma: 8 de abril de 2026. Ingressos já adquiridos de pista e camarote/mezanino valem para o show no novo local e não há necessidade de trocar. O show inicialmente aconteceria no Terra SP. Os ingressos seguem à venda no site da Fastix.

Entrevista | Nation of Language – “A pandemia nos mostrou o quanto o ao vivo é importante”

A banda novaiorquina Nation of Language lançou seu quarto álbum de estúdio, Dance Called Memory. Diferente dos trabalhos anteriores, o disco nasceu a partir de acordes no violão, uma escolha incomum para um grupo que construiu sua identidade nos sintetizadores. Essa abordagem mais “orgânica” serviu como ponto de partida para explorar novas sonoridades e, sobretudo, para humanizar ainda mais o universo eletrônico da banda. “Qualquer coisa que seja diferente, empolgante e desperte curiosidade é extremamente valiosa em estúdio”, explicou o vocalista do Nation of Language, Ian Richard Devaney. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Ian e Aidan Noell falaram sobre as referências que atravessam o novo trabalho do Nation of Language, de My Bloody Valentine a Cocteau Twins, o desejo de borrar as linhas entre o sintético e o humano, a relação do disco com memórias pessoais e o impacto emocional de voltar a se conectar com o público após o isolamento da pandemia. Confira a entrevista completa abaixo Dance Called Memory foi composto a partir de acordes no violão, uma escolha incomum para um álbum dominado por sintetizadores. Como esse processo mais “orgânico” influenciou o resultado final? Ian: Acho que o fato de a guitarra ter sido a base de tantas músicas realmente nos lembrou, ao longo do processo, que não precisamos fazer tudo sempre do mesmo jeito que fizemos antes. Aidan: É, acho que isso nos lembrou que é bom mudar, evoluir e expandir o que acreditamos ser capazes de fazer. Ian: E, sabe, acho que quando você está no estúdio, qualquer coisa que seja diferente, empolgante e desperte curiosidade é extremamente valiosa. Você menciona, no material para a imprensa, que quis se afastar da escola Kraftwerk e se aproximar da filosofia de Brian Eno. Quais momentos do álbum você acha que mais representam essa “humanização dos sintetizadores”? Ian: Essa é uma ótima pergunta. Acho que uma parte… é que, na primeira música do álbum, há algo que soa como um sintetizador, mas na verdade é uma gaita bastante processada com efeitos. E acho que esse engano, um instrumento humano sendo tratado como um sintetizador, é uma forma de ilustrar esse borramento de fronteiras. Aidan: Sim, borrando a linha entre o sintético e o humano. A faixa I’m Not Ready for the Change traz referências ao Loveless do My Bloody Valentine. Como vocês equilibram essas influências do shoegaze e da eletrônica dos anos 2000 com a identidade própria da banda? Ian: Essa é uma banda que sempre amei. E acho que, sabe, muita da nossa identidade está ligada a influências fundadoras do new wave e synth pop dos anos 80. E, pra mim, existe um fio condutor natural que passa, talvez, pelo Cocteau Twins, que meio que faz uma ponte entre os anos 80 e 90, algo muito interessante de explorar. Nosso produtor, Nick Millhiser, é fã do Cocteau Twins. Então, no estúdio, nenhum de nós tinha muita experiência com esse tipo de sonoridade, guitarras com aquele timbre metálico, reluzente, então foi algo empolgante. E toda vez que a gente se perguntava: “Podemos fazer isso? Isso soa como Nation of Language?” E decidimos tornar isso parte do som da banda, foi muito legal. O novo álbum parece ser menos sobre nostalgia e mais sobre memória e humanidade. Que tipo de memórias ou sentimentos pessoais foram canalizados na composição? Ian: Acho que muitas coisas… amigos ou familiares que faleceram, por exemplo. O Aidan e eu moramos no nosso primeiro apartamento juntos por dez anos. E, enquanto fazíamos este disco, nos mudamos de lá. Mudar de casa pode parecer algo pequeno, especialmente em comparação com a morte, mas quando você tem tantas memórias compartilhadas em um espaço, e tanto da sua vida aconteceu ali, especialmente por ter sido o lugar onde passamos a pandemia, confinados, foi uma perda especial. Aidan: É um tipo diferente de perda, interessante de se explorar emocionalmente. E também crescemos muito nos últimos anos, mudamos de caminho, perdemos amizades ou a noção de quem achávamos que éramos.Todos esses tipos de perda, mudança e crescimento, que você lamenta ou celebra, estão todos canalizados neste disco. Talvez de uma forma mais madura, eu espero. Seus três primeiros discos viraram trilhas sonoras não-oficiais do isolamento pandêmico. O novo álbum marca uma virada? Podemos dizer que ele aponta para um futuro mais esperançoso? Ian: Não sei se aponta para um futuro mais esperançoso, mas… Acho que, com este álbum e o anterior, Strange Disciple, há uma celebração do fato de que não estamos mais presos. Poder sair em turnê, construir comunidade com as pessoas, isso é algo muito inspirador para nós, e central ao motivo pelo qual estamos em uma banda. A pandemia nos mostrou o quanto a performance ao vivo é importante. Era algo que eu costumava dar como certo. Mas poder cantar junto com o público, compartilhar esses momentos emocionais, isso é essencial para nós. A turnê internacional inclui locais maiores e múltiplas datas em cidades como Nova York e Londres. Como vocês estão se preparando para esse novo patamar nos palcos? Ian: Nos últimos meses, temos pensado em como expandir o show ao vivo sem perder o essencial do que significa, pra nós, ser uma banda DIY por tanto tempo. Como aumentar o valor de produção sem abrir mão da liberdade de mudar o setlist a cada noite, ou de fazer alterações no meio do show, algo que muita produção musical pré-planejada não permite. Estamos pensando muito nisso ultimamente. Queremos expandir a parte visual. Começamos a ver o design de palco como uma forma de arte visual, algo que ainda não havíamos explorado. Aidan: Ser parte de uma banda envolve muito mais aspectos artísticos do que se imagina no começo, você tem que fazer os flyers, as capas dos álbuns, tirar fotos… Então, agora o design de palco é a nova área criativa em que estamos mergulhando. Sempre trocamos ideias por mensagem, e quando vamos a shows, observamos o que outras bandas fazem que podemos adaptar. Estou animado para investir cada vez mais nisso. Parece

Entrevista | Stars Go Dim – “Se consigo ser honesto nas canções, outras pessoas podem se identificar”

O projeto musical Stars Go Dim, liderado pelo cantor e compositor Chris Cleveland, acaba de lançar Roses, descrito pelo próprio artista como seu trabalho mais pessoal até agora. Com influências de soul e R&B dos anos 1970, o álbum busca transmitir esperança e beleza nas pequenas coisas do cotidiano, trazendo canções que equilibram emoção, espiritualidade e pop contemporâneo. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Cleveland falou sobre o processo criativo, suas colaborações com grandes nomes da música e a possibilidade de visitar o Brasil em breve. Seu novo álbum, Roses, foi descrito como o mais pessoal da sua carreira. O que o torna diferente dos anteriores? A principal razão é que produzi o álbum inteiro sozinho. Sempre escrevi ou co-escrevi minhas músicas com outras pessoas, mas, desta vez, assumi o projeto de forma completa, da criação à produção. Claro, colaborei com amigos, músicos e compositores, mas toda a essência veio de mim. Isso tornou o resultado mais autêntico e verdadeiro ao que sou, tanto como pessoa quanto como artista. Sinto que é a música mais genuína que já fiz em 30 anos de carreira. Você disse que Roses representam o sagrado em lugares inesperados. Como essa metáfora se conecta à sua vida pessoal e espiritualidade? Acredito que Deus se manifesta em momentos pequenos e cotidianos. Muitas vezes, as pessoas imaginam a fé como algo distante, ligado apenas a grandes acontecimentos. Para mim, as experiências mais marcantes foram simples: conversas com minha esposa, brincar com meus filhos, momentos comuns do dia a dia. Ao compor, perguntei a outras pessoas como elas percebiam essa presença, e as respostas foram semelhantes: é nos detalhes, nas situações corriqueiras, que podemos enxergar fragmentos do divino. Esse conceito inspirou várias canções do disco. O álbum traz fortes influências do soul e do R&B dos anos 1970. Como foi incorporar essa sonoridade vintage ao pop contemporâneo do Stars Go Dim? Foi extremamente divertido. Sempre gostei de pop e soul, além de ser pianista, e buscava, acima de tudo, uma sensação. Quando chegamos a esse clima mais funky e soulful, percebi que a música transmitia alegria e leveza. Pensei: “Se isso me faz feliz, talvez também desperte o mesmo sentimento em outras pessoas”. Você já colaborou com grandes nomes como Elton John, Justin Bieber e John Mayer. O que aprendeu nessas experiências que ainda carrega consigo? Esses artistas, e tantos outros com quem já toquei, sempre se apresentaram da forma mais autêntica possível. Elton, Justin, John… cada um deles soube se reinventar sem perder a essência. Acho que a grande lição é não ter medo de seguir o coração e a intuição ao fazer música. Em Roses, procurei exatamente isso. Seu single You Are Loved foi um marco e até tocou nas rádios dos Estados Unidos. Como você enxerga esse período hoje? Com muito carinho. Essa música me conectou a inúmeras pessoas. Apesar da simplicidade da mensagem, ela toca em algo essencial: todos queremos ser vistos, valorizados e amados. Dez anos depois do lançamento, continuo gostando de tocá-la e de compartilhar esse sentimento com o público. A espiritualidade aparece de forma sutil, mas constante nas suas composições. Isso é intencional ou algo natural no processo criativo? Um pouco dos dois. Escrevo para mim e também para outros artistas, de estilos variados, já fiz country, dance music, músicas para igreja. Em qualquer gênero, tento ser autêntico. Vivo uma jornada de fé, mas também escrevo sobre amor, família e vida. Se consigo ser honesto nas canções, outras pessoas podem se identificar e pensar: “eu também sinto isso”. Roses transmite mensagens de esperança e beleza na vida cotidiana. Como você gostaria que o público se sentisse ao ouvir o álbum? Nossa intenção foi clara: que cada música provoque uma emoção imediata, seja vontade de dançar ou de refletir. Se o ouvinte dedicar 36 minutos para escutar o disco de ponta a ponta, espero que termine a experiência se sentindo melhor, mais esperançoso e capaz de enxergar o lado positivo da vida. O que os fãs podem esperar do Stars Go Dim nos próximos meses? Estamos preparando turnês nos Estados Unidos e, quem sabe, em outros países. Também sigo compondo para outros artistas, mas a prioridade no momento é apresentar Roses ao maior número de pessoas possível. Existe a possibilidade de vir ao Brasil para divulgar o novo álbum? Sim, adoraria. Inclusive já comecei a pesquisar artistas e a me preparar para conhecer melhor a cena local. Também quero experimentar a culinária daí. Seria incrível poder levar o Roses ao público brasileiro.

Entrevista | Michale Graves – “Me reencontrei no Brasil”

Em outubro, o Brasil volta a receber um dos nomes mais icônicos da história recente do punk: Michale Graves, ex-vocalista do Misfits e figura central na fase mais melódica e cinematográfica da banda. Entre 1995 e 2000, ele ajudou a revitalizar o grupo com os álbuns American Psycho e Famous Monsters, entregando clássicos como Dig Up Her Bones e Scream, este último com videoclipe dirigido pelo mestre do horror George A. Romero. Agora, Michale Graves retorna ao país para uma série de shows que prometem celebrar essa era e ainda reservar surpresas no setlist. No Brasil, Michale Graves se apresenta em São Paulo (22/10 em formato acústico e 01/11 com banda completa), Brasília (23/10), Goiânia (24/10), Belo Horizonte (25/10), Rio de Janeiro (26/10), Porto Alegre (29/10), Florianópolis (30/10) e Curitiba (31/10). Michale Graves assumiu os vocais dos Misfits aos 20 anos, sucedendo Glenn Danzig, e encarou a missão com autoconfiança. Para ele, não se tratava de ocupar o lugar de outra pessoa, mas de escrever um novo capítulo para a banda. Com um olhar atento à cultura pop e influências que iam do horror punk ao britpop, Michale Graves imprimiu sua marca em um repertório que permanece vivo nas vozes dos fãs até hoje. Surfista de longa data, Michale Graves se diz encantado pelas praias e pela paixão do público nacional. “O Brasil me reencontrou”, resume, lembrando que muitas das conexões feitas no país atravessaram décadas. Para os fãs, essa proximidade se reflete em apresentações sempre energéticas, carregadas de emoção e histórias. Na entrevista ao Blog n’ Roll, Michale Graves falou sobre a responsabilidade de assumir os vocais dos Misfits, as influências que moldaram sua carreira, sua relação com o público brasileiro e a expectativa para esta nova passagem pelo país. Você entrou para o Misfits antes mesmo de completar 20 anos. Como foi encarar a responsabilidade de substituir Glenn Danzig e ainda assim conseguir marcar uma nova era para a banda? Sabia que era uma grande responsabilidade, mas nunca senti isso como um peso esmagador. Nunca foi algo do tipo “meu Deus, como vou conseguir?”. Porque sabia exatamente como iria conseguir. E tinha tanta confiança de que era a pessoa certa, fui colocado neste mundo para isso. Tudo na minha vida me levou até aquele momento. Então não perdi tempo pensando “meu Deus, essa é a banda do Glenn Danzig”. Eu só pensei: “vocês estão em boas mãos. Vamos fazer isso”. Tinha muita confiança. Dediquei meu tempo e energia a criar aquela música, pensar nas palavras, nas cores que usaria para pintar musicalmente. Ouvi todas as gravações do Misfits que já tinham existido na face da Terra. Conhecia cada detalhe. Conseguia ouvir as pessoas respirando nas faixas. Me tornei um verdadeiro professor daquilo tudo. E criei a partir disso, a partir de todos os sentimentos que tinha na época, com 20 anos. Quando gravamos, eu tinha 21. Mas tinha acabado de sair do ensino médio. Então estava muito conectado com a cultura. Sabia o que estava acontecendo. Os caras da banda eram mais velhos, tinham uns 31 anos quando entrei, e eu tinha 20. Então realmente tinha o dedo no pulso da cultura. E estava muito, muito confiante. Sabia que poderíamos ser incríveis. E acho que fomos. Na verdade, sei que fomos. Faria algo diferente? Onde errei foi na minha imaturidade emocional, por ser tão jovem. Quando se tratava de negócios, era muito difícil para mim ser objetivo e, às vezes, razoável. Porque era movido pela emoção. Tudo era guiado pelas emoções. E não tinha ninguém ao meu redor para conter isso e dizer: “ei, calma, agora você está agindo com emoção demais”. E eu precisava disso.  Minhas emoções foram despejadas na música, é isso que me tornava forte. Mas em outras áreas, como negócios ou relacionamentos… ser extremamente emocional nem sempre é o melhor caminho para a objetividade ou a razão. Com 20 anos, isso ainda é difícil. Eu entendo, super compreensível. Sim, e de repente estava em um mundo em que o Marilyn Manson estava ali do lado, o Rob Zombie estava ali, e os caras do Metallica entravam na sala, e o James Hetfield me pedia para cantar músicas, e lá estavam os caras do Alice in Chains, do Soundgarden… e eu pensava: “o que está acontecendo?”. Estava sobrecarregado, mas foi demais! As faixas Dig Up Her Bones e Scream marcaram uma geração, inclusive com videoclipes dirigidos por George A. Romero. O que essas músicas representam para você hoje? Uau… Dig Up Her Bones, especialmente… acabei de completar 50 anos. Escrevi essa música quando tinha 16. Então ela é praticamente um retrato da minha juventude. Há um jovem Michael naquela música que… é difícil expressar o quanto ela significa pra mim e o quanto está entrelaçada à minha vida. É absolutamente incrível que, depois de todos esses anos, eu ainda subo no palco, chego no refrão, aponto o microfone pro público e escuto todo mundo cantando. E sei o quanto essa música também significa para os outros. É indescritível. É o mais perto do céu que já cheguei. Está tudo ali: minha juventude, amor, perdas, meus filhos, minha família… tudo está naquela música. E Scream… é louco, porque escrevi essa música não necessariamente para o George Romero, ele veio depois, mas lembro de escrevê-la sendo muito fã do Peter Murphy. E o sucesso dessa música, e o fato de ter sido conectada ao Romero, ao mundo do horror, e ganhar uma nova vida… no fundo, só queria criar um riff vocal diferente, mostrar algo novo com a minha voz. É uma música simples. Nem tem muitas palavras. Mas foi muito especial. E sua fase no Misfits também coincidiu com a era de ouro do wrestling na TV, com participações semanais na WWE. Como foi viver ao mesmo tempo o universo do punk e do pop naquela época? Mais uma vez, foi um sonho realizado. Eu fui criado nos anos 80, então era um grande fã de luta livre. E estar num espaço criativo com caras

Caike Souza lança álbum com causos de amor

Caike Souza está lançando o álbum autoral Entre Flores e Dores. Natural de Arcoverde (PE) é considerado um dos principais nomes representantes da nova geração na música. Propondo uma sonoridade leve e simples, já atinge + de 50 milhões de visualizações nas redes sociais com seus vídeos e versões intimistas. O álbum tem dez músicas e conta com as participações de Solange Almeida na música Sem Pisar no Chão, Saulo Fernandes em Balançar Com Você e Martins na canção Há de Ser Pra Sempre. Sobre o lançamento Caike comenta:  “um álbum autoral é uma virada de chave na vida do artista, uma virada conceitual. Eu gosto de escrever coisas atípicas”. O disco foi gravado em São Paulo, em maio, com produção de Jeff Pina. É um álbum muito rico, com músicas pra tudo que é gosto. “Um disco dá carta branca para você brincar mais, está muito diverso”, conta o artista. A canção com Saulo Fernandes é bem dançante, lembrando um pouco a MPB de Marina Lima e Rita Lee, com guitarras. Já a participação de Solange Almeida, uma gigante do forró, em Sem Pisar no Chão, começou com o feat de Caike no DVD de Dorgival Dantas, do qual ambos participaram. “Eu escrevi essa música pensando na Solange, a música ficou a cara dela, me apeguei ao forró”, diz Caike. A música com Martins é mais singela, uma história de amor. Martins é um dos novos nomes da cena de Pernambuco. “Um amigo do peito que a vida me deu”, comenta Souza. Já Nas coisas tão mais lindas é a música xodó de Caike, com um toque de piano com cordas, refletindo o fascínio que Caike tem em escrever canções tristes. O nome do álbum Entre Flores e Dores partiu da diversidade das canções, do sentimento que permeia o astral de cada música, entre os causos de lidar com um assunto tão delicado como o amor. Esse álbum é a consagração de um trabalho que representa muito pra Caike. Como artista, ele está realizado. “Espero que Entre flores e dores me traga muitos frutos bons, quero que muita gente ouça, que eu saia em turnê, o que já está nos planos”. O show de lançamento de Entre flores e dores está marcado para o dia 11 de outubro no Teatro Luís Mendonça, em Recife.

Supergrass bota o público para dançar em São Paulo como se não houvesse segunda-feira

Entre idas e vindas nas atividades, a banda britânica Supergrass ficou 19 anos sem vir ao Brasil. Retornou para a apresentação única, no último domingo (31), no Terra SP, em São Paulo. E o repertório não poderia ser melhor: o clássico I Should Coco na íntegra e mais uma seleta lista de hits de outros álbuns. A noite ficou ainda melhor com a abertura do Edgard Scandurra Trio, projeto do guitarrista do Ira! que traz releituras de vários sucessos de sua banda principal. Durante 30 minutos, Edgard Scandurra tocou oito sons do Ira!, com destaque para os hits Flores em Você e Núcleo Base, ambas já na reta final do show. Um curto intervalo de 35 minutos separou o término da apresentação de Edgard Scandurra Trio para o show do Supergrass. Gaz Coombes e companhia chegaram lentamente ao palco, acenaram para o público e já emendaram os três primeiros sons de I Should Coco: I’d Like to Know, Caught by the Fuzz e Mansize Rooster. Imediatamente me senti transportado para 1996, quando o grupo foi uma das atrações da última edição do festival Hollywood Rock. À época, com I Should Coco fresquinho em mãos, o Supergrass entregou um dos melhores shows do evento. Voltando para os dias atuais, diferentemente do que rolou no show da Argentina durante a semana, o Supergrass fez uma sutil e importante mudança no set: tocou o disco na íntegra, mas fora de ordem, mesclando com faixas de outros álbuns. Além de dar mais dinamismo para o show, interromper a sequência do I Should Coco garantiu uma apresentação repleta de surpresas. O superhit do álbum, Alright, por exemplo, que seria a quarta canção, virou a décima do repertório. Gaz Coombes, que segue acompanhado dos membros da formação clássica (Danny Goffey, Mick Quinn e Rob Coombes), conduziu a apresentação com muita qualidade, pouca conversa furada e garantiu um andamento primoroso para o show. Em Sofa (of My Lethargy), Gaz recebeu seu irmão mais novo, Charly Coombes, garantindo um momento ainda mais especial. O caçula mora no Brasil há anos. Responsáveis por trazer alegria, energia pura e improvisos para o britpop, o Supergrass sempre contrastou do cinismo do Blur e da arrogância do Oasis. Agora, com todos os integrantes com mais de 40 anos, a energia adolescente pode ter ido embora, mas o poder de colocar para dançar e se divertir como se não houvesse o amanhã continua com tudo, mesmo com o show rolando em um domingo à noite. Setlist I’d Like to Know Caught by the Fuzz Mansize Rooster Late in the Day Mary She’s So Loose Lose It We’re Not Supposed To Time Alright Strange Ones Sitting Up Straight Lenny Sofa (of My Lethargy) – (with Charly Coombes) Time To Go St. Petersburg Richard III Moving Grace Bis Sun Hits the Sky Pumping on Your Stereo