Uma das coisas mais divertidas quando divulgamos a relação das 100 maiores bandas de rock de todos os tempos da Baixada Santista, em setembro último, foi a reação de muitos leitores: “Nem imaginava que existiam mais de 100 bandas autorais na região”. Essa foi a frase mais comum. E se dissermos que conseguimos fazer uma relação com 100 nomes somente do cenário hardcore e punk? E, acreditem, mais de 100 ficaram de fora.
Diferentemente da lista divulgada em setembro, essa relação não tem ordem de importância e nem foi montada por um júri de 50 pessoas. É só uma amostra do que tivemos e temos na Baixada Santista.
A relação do punk e hardcore com a região é antiga. Logo após o emblemático Começo do Fim do Mundo, festival que reuniu, em 1982, nomes como Inocentes, Ratos de Porão, Cólera, Olho Seco, entre outros, todos em início de carreira, no Sesc Pompeia, em São Paulo, a Baixada Santista já respirava o som e as atitudes do gênero.
Uma banda, em especial, podemos afirmar que é a responsável pelo início do movimento na Baixada Santista: Psychic Possessor. Criada por José Flávio Rodrigues, o Zé Flávio, ganhou uma sonoridade hardcore após as entradas de Fabrício Souza (baixista do Garage Fuzz) e Maurício Boka (baterista do Ratos de Porão).
Depois da experiência de tocar no Vulcano, com 12 anos de idade, o guitarrista Zé Flávio viu seus amigos Fabrício e Boka trazerem influências do 7 Seconds e Minor Threat para a banda. A sonoridade, até então, era mais metal. “Como tocávamos com bandas de metal, a galera não entendia a música e vaiava o grupo”, diz Zé Flávio.
Fabrício conta que o ex-integrante do Vulcano tinha uma certa resistência ao hardcore no início. “O convívio conosco e os sons que mostramos para ele fizeram com que realmente adotasse o estilo”, relembra. “Acho que o Psychic Possessor, por ter absorvido o metal, crossover, punk e hardcore, ajudou a criar uma cena que não existia para esses lados”, completa.
Do Psychic Possessor em diante, a cena hardcore só cresceu. Vieram, quase na mesma época, Dead Crab, Mordedura, Ovec. Já no início dos anos 1990, Garage Fuzz, IHZ, Leucopenia, Popping Tits, Blind, Vatos, Abuso Sonoro e White Frogs estabeleceram um cenário respeitado por todo o Brasil.
Enquanto o Garage Fuzz virou influência para músicos do CPM 22, NX Zero e Dead Fish, o White Frogs gravou com grandes nomes do cenário norte-americano.
Entre meados da década de 1990 e início dos anos 2000, mais uma boa safra de bandas apareceu com destaque no underground nacional, casos do Sonic Sex Panic, Drop Your Guns, Turn Away, Sociedade Armada, The Bombers, Punk Hyenas, Make Your Choice, Overjoyed, Rubbermade Ducks, Altered Mind, Imperpheitos, Neurônios Dilacerados, Riot 99, entre outras.
O sucesso do Charlie Brown Jr levou muitos jovens a apostar em fórmulas semelhantes, visando um alcance nacional no mainstream. Entre 2001 e 2005, foi o momento da maré baixa. Sem grandes novidades.
Passada a ressaca, nomes que já estavam na cena, como Same Flann Choice, e outros mais novos, como Bayside Kings, Blackjaw e Like a Texas Murder, mostraram que o movimento seguia firme e forte.
O hardcore santista não para de revelar nomes. ESC, Surra, Analog, Surprise Box, Asco… Uma infinidade de bandas surge quase que diariamente na região. É só ficar atento para acompanhar esse processo.
Em breve, o jornalista Wladimyr Cruz, autor da cinebiografia da banda Vulcano, lançará o filme Califórnia Brasileira, que cobre justamente o período entre 1991 e 1999 aqui na Baixada Santista.
No quadro ao lado, é possível conferir a relação de bandas do cenário punk e hardcore da nossa região que você precisa conhecer e ouvir.
Para saber um pouco sobre cada uma delas e escutar alguns sons, acesse esse link. A série está em andamento e encontra-se no número 64.
100 bandas que você precisa conhecer do cenário hardcore da Baixada Santista
Reprogresso
Rawfire
Parker
Sonar
Tropa Suicida
Popping Tits
Soul Mate
Pacto de Morte
Alcoolica
Shuffle
Crossword
Of Side
Pesadelo
Mordedura
Vatos
Zebra Zebra / Same Joke
Maguila
Shuffle
Ovec
Burning Inside
Big Nitrons
Awaking the Crowd
Asco
Flat Flun
Analisando Sara
Depois da Tempestade
Savantes
Jerseys
ESC
Like a Texas Murder
Locals Only
Parel
Bayside Kings
Same Flann Choice
Zerão
Blackjaw
Surra
IHZ
Safari Hamburguers
Psychic Possessor
Dead Crab
Figment
White Frogs
Repulsão Explícita
Rebel Heads
Live by the Fist
Final Expression
Leucopenia
Dead Toys
Desecration
Inner Struggle
Natural Born Killers
Go Ahead
100 Ilusões
Neurônios Dilacerados
Make Your Choice
Não Repressão
Faces do Ódio
Contramão
Cãibra Cerebral
Altered Mind
Suigeneris
Skalibur
Hitch Lizard
Sonic Sex Panic
Disconcert
Dittohead
Blind
Abuso Sonoro
Sociedade Armada
First Resist
Rubbermade Ducks
Zenicodemus
Carnal Desire
Febre Mental
Primal Therapy
Anarkaos
Lost Motel
Skanavéia / Eudora
The Bombers
X-Ten
Atiradores
Gritos do Subúrbio
Soldados do Asfalto
Brick by Brick
Judy’s Vision
Overjoyed
Necrófilos
Imperpheitos
Punk Hyenas
Turn Away
Anti-Fashion
Planocohen
Social Resistência
Riot 99
Face Forward
Drop Your Guns
Gas Burner
2 Comments
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Luiz Fernando Afonso Barreiros
2 de julho de 2017 at 16:44
Nunca tive pretensão de de estar em uma lista como essa, mas tenho muito orgulho de ter sido guitarrista do mordedura tocando com Zé do Kiss e o Rica contribuindo assim com essa parte da história do rock da baixada santista, pois tudo o que eu queria era tocar rock e me divertir. Bons tempos…
Carlos Humberto ( Carlinhos )
4 de agosto de 2017 at 20:06
Também fiquei orgulhoso de saber que o Leucopenia esta nesta relação e também no documentário California Brasileira…assistindo o video voltei aos velhos tempos dos shows e idas e vindas de Santos e interior de São Paulo; tocando junto com banadas como: Safari Hamburgues; IHZ; Ação Direta; Dezakato; No Violence e outras.