Do surgimento do The Strokes, White Stripes e Franz Ferdinand, no início da década passada, chegando ao Lollapalooza, um dos principais festivais de música do Brasil, o indie pop ou rock nunca viveu tempos tão promissores por aqui. Todo esse movimento mundial influenciou na montagem de bandas novas, organização de festas e mesmo publicações especializadas no assunto.
Mas o início desse cenário não foi tão simples. Muitas foram as bandas que surgiram, mas não tiveram sequência por algum motivo. Dentre elas podemos destacar nomes como Smiley, Young Sick Losers, Drosóphila, City Limits, Sweet Cherry Fury, entre outras. Muitos foram os nomes que apareceram, lançaram bons registros, mas não estão mais em atividade.
Hoje, o cenário continua bem representado por bandas e artistas como Los Volks, Atlante, Geo, Silvino, Heitor Vallim e Scuba Divers. Procure essas bandas no Facebook e fique por dentro dos lançamentos e shows na região. Super recomendados!
Popscene
Mas voltando um pouco no tempo, mais precisamente em 2002, uma festa movimentou a região, com muito indie. Com a proposta de fugir da mesmice das casas noturnas que proporcionavam festas com música eletrônica, pagode e forró, os amigos Flávia Durante, Hector Lima, Thiago Baraldi e Bruno Rosinha criaram a balada Popscene. O objetivo do evento era simples, tocar músicas de roqueiro para roqueiros.
A festa surgiu em 2002, durante um momento de tédio, quando os quatro idealizadores estavam novamente morando em Santos, depois de temporadas em São Paulo e no exterior.
“Como há tempos não rolava uma festa de rock alternativo que reunisse todo mundo, assim como algumas de São Paulo, decidimos que estava na hora de montarmos a nossa”, explica Flávia.
Depois de bater na porta de algumas boates e ouvir algumas respostas negativas dos proprietários, o quarteto encontrou a felicidade no Retrô Bar & Lounge, na época de propriedade de Ângelo Silva.
“A casa era um marco na cidade, pois foi a primeira boate a se instalar no Centro Histórico após o projeto de revitalização. Foi o melhor lugar que poderíamos ter conseguido”, conta.
A festa já passou por muita coisa: começou quinzenal aos sábados, depois mudou para mensal às sextas, parou por um tempo devido a um entrevero, e depois se manteve por muito tempo mensalmente aos sábados com edições extras nas férias de verão.
“Começamos só com os DJs residentes, depois com convidados nas pickups”. Discotecou na Popscene, os jornalistas Lúcio Ribeiro, André Barcinski, os músicos João Gordo, Chuck Hypolitho, entre outros. Por um tempo, bandas revelações do cenário rock se apresentaram na festa.
Heitor Vallim
Heitor Vallim é uma grata surpresa que 2017 nos proporcionou. No início do primeiro semestre, o músico divulgou o seu primeiro trabalho de estúdio, o EP Naissance. Em quatro faixas que trazem relatos quase autobiográficos, Vallim mostra que Bob Dylan é uma influência nítida. Mas ele garante que não se prende ao trabalho do Prêmio Nobel de Literatura de 2016.
“Hoje minhas novas composições ainda estão no estilo do folk, mas a ideia é agregar cada vez mais instrumentos e viajar, assim como Dylan e muitos outros fizeram”.
O santista cita os contemporâneos James Bay, Bon Iver, Damien Rice e Rubel como espelho para o seu trabalho. Antes de se aventurar como artista solo, Vallim também integrou, por dois anos, a The Diou’s.
Los Volks
Com os integrantes na casa dos 20 e poucos anos, a guarujaense Los Volks tem tido um desempenho excepcional fora de casa. Recentemente, o seu single Fire chegou a ser listado nas paradas das rádios australianas. A banda recentemente também integrou a coletânea Sound of a Spark, conduzida pelo selo nova-iorquino Fast Factory Records.
As influências da Los Volks são bem distintas e vão do The Velvet Underground aos Novos Baianos ou The Kooks a Caetano Veloso. A discografia conta com dois EPs: Suburbanos em Crise e Luna. O público santista passou a ouvir falar mais da Los Volks em agosto, quando a banda foi finalista do Festival da Juventude de Santos. É formada por Pablo Mello, Carolyn Areias, Vinícius de Souza e Isabella Araújo.
Silvino
MPB? Indie pop? Chame como quiser o som, mas a verdade é que Silvino é um grande artista. Em seu perfil no Facebook, o cantor se descreve como letrista de bloquinho de papel, bicha afeminada e vivendo com HIV. Mas por trás dessa identificação tem um músico muito talentoso, com uma voz agradável e letras bem profundas. A primeira música de Silvino, Olhos Amarelos, superou a marca de 200 mil exibições na fanpage do artista.
Cantando por liberdade e aceitação, o clipe chegou aos olhos da cantora Elza Soares, sendo elogiado e compartilhado no Facebook da Mulher do Fim do Mundo. Em sua formação como músico, Silvino carrega um curso fundamental da Escola Técnica de Música e Dança Ivanildo Rebouças, em Cubatão.
Scuba Divers
No início do ano, quando o Blog n’ Roll indicou 12 bandas que você precisava escutar em 2017, o Scuba Divers estava lá. À época, o comentário foi: “Gosta de The Cure e Smiths? Não deixe de ouvir o som deles então. Scuba Divers parece ter saído de uma máquina do tempo. Nada datado, mas muito bem repaginado”. Nos últimos meses quase nada mudou. Ou melhor, um pouco, o som ficou ainda mais agradável.
O disco de estreia, homônimo, caiu no gosto da turma indie santista. I Wanna Die in London, um dos principais singles dos músicos é uma faixa que dá para ouvir no repeat sem se tornar chata ou cansativa. Na ativa desde 2014, a banda é formada por Maurício Teles, Daniel Teles, Iury Cascaes e Gabriel Ramacciotti “Rama”. Seus integrantes movimentam o cenário com festas.
Atlante
Os amigos Yago Jacques, Kevin Willian e Raphael Leandro integram uma banda desde 2010. Entre idas e vindas, mudanças de integrantes e sonoridade, eles atendem pelo nome Atlante desde setembro do ano passado. No início do ano, eles lançaram o primeiro EP, Novo Horizonte, com quatro sons autorais. Na atual fase, Thrice, Polar Bear Club, Bon Iver, The Felix Culpa e Sonic Youth são as influências mais perceptíveis no trabalho dos caras.
Frequentemente, a Atlante divide o palco com Heitor Vallim. Em um dos seus últimos shows, a banda promoveu uma session de rock and roll na Unisanta, durante o intervalo das aulas. A expectativa é que um disco cheio da Atlante seja lançado no próximo ano. Enquanto isso, os caras divulgaram o single Combustível. Vamos aguardar!
Geo
Quando a cantora Geo começou a se destacar nas listas do Spotify, muita gente mal imaginava que essa talentosa cantora era santista. Sim, Geo nasceu em Santos e mora em São Paulo. Aos 22 anos, ela alcançou um reconhecimento significativo nas plataformas de streaming com o single Cetim. Em atividade desde 2013, a cantora ganhou o carinhoso apelido de Sad Pop (pop triste, em português) pela sonoridade que muitas vezes remete ao som de Lana Del Rey, atração do próximo Lollapalooza Brasil. Seu trabalho autoral traz ainda influências do pop e R&B.
Na última sexta-feira, a cantora soltou o seu primeiro EP, Salva-Vidas, que segundo a própria a aproxima do som produzido por nomes como Banks, Florence + The Machine e Lorde. Ou seja, coisa boa!