A verve crua do rock da década de 1990 dá a tônica do álbum de estreia do powertrio Albatroz, de Porto Alegre, produzido no mítico estúdio Toca do Bandido (RJ). O lançamento é do selo Toca Discos.
Formada em 2021, com nome inspirado em um icônico poema francês – pai do simbolismo – Charles Baudelaire, a Albatroz une a experiência do baterista Mumu (El Negro e Veraloca) com músicos da nova geração do rock sulista, Henrique Albani (guitarra e vocal), José Otávio Larrea (baixo).
O debute, homônimo, com produção de Felipe Rodarte, é um prato cheio de ironia e sujeira. Traz 11 faixas que remetem ao grunge e ao rock alternativo noventista eternizado por Nirvana, Pixies e Leonard Cohen.
São músicas que apostam no minimalismo selvagem do rock de guitarra, baixo e bateria, sem overdubs e apenas com poucos backing vocals. Possuem riffs, vocais e batidas rasgadas, carregando a rebeldia simplória e estimulante do rock perpetrado nos anos 90.
A faixa de abertura, Flor de Liz, apresenta momentos limpos que de repente ganham uma abismal sujeira. Na música seguinte, Thorazine, o peso encorpado é latente, que remete também aos petardos do Stone Temple Pilots.
Albatroz é um enorme pássaro cego de um olho em ruas gritantes, pragmático, Albatroz é William Burroughs almoçando nu, em busca de respostas. Albatroz é, ainda, uma cicatriz pútrida da infância.