Gustavo Benjão é figura marcante na cena carioca dos últimos anos, com seu nome associado a projetos como Abayomy Afrobeat Orquestra e Do Amor e tendo se apresentado com artistas como Moreno Veloso, Nina Becker, Rodrigo Amarante e Lucas Santtana.
Agora, Benjão faz um novo mergulho solo em Axé, seu segundo disco. O lançamento do selo Pomar é uma coleção de oito canções inéditas que vão da celebração à indignação, do zen ao desastre.
Lost Xingu, o último single de Benjão, foi lançado em novembro de 2021. Em dezembro, ele já começava a gravar Axé, assinando todas as composições e gravando todos os instrumentos e vozes, além de produzir e mixar as canções.
Essa empreitada quase totalmente solo contou com Martin Scian, que masterizou, e Marcelo Callado, seu parceiro na Do Amor, participou do vocal de Ladeira do Pelourinho.
Entre lembranças saudosas – como a faixa dedicada a Callado, Ricardo Dias Gomes e Gabriel Bubu que recorda uma ida a Salvador – e a descrição de tragédias urbanas brasileiras – é o caso de Hiago, onde narra a morte de um jovem negro assassinado por um policial de folga -, Gustavo Benjão faz um retrato dual de um Brasil contraditório.
Enquanto os arranjos dançantes entregam uma riqueza polifônica, as letras saúdam a poesia dos encontros cotidianos com a natureza (Ave Papai), nossa pluralidade cultural e de fé (Ajayô), ao mesmo tempo que debatem o limite entre o abuso e a revolta (Terror Antiopressor) e resgatam relatos de africanos escravizados (Longe do Cais).
“Axé em Iorubá quer dizer energia vital de cada ser e energia positiva, energia que impulsiona a todos, que alegra e estimula. Axé também é como foi (e ainda é) chamada a música pop produzida na Bahia a partir do início dos anos 80. Uma música que me impulsionou em fazer um disco que tivesse não apenas algo de blocos, trios e bandas de axé music, mas também onde eu pudesse colocar instrumentos percussivos comuns ao samba, ao funk e a própria axé music, além de outros ritmos como arrocha, samba-reggae, lambada, pop e rock”, resume Benjão.