Tom Jobim dizia que a música brasileira é aquela que ri e que chora. Este é um bom ponto de partida para abordar a nova música de Emicida, Acabou, Mas Tem…, uma canção que sorri com uma ponta de dor.
A faixa, que tem produção assinada por Emicida e Damien Seth, carrega um pranto e um lamento emoldurados por uma harmonia que provoca esperança – algo que, de certa forma, reflete a dualidade do título do single.
Quando lançou AmarElo (2019), Emicida usou o termo “neo samba” para definir a sonoridade presente no trabalho. Dessa forma, ele propôs criar algo novo, poeticamente bonito e liricamente empolgante, contudo, tendo como guia a renovação de um gênero originalmente brasileiro.
Acabou, mas tem… chega como o encerramento do ciclo de AmarElo e também como evolução da incursão do artista pelo neo samba.
“O ápice dos gêneros passa. É efêmero. Mas os artistas que têm substância se mantêm. Eu acho que encontrei a linguagem da minha música, tenho me sentido instigado por esse exercício de criação”, ele comenta.
Ao iniciar aulas de flauta transversal, o rapper adicionou uma nova camada para o desenvolvimento dessa construção.
“A minha música é ancorada na palavra e estudar um instrumento tem servido pra me libertar de umas amarras bobas que eu mesmo criei, fugindo de uns estereótipos e caindo em outros. Essa coisa de neo samba é uma responsa, por isso fui estudar sério. Quero criar algo musical que dê orgulho aos meus ídolos”, complementa.
Com direção de Pedro Conti e Diego Maia, o videoclipe de Acabou, mas tem… reforça a dualidade ao representar a música por meio de uma animação, contrastando a suavidade do som com a dureza da letra.
Ouça Emicida, Acabou, Mas Tem…