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Dumdum tem uma das vozes mais marcantes do rap nacional (Foto: Divulgação)

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Entrevista | Facção Central – “Éramos o zica do bagulho”

O clássico grupo de rap nacional Facção Central está na ativa mais pesado do que nunca. É o que afirma Dumdum, atual líder e membro desde a primeira formação do grupo. Com previsão de lançamento para o começo de dezembro, o novo álbum é intitulado Inimigo n°1 do Estado e possui 17 faixas.

“Foram seis sessões de gravações minhas nos estúdios do DJ Pantera e depois voltei para o isolamento social. Estava difícil ficar em casa sem produzir, tivemos todos os cuidados para retomar esse projeto. Os refrãos e participações estão sendo captados agora separadamente por conta da pandemia”, explicou Dumdum.

A primeira faixa do trabalho é A Vida de Muitos, que tem participação de Deborah Crespo. A produção já está disponível no canal do YouTube do grupo. Segundo Dumdum, esse álbum pode ser considerado uma homenagem para todos os faccionários que aguardavam ansiosos por mais um trabalho do grupo.

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O legado do Facção Central

Dumdum tem uma das vozes mais marcantes do rap brasileiro e escreveu clássicos como Estrada da Dor 666, Eu Não Pedi Pra Nascer e Desculpa Mãe. Com quatro prêmios Hútuz, o Facção Central é um dos grupos sobreviventes da cena old school e segue se reinventando.

O grupo sempre dividiu a opinião pública por ter letras com um conteúdo contundente, realista e carregadas de muita ideologia. O Facção Central faz história no rap desde o início dos anos 1990 e para muitos fãs teve a sua era de ouro com a formação que contava com Eduardo Tadeu, Erick 12 e Dumdum.

Com letras fortes e um estilo que marcou o rap nacional, o Facção Central pode ser considerado um dos maiores grupos do gênero no País por ter inventado o horror core e hardcore hip hop.

A história do Facção Central

Vivendo em cortiços desde a infância na região central de São Paulo, os membros do FC sempre conviveram desde cedo com violência social, tráfico de drogas, vícios, violência policial, delegacias e presídios. De acordo com Dumdum, a melhor forma que encontraram de colocar para fora todo esse sofrimento e o passado triste foram fazendo rap.

Por conta das letras violentas, o rapper Dumdum já sofreu ameaças policiais por telefone, censura de algumas rádios, prisões pelo conteúdo de algumas letras. Até mesmo a proibição de veiculação na TV brasileira do videoclipe Isso Aqui é Uma Guerra, considerado pelas autoridades como apologia ao crime.

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“Para entender as nossas letras, muito favelado teve que pesquisar e começar a ler um livro ou se interessar por assuntos que não eram do cotidiano dele. A maior satisfação é saber que através de uma música minha consegui mudar a vida de uma outra pessoa. Na realidade, já foram vários jovens que chegaram em mim e disseram que traficava, roubava, cheirava e deixaram o submundo após ouvir uma canção do Facção. Isso não tem preço”, comentou Dumdum.  

A saída do Eduardo

Um dos assuntos que mais chamam a atenção dos faccionários é a saída do rapper Eduardo Tadeu do projeto do Facção Central. Eduardo anunciou a saída dele do grupo em março de 2013 em um vídeo postado no canal do rapper no YouTube. Em resumo, o motivo seria algumas desavenças e divergências relacionadas ao rumo do conteúdo do projeto.

“Em respeito a todas às pessoas que estiveram presentes nos meus shows, que durante anos participaram da minha ideologia e cantaram as letras que escrevi, quero avisar que não faço mais parte da banda que vocês se acostumaram a me ver cantar. A razão, em resumo, é que existia insatisfação da minha parte e da outra e decidimos que a melhor coisa era minha saída do grupo”, disse Eduardo, no vídeo que citado.

Para Dumdum, muitos fãs se acostumaram com a nova fase da carreira de ambos, mas ainda existe aquela nostalgia ao ouvir os sons antigos.

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“Até eu quando assisto o YouTube e vejo uns vídeos das antigas, penso comigo mesmo: éramos o zica do bagulho. Pois existia uma sintonia muito grande e nem precisávamos de ensaio para fazer o som que produzíamos”, relembra Dumdum com um sorriso no rosto.

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