Remobília é recomeço e reencontro. Isso fica claro em Ponto Final, novo single do projeto. O que pode parecer um contrassenso é, na verdade, um convite a refletir sobre os ciclos da vida e as dores de uma despedida. O olhar poético dos músicos – conhecidos como ex-integrantes da icônica Móveis Coloniais de Acaju – se soma ao flow potente da MC e poeta Kimani.
A faixa se une a Nós, Sol no Rosto e Jogo, prévia do primeiro álbum da nova banda que reúne o vocalista André Gonzales, o flautista Beto Mejía, o saxofonista Esdras Nogueira, o guitarrista e baixista Fernando Jatobá e o tecladista Gustavo Dreher.
A sonoridade ímpar do Móveis se faz presente nessa composição, porém sem deixar de olhar para outras referências, das brass bands que remetem ao tradicional jazz de New Orleans ao futurismo do Daft Punk, comprovando a versatilidade de Remobília. A nova canção dialoga com a ideia de valorizar as origens, porém buscando sempre o recomeço.
“A música fala sobre o significado de morte, fim, a partir de um olhar poético e de continuidade energética. Sabendo que haverá dor e sofrimento, mas com arte, amor e tempo, as coisas se assentam e continuam caminhando, curando cicatrizes”, resume o grupo.
As quase duas décadas que o quinteto compartilhou na estrada em seu último projeto culminam na familiaridade e sintonia musical traduzida como Remobília. Depois de trilharem caminhos solo, agora eles criam um novo espaço de explorações criativas que soma todas essas trajetórias.
Desde a última turnê do Móveis, André Gonzales voltou toda sua atenção para um forte e emocional trabalho com pessoas da terceira idade chamado o Sr. Gonzales Serenata Orquestra. Além de revisitar antigas canções em nova roupagem mais contemporânea e eletrônica, o grupo faz radionovelas para seu público.
Esdras colocou sua paixão no que sempre havia estudado e admirado, a música instrumental. Gravou quatro discos e excursionou pelo Brasil e Europa, e tem se destacado como um expoente da nova música instrumental brasileira.
Mejía pôs toda sua energia na paternidade e na criação de um projeto musical infantil chamado Onde o infinito é som, além de ter lançado outros dois outros trabalhos solo.
Mas estiveram colaborando entre si durante esse período. André sempre fez o design dos trabalhos do Beto. Esdras, Jatobá e Dreher tocam no projeto de Gonzales e Gustavo gravou todos os discos do saxofonista, além de ter mixado e gravado também alguns do Beto. Além disso, Mejía também compõe para o repertório do Sr. Gonzales, que participou com Esdras do disco infantil.
Em Remobília, todos esses elementos surgem repaginados, recombinados, redecorados. Gravados no estúdio de Jatobá, os novos singles tiveram uma produção coletiva, com André Gonzales assinando as capas e conceitos visuais do projeto.
Ouça Ponto Final