VINICIUS SOUZA
Formada em 2004, a banda inglesa TTNG (inicialmente conhecida como This Town Needs Guns) mudou a face do emo perante as críticas no ano de 2008 com o seu primeiro álbum de estúdio, intitulado de Animals.
Com uma estética mais puxada para o “math rock”, a banda desde sempre se mostrou um dos principais expoentes do movimento “emo revival”, buscando influencias de bandas do estilo midwest-emo dos anos 90 como American Football. O intuito era se distanciar da mainstream e voltar para as raízes do emo como um som menos comercial e mais autêntico.
O álbum reflete muito bem as intenções da banda em trazer uma sonoridade nem um pouco convencional, usando compassos adotados por bandas de rock progressivo e riffs de guitarras estranhos. Isso tudo aliado a uma bateria impecável e vocais que parecem se fundir com a melodia, faz com que o Animals seja um álbum “estranhamente perfeito”.
Como é de costume no gênero emo, as letras das músicas retratam um relacionamento que teve um fim, porém em Animals o que nós vemos é a jornada de um jovem e todas as fases do fim de um relacionamento até a aceitação. Em Chinchilla, a primeira música do disco, nos é introduzida uma relação conflituosa, com muitos altos e baixos, e que inevitavelmente teria um fim.
Após a primeira faixa de transição Quetzal, o narrador inicia a sua jornada na tentativa de superar a sua pessoa amada, porém sem encontrar sucesso imediato. Na faixa Panda nos deparamos com uma pessoa em constante conflito, que apesar de ter uma vontade de esquecer e superar, ele ainda se sente preso e de certa forma até culpado por não conseguir esquecer dos momentos bons.
Logo em seguida, nos deparamos com mais uma transição, mas desta vez o que nos aguarda após o seu fim é a segunda parte do álbum. Digo segunda parte, pois depois de Elk nós acompanhamos o narrador em suas recaídas, em Pig ele deixa claro que estará a espera pela volta da pessoa amada e que já havia perdoado as brigas passadas.
Apesar de mostrar que o relacionamento havia “dado o que tinha que dar” em Gibbon, ele segue correndo atrás como podemos ver nas demais músicas do álbum com exceção de Zebra, a faixa de encerramento.
O álbum então é fechado com o narrador reavaliando suas ações, e deixa um certo gosto amargo na boca, pois ele fala como se estivesse narrando alguns anos após todos esses acontecimentos, e aponta os seus próprios erros e arrependimentos, deixando a indicar que ele não superou esse termino.
Apesar de ser um final triste de certa forma, ele encaixa perfeitamente com a angustia de um término de relacionamento verdadeiro, o álbum inteiro passa sentimentos muito autênticos e não poderia ter um encerramento diferente a não ser um término em que o ouvinte possa se relacionar.