Identificar uma certa semelhança com a cantora Mallu Magalhães no início da carreira é inevitável. E, para a minha sorte, a cantora, compositora e multi-instrumentista carioca, Aline Loureiro de Miranda, de 22 anos, não ficou brava com essa observação. Pelo contrário, reconheceu a influência, mas sem deixar de mostrar outro ponto bem visível: ela possui a própria marca.
Nova aposta da Warner Music no Brasil, a cantora transita entre o folk e a MPB com sabedoria. Até o momento, apenas dois singles foram divulgados, mas vem muito mais por aí.
“Alguns amigos já me disseram isso, que dá uma lembradinha, mas não me incomodo nem um pouco. Na adolescência, cresci ouvindo música da Mallu. Pra mim está tudo ótimo, numa boa”, comentou, aos risos, sem demonstrar nenhuma insatisfação, algo muito comum entre os artistas.
Tal como nas canções, a voz de Miranda, como gosta de ser chamada, durante a entrevista também soa bem doce, suave e com repentes juvenis, principalmente nas ideias transmitidas.
“O que me inspira, na real mesmo, é a vida e tudo que acontece nela, as pessoas, a formiguinha que passa levando a folha, tudo de certa forma acaba me inspirando”.
Na última sexta-feira, Miranda lançou o seu segundo single, Agora, novamente com uma mensagem simples.
“É uma música sobre amor, sabe? Ela foi escrita para uma pessoa muito especial, uma música bem colorida. Eu tenho mania de ver cores em tudo e vejo várias cores nela. Quis passar esse sentimento de alegria, de ter alguém por perto”.
Falando assim parece até que Miranda destoa da maior parte dos seus contemporâneos, que não sonham mais com um namoro duradouro, um casamento ou viver um grande amor. Ledo engano.
“Não penso diferente do pessoal da minha idade. Acredito que a gente precisa viver o que tem para viver. A vida dá tanta coisa, aparece muita gente legal, gosto de viver o momento. Deixa a vida levar e ver no que vai dar”.
A jovem revelação afirma ser bastante eclética e tenta não se prender a um estilo. Apesar disso, cita como influências nomes como Los Hermanos, Tiê, Anavitória, Vanguart, Cícero e Móveis Coloniais de Acaju. “Identifico meu som como meio folk, meio indie e MPB”.
Para acompanhar, Miranda toca violão, ukelele e escaleta, instrumentos que preenchem os espaços de voz com o melhor das batidas indie, folk e MPB.
Em tempos onde as gravadoras têm apostado no funk e sertanejo, chega até ser uma surpresa o investimento em Miranda. A cantora revela, inclusive, que o pedido foi bem especial.
“Essa parceria me surpreendeu de forma que não consigo colocar em palavras. Quem entrou em contato comigo foi o Sergio Affonso, presidente da Warner. No início, eu tinha um canal bem pequeno no YouTube, gravava vídeos tocando as músicas, mas me mostrando apenas da boca para baixo. Não mostrava o resto do rosto. E o Sergio gostou da minha voz, chamou para conversar e até perguntou o motivo de não mostrar meu rosto. Mas acho que foi isso, a magia do mistério que chamou a atenção”, brinca a cantora.
E por falar em mistérios, ela não quis adiantar nada de suas novidades. “Meus planos futuros são continuar escrevendo, vivendo da música, levar uma vida calminha. Músicas novas, disco, tudo isso é um mistério, mas em breve saberemos”.
Mas quando fala em sonhos e projetos mais pé no chão, ela indica que a sequência deve render mais singles. “Meus planos são voltar a gravar na Toca do Bandido (lendário estúdio de gravação, onde ela registrou os dois primeiros sons). Claro que também quero fazer parcerias, tocar num festival, tudo é importante, mas por enquanto só quero que as pessoas me conheçam, se identifiquem. Não gosto de fazer planos de longo prazo”.
Ouça os dois singles já lançados por Miranda: