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Entrevista | Legião Urbana – “É muito triste ver que a música ainda faz sentido hoje”

Não é superstição, mas virou uma tradição na carreira da Legião Urbana. Basta os brasilienses anunciarem uma turnê e Santos já vem junto no pacote, sempre em posição de destaque. Na terça-feira (31) não foi diferente. Ao divulgarem a jornada comemorativa dos 30 anos de lançamento dos discos Dois e Que País é Este, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá colocaram a Cidade como ponto de partida, no dia 14 de setembro, abrindo a segunda edição do Santos Rock Festival, no Mendes Convention Center.

“É interessante isso. Temos uma ligação muito forte com Santos, desde os tempos da Heavy Metal, em 1983, passando pelo Caiçara e chegando na última apresentação na Reggae Night, em 1995. Então, sempre que vamos iniciar uma turnê incluímos Santos para abrir”, explica o guitarrista Dado-Villa Lobos, que concedeu entrevista exclusiva, por telefone, junto com o baterista, Marcelo Bonfá.

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Pode até parecer clichê a fala do guitarrista, mas na sequência ele mostra como as lembranças de Santos estão presentes.

“Recordo de ir com o Nasi para acompanhar um show do Ira! na Heavy Metal. Era um reduto da música, um antigo cinema transformado em casa de show. Foi a primeira vez que desci a serra, creio que nem existia a Imigrantes ainda, fomos pela Anchieta, curtindo as curvas da estrada de Santos, tal como na música do Robertão. A cidade tem um astral diferente. E naquela oportunidade, aproveitamos para marcar o primeiro show da Legião em Santos”.

Dado, que faz questão de frisar que a Legião acabou em 1996, segue com a ideia de relembrar os sucessos da banda junto com músicos convidados, tal como fez na jornada comemorativa dos 30 anos do primeiro disco. Além dele e Bonfá, o vocalista André Frateschi, Lucas Vasconcellos (guitarra e violão), Roberto Pollo (teclado e programação) e Mauro Berman (baixo) completam o time.

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“Na última turnê, nós tocamos seis meses a mais do que o programado e ficou um gostinho de quero mais. Foi uma sensação incrível, vimos crianças de 10 anos curtindo o show com os pais. Queremos seguir relembrando fase a fase da Legião. Isso é uma forma de pontuarmos e entendermos melhor tudo que produzimos”, argumenta Bonfá, que reforça não ter feito tantos shows com Renato como fizeram na última jornada, com mais de 100 apresentações.

Confira abaixo o que Dado Villa-Lobos comentou sobre os dois discos celebrados na turnê

Dois
“Falávamos muito sobre a síndrome do segundo disco. O Renato Russo sempre foi um cara muito ligado à história do rock. Eu era um moleque de 21, 22 anos, mas que sentia o peso, assim como os outros integrantes, de fazer um grande disco. Mudamos um pouco a nossa sonoridade, tive aulas para aprimorar a minha técnica, inserir intervalos harmônicos nas faixas.

Naquele momento eu estava entre João Gilberto e Killing Joke, mas o Renato me apresentou Neil Young e outros nomes fortes também. É um disco marcante por reunir alguns dos grandes sucessos da banda como Tempo Perdido, Eduardo e Mônica, Índios, Daniel na Cova dos Leões. Era um grande desafio, mas conseguimos nos estabelecer como banda e começamos a tocar em lugares maiores”.

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Que País é Este
“Este disco veio para cumprir o contrato que tínhamos com a gravadora EMI. O Renato queria muito gravar essas músicas do Aborto Elétrico, que são do fim dos anos 1970, antes que alguém gravasse ou caíssem no esquecimento. Foi muito legal para mim. Com 15 anos já escutava o Aborto, era uma referência musical para mim.

Foi muito rápido para gravar também, não tínhamos grandes expectativas com esse trabalho. Esse disco fechou a trilogia Brasília da Legião, que foi um pouco quebrada com o Dois, onde experimentamos outras sonoridades. E foi justo nessa fase do Que País é Este, que fizemos aquele fatídico show no estádio Mané Garrincha, em Brasília. E o público não queria mais a Legião em Brasília, então fomos embora para o Rio, abrindo uma nova fase com os discos seguintes.

Demoramos um mês para gravar, 15 dias gravando e mais 15 mixando. A mixagem é um processo chato, então para fugirmos dele, eu e o Negrete (Renato Rocha, baixista) desenvolvemos uma nova modalidade esportiva, o vôlei de estúdio. Colocamos três biombos na “quadra” e passamos a jogar com frequência. Tinha até uma fila no estúdio com o pessoal querendo jogar junto. Eu e o Negrete fomos os campeões. Quando terminava o dia, íamos ouvir as mixagens.

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Sobre a faixa-título, penso que é um sentimento velho e anacrônico. Ela foi gravada pela primeira vez em 1979, com o militarismo em alta, durante a gestão do João Figueiredo. É muito triste ver que a música ainda faz sentido hoje. Tudo piorou, as cidades cresceram, os problemas também, a violência, a pobreza. Adoraria não ter que cantar mais essa música, por isso que introduzimos uma ironia nela nos shows. Antecede com uma versão horrível do hino nacional ou a música do pintinho.

Serviço
Data: 14/09

Horário: abertura dos portões 21h, show 23h30

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Local: Mendes Convention Center – Av. Gen. Francisco Glicério, 206 – Gonzaga – Santos/SP

Capacidade: 3000 pessoas

Telefone: (13) 3228-7500

Ingressos: Pista – R$80,00 / R$ 40,00 — Pista Premium – R$100,00 / R$ 50,00 — Área VIP open bar – R$120,00

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Site: Ingresso na Net

Classificação: 18 anos

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