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Entrevista | DJ Mam – “A gente está mostrando de norte a sul um pouco do Brasil para o público”

Em uma conversa exclusiva com o Blog n’ Roll, o DJ Mam compartilhou detalhes sobre sua participação na Casa Brasil durante os Jogos Olímpicos de Paris, seu novo single em colaboração com o Bixiga 70, e as influências que moldaram sua carreira.

DJ Mam, conhecido por sua capacidade de mesclar ritmos brasileiros com música eletrônica, foi uma das principais atrações da Casa Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris. Durante a entrevista, ele descreveu a experiência como “incrível” e destacou a importância de mostrar a diversidade da cultura popular brasileira através de música e dança.

“Estamos mostrando de norte a sul um pouco do Brasil para o público, e a pista tem estado cheia com brasileiros, franceses e turistas do mundo inteiro curtindo nossos ritmos.”

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Além disso, o DJ Mam falou sobre o lançamento de seu novo single 100%13, em parceria com o Bixiga 70, onde ele explorou novas sonoridades ao fundir o orgânico e o eletrônico. “Acentuei a parte rítmica da faixa e fiz microedições que deram um ar contemporâneo à música, sem perder sua essência.”

Mam também relembrou sua trajetória e mencionou os álbuns e artistas que mais influenciaram sua carreira, desde Michael Jackson até Gilberto Gil e Fela Kuti, destacando como esses mestres moldaram sua identidade musical. “Essas influências estão presentes em tudo o que faço, do samba ao funk, e sempre busco trazer essa diversidade para minhas produções.”

Confira a entrevista completa abaixo.

Como tem sido a experiência na Casa Brasil? O que mais chama a sua atenção aí?

Experiência na Casa Brasil tem sido incrível poder mostrar um pouco da diversidade da nossa cultura popular, da nossa música, através das danças, porque é assim que a gente tem proposto através do convite que a Embratur fez para musicar as atividades todos os dias de 16h30 às 18h com um grupo de dança.

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Então a gente tem um dia que tem um passinho que mostra o nosso funk carioca, a forma de dançar do funk carioca, que hoje é tombado como patrimônio do Rio de Janeiro, o carimbó que é patrimônio do Pará e por aí vai. A gente está mostrando de norte a sul um pouco do Brasil para o público e a pista tem estado cheia. Desde brasileiros, franceses e turistas do mundo inteiro, estão curtindo os nossos ritmos.

E através dos ritmos, nas letras das músicas, a gente fala também da nossa gastronomia, da nossa cultura. Tem sido bem legal. E foi uma experiência alucinante estar no palco no dia que a Rebeca Andrade e a nossa equipe de ginastas brasileiras estavam conquistando as suas primeiras medalhas aqui nos Jogos Olímpicos de Paris. Rebeca que veio a ser a nossa grande medalhista no ouro. E eu estava no palco principal fazendo o meu show.

E ali, tocando clássicos da música popular brasileira como Aquarela Brasileira, versão remix que fiz com o Ruxell e a Fernanda Abreu, as autorais minhas, como o Sambarimbó, que funde justamente o samba do Rio de Janeiro com o Carimbó do Pará. Tá sendo muito legal. E, enfim, ainda temos mais alguns dias até fechar esse ciclo. 17 datas aqui em Paris.

Falando sobre o novo single, 100%13, você já havia trabalhado com o Bixiga 70? Como se conheceram?

Eu conheci a galera do Bixiga 70 entre 2015 e 2016, eles estavam se apresentando na Virada Cultural de São Paulo. Existia uma comitiva de jornalistas da França que foram a São Paulo para nos entrevistar. Eu fiz uma festa para esses jornalistas. E aí a gente tinha sido convidado, tanto pelo governo de São Paulo quanto pelo governo federal, através da BMA (Brasil Música e Artes), que é um departamento ligado, uma associação ligada à parceira da Apex, que promove a cultura brasileira através da música, nesse caso. E nós viemos promover o estado de São Paulo e portanto a cultura brasileira também através da música. Junto com artistas de São Paulo.

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Eu fui o único artista representando o Brasil, por ser carioca, e eu, Bixiga 70, Criolo, Tulipa Ruiz, a gente veio para Paris no ano seguinte, em 2016. Então foi a segunda vez. Vi o Bixiga 70 pela primeira vez no palco, na Virada Cultural de São Paulo, em 2015. Em 2016 a gente estava junto aqui no Festival d’Ile de France, que estava homenageando São Paulo e, portanto, o Brasil, junto com esses outros artistas, Tulipa Ruiz, Criolo, Meta Meta, dentre outros.

E naquele mesmo ano a World Music Expo, a Womex, que veio acontecer em outubro em Budapeste, estava lançando uma coletânea onde os DJs da Global Club Music Network, do qual faço parte, e nós fazemos as festas de abertura dessa Womex todo ano, que essa feira acontece anualmente, passeando aqui pelas capitais e principais cidades da Europa.

Em 2016, depois do Festival d’Ile de France, nós, na festa de abertura da Womex, foi lançada uma coleção promocional onde os artistas que já haviam passado pelos shows cases, artistas brasileiros e do mundo todo, que já haviam passado pelos shows cases da Womex, seriam remixados. E escolhi remixar o Bixiga 70, que já havia passado pela Womex em anos anteriores. E ali, gerei essa faixa 100% 13. Dali que surgiu, inclusive, a ideia de ter essa parceria com o Bixiga 70.

Na sua opinião, qual foi o ponto que deixou essa faixa ainda mais especial?

Acho que o que tornou essa faixa especial é que preservei a estrutura dela original e acentuei o que mais me tocava na faixa, que é a parte rítmica, ela tem em torno de 94 BPM, batidas por minuto. Ela seria um down tempo na música eletrônica. E eu acentuei o kick, que é o grave, o bumbo dela, botando uma textura mais sintética, preservando a analógica e valorizando ela com um kick da MPC 808. E fiz microedits, microedições e com efeitos nos ataques de metais. Acho que isso deu um tcham, um pla especial na música, né?

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Também valorizei o hi-hat, que é o contratempo, com microedições, como a gente tem atualmente na música eletrônica, na música pop, no trap, que deu um ar contemporâneo para a música. Mas ela está bem orgânica, se mantém orgânica, se mantém com a pegada da dress band, mas com um flerte com a música eletrônica, para ela estar tocando nas pistas de dança. Tem sido muito bem aceita.

O que trouxe de inspirações e influências para essa faixa? 

Bem, tem um álbum do Kumpania Algazarra, de Portugal, que eles fizeram uma versão de uma das músicas, eles fizeram metais que geram uma repetição nos ataques de metais, né? Eles ficam repetidos de forma que dá uma sensação eletrônica nos ataques de metais. Então, isso foi uma inspiração para fazer os microedits e nesse deja vu que dá um tempo dos dias atuais. É esse estilo musical eletrônico que fica numa variação entre 80, 90, BPM, uma música eletrônica mais lenta, mais cool, mais jazz.

O que vem por aí após a participação na Casa Brasil em Paris?

Após a Casa Brasil, vou me concentrar no lançamento de uma parceria com a Daniela Mercury chamada Macunaíma, uma letra que ela escreveu com o nosso já saudoso grande mestre Zé Celso. E na voz da Daniela Mercury, a gente faz a releitura de Macunaíma junto com o meu parceiro, o produtor musical Ruxell. A faixa sai em setembro.

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Para os palcos, vou participar do Sabura Festival no dia 1º de setembro. Então setembro vai ser um mês farto de agenda em Portugal. No Sabura Festival, a gente lança um movimento chamado FFF, que é um manifesto onde tô reunindo estilos musicais populares que já foram marginalizados em seus países de origem: o funk carioca, o fado e o funaná. Funk carioca, como já diz o nome, vindo do Rio de Janeiro, Brasil, o fado de Portugal e o funaná de Cabo Verde.

E aí é uma parceria minha com o artista Dino d’Santiago, que é o maior nome da música portuguesa atualmente, um português de ascendência caboverdeana. Essa é uma ideia que veio do curador do Sabura Festival, que é um grande amigo, o Marcos Esteves.

E a gente vai trabalhar durante o mês de setembro na produção musical da primeira faixa do projeto FFF. A minha ideia está fazendo o pré-lançamento dela no dia 27 de setembro, onde a gente tem uma agenda no Porto.

Vou estar na festa Sotaque Carregado, junto com o show do Criolo, na Casa da Música, a maior casa de cultura de Portugal. E no dia 28, junto com Dino d’Santiago, que vai estar comigo no Sabura Festival no começo de setembro, ele também vai encerrar a turnê.

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Por fim, vou participar de um festival dele chamado Mundo Novo. É um festival que vai acontecer em praça pública gratuitamente em Lisboa. E também participam desse festival grandes nomes da música lusófona, como Maira de Andrade, de Cabo Verde, Criolo também do Brasil, eu, o DJ Berlock, que vai participar também da produção musical dessa primeira faixa do FFF, do Funk, Fado, Funaná.

Quais os três álbuns que mais te influenciaram como artista? Por que?

Olha, responder assim de prima quais os três álbuns que mais me influenciaram, eu acho que demoraria um bom tempo para refletir, para não ser injusto com a minha história e com os mestres, mas posso dizer alguns álbuns que me influenciaram e alguns artistas que me influenciaram sem me ater a números e ordem de grandeza.

Com certeza no plano internacional está Michael Jackson. E aí grandes álbuns do Michael Jackson, como o Thriller, que pode ser um álbum que me influenciou bastante, ele tá no meu disco de alguma forma.

Fela Kuti me influenciou bastante também. E no Brasil, Gilberto Gil, mas assim como outros grandes mestres, mas vou tentar focar nesses três artistas que acho que me influenciaram.

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Com certeza tenho Clara Nunes também muito na minha raiz. Acho que o samba, o funk com certeza, a gente pode trazer também o Afrika Bambaataa no Soulsonic Force, que foi uma grande inspiração na minha vida, na minha carreira. São americanos, assim como Michael Jackson. Fela Kuti nigeriano, o Gil e a Clara Nunes brasileiros.

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