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Entrevista | Fontaines D.C. – “Estou muito animado com a possibilidade de ir ao Brasil, mas adoraria ir ao Carnaval”

A banda irlandesa Fontaines D.C. vive um momento especial. Prestes a lançar o quarto álbum de estúdio, Romance, o grupo já inicia uma longa jornada por festivais e shows solos neste mês. A lista inclui Glastonbury, Leed e Reading (Inglaterra), Fuji Rock (Japão), Sziget (Hungria), Southside (Alemanha), entre dezenas de datas nos Estados Unidos, Canadá e Europa. A agenda está lotada até dezembro.

Em entrevista ao Blog n’ Roll, o baterista do Fontaines D.C., Tom Coll, disse que o Brasil pode entrar na rota no próximo ano. Pelo menos esse é o desejo dele. “Eu adoraria, esperemos que no próximo ano”. Aliás, o músico já surgiu até uma data para isso: “Gostaria muito de ir ao Carnaval”, comentou.

Ainda na mesma entrevista, Coll falou sobre o atual momento da banda, o disco novo, além da influência do samba em seu jeito de tocar o instrumento, entre outros assuntos. Confira abaixo.

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Romance, o novo álbum do Fontaines, é descrito pelo material de divulgação como o mais ambicioso e expansivo da banda. Em qual sentido?

Acho que é uma nova era para nós, espero. Nós meio que fizemos três discos com duas guitarras, o baixo, e é meio que algo um pouco novo.

A ideia do álbum é lidar com as diferentes facetas do romance. É uma palavra forte. É como lidar com o tipo de doçura estereotipada disso, mas também o tipo de dureza e escuridão que às vezes vem com isso.

O primeiro som de Romance, Starbuster, realmente foge das características sonoras do Fontaines. Como é para vocês entrar no estúdio com o objetivo de não seguir uma fórmula pronta?

Suponho que tenha sido o primeiro álbum em que meio que nos afastamos da guitarra, do jeito que o público conhece. Tem sido uma experiência muito interessante, sinto que desta vez usamos o estúdio mais como um instrumento.

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Tem muita coisa eletrônica e muitas cordas, entre outras coisas. Então, sinto que tem sido uma nova maneira de escrever para nós.

Muitas das músicas não foram finalizadas quando entraram no estúdio. Então, foi uma experiência legal passar três semanas em Paris e tentar colocá-las todas no mesmo mundo, sabe?

E por que vocês decidiram gravar em Paris? 

Tem um estúdio incrível chamado La Frette, é como uma casa francesa antiga. Lá, eles têm um estúdio no porão, meio intocado, algo meio dos anos 1970. Então é incrível esse mundo em que vivemos por três semanas.

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Ao mesmo tempo, foi muito parecido com uma cabin fever (explicação: sensação de tédio e inquietação que temos quando passamos muito tempo confinado em um local). Nós meio que dormimos entre vários amplificadores e equipamentos de estúdio, coisas assim. Mas foi muito, muito envolvente.

O Fontaines estourou com o álbum Dogrel no período pré-pandemia. A pandemia atrapalhou de alguma forma o aumento do alcance de vocês mundialmente?

Acho que sim. Lançarmos nosso segundo álbum (A Hero’s Death, de 2020) durante a pandemia, foi um momento meio estranho. E nós realmente não fizemos turnê com esse disco, não fizemos a América do Sul, por exemplo.

Só estivemos na Ásia muito, muito, muito recentemente. Então sinto que isso definitivamente atrapalhou nossa turnê por outros lugares.

Por outro lado, foi bom continuar lançando músicas durante todo esse tempo, isso nos deu algo para fazer e manteve o fogo da escrita.

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Mas respondendo sua pergunta, sinto que provavelmente isso atrapalhou de algumas maneiras, com certeza.

O que motivou a mudança de Dublin para Londres, atual base da banda?

O Grian (Chatten, vocalista) se mudou para Londres com a noiva um pouco antes de todo mundo. Então, três de nós estávamos em Dublin, ele estava em Londres e um estava em Paris. Era como se estivéssemos em todos os lugares.

Tentamos fazer isso como banda por um tempo e percebemos o quão difícil seria. Foi quando decidimos vir para Londres iniciar o terceiro disco (Skinty Fia, 2022).

Esperava ficar aqui por dois meses, mas já se passaram três anos e ainda estou aqui. Mas tem sido bom ter uma espécie de experiência de vida em uma grande cidade, cosmopolita, é ótimo.

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Quando se fala sobre a renovação do rock e a queda na popularidade do gênero no mundo, associam isso a ausência de uma cena maior e mais unida. Você concorda? O Fontaines D.C. pode ser o líder desse movimento?

Essa é uma pergunta interessante. Eu sinto que o rock ainda é enorme fora da Europa. Fizemos um show na Cidade do México com o Arctic Monkeys, no ano passado, e foi louco ver as pessoas tão animadas.

Sinto que ficamos um pouco mais pesados e nos inclinamos um pouco mais para a linha de frente do rock, o que é muito divertido. Mas não sei como será, essas coisas sempre chegam como ondas.

Havia uma espécie de cena pós-punk em Londres alguns anos atrás, na qual fomos inseridos. Acredito que as pessoas sempre vão gostar desse tipo de gênero, mas não estou preocupado como será daqui pra frente.

Como você avalia a evolução do Fontaines, do Dogrel até Romance? O que mais mudou para vocês?

Recentemente celebramos o aniversário de cinco anos do Dogrel. Aliás, nós encontramos para tomar uma bebida em Londres, foi divertido. Nesse mesmo período, estava voltando para casa e ouvi Dogrel pela primeira vez em anos. É bom voltar àquele momento, tenho mais vontade de ouvir agora, sendo um pouco mais velho.

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Dogrel é tão jovem e simples, meio direto, o que é legal. Foi uma coisa legal ir e fazer como um algo de memória.

Sinto que, em cada álbum, tentamos e tentamos ampliar um pouco mais o escopo do som. Acho que esse álbum (Romance) é provavelmente o mais expansivo em todos os sentidos, o mais introspectivo tematicamente.

O primeiro disco foi muito sobre Dublin, o segundo foi estar longe, o terceiro foi ser um irlandês em Londres. Então, eu sinto um pouco mais. É um pouco mais introspectivo, mais ou menos. Vem mais do coração, mais de dentro.

Dublin é uma cidade muito jovem. Londres é mais intensiva, introspectiva.

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Talvez eles não olhem para você, certo? Você é apenas mais um.

Sim, Londres é uma cidade bastante impessoal. Dublin tem um forte senso de comunidade, algo bem irlandês na verdade. Londres tem isso até certo ponto só. Sinto que isso se presta mais.

Mas o que há de tão bom em Londres é que há tantas culturas diferentes em um espaço relativamente pequeno. Se você for a Brixton, você terá o tipo de cultura afro-caribenha. E eu moro no leste de Londres, uma espécie de bairro turco. É só um pouco da miscelânea cultural, eu amo.

Sinto muita falta de Dublin, claro. Dublin é realmente especial em termos de como as pessoas são umas com as outras. Então, sinto que Londres tem menos disso.

Existe alguma possibilidade do Fontaine vir ao Brasil em breve? 

Adoraria, eu adoraria ir, esperemos que no próximo ano.

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E o que você sabe sobre o país e/ou fãs brasileiros?

Por incrível que pareça, eu toquei em uma banda de samba quando era muito jovem. Foi a primeira vez que toquei bateria, no oeste da Irlanda.

Estou muito animado com a possibilidade de ir ao Brasil, mas adoraria ir ao Carnaval, acho que seria incrível.

Você tem que vir para uma quadra de escola de samba 

Sim, eu adoraria isso. Sinto que o Brasil tem uma marca estranhamente musical em mim.

Como isso influenciou você como artista?

Era uma espécie de grupo comunitário de samba, fiz isso na escola. 

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Tinham brasileiros nesse grupo? 

Não, eram muitos irlandeses tocando samba mesmo. Acho que foi criado pelo meu pai, foi tão estranho. Eram muitas pessoas no oeste da Irlanda tocando samba muito mal, muito, muito mal.

Mas sinto que há algo realmente especial em um grande grupo de pessoas tocando bateria juntas, é uma mistura poderosa.

E quais são os três álbuns que mais influenciaram você ao longo de sua carreira e por quê? 

Era um grande fã do Led Zeppelin quando mais jovem, então sinto que John Bonham é uma grande inspiração para mim na bateria.

Também estou escutando muito o Cerimony, uma banda de hardcore norte-americana. Eles são muito, muito legais. Eles têm sido minha novidade.

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O Broadcast é uma banda que foi muito importante para o Fontaines, com certeza. Sinto que nosso novo álbum é como se eu estivesse ouvindo muito eles, assim como Smashing Pumpkins e Deftones, além de algumas coisas mais pesadas.

A influência muda muito conforme o tempo. O primeiro disco que ouvi e quis tocar bateria foi American Idiot, do Green Day. Foi como se fosse um começo de rock and roll, eu tinha 13 anos. Isso foi uma grande influência, com certeza. E realmente gosto de ouvi-lo repetidamente.

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