Recentemente, o Blog n’ Roll divulgou o lançamento do álbum digital Caleidoscópio – Um Tributo Ibero-Americano aos Paralamas do Sucesso, lançado pelo site Scream & Yell, que reúne bandas da Argentina, Uruguai, Bolívia, Colômbia, Portugal, Peru, Venezuela, Costa Rica, Estados Unidos, Brasil e Chile.
Com uma grande repercussão no dia da postagem, conversamos com Leonardo Vinhas, jornalista responsável pela produção executiva de Caleidoscópio e co-curador do disco, em parceria com Andrés Correa. Confira o bate papo abaixo.
DOWNLOAD GRATUITO DE “CALEIDOSCÓPIO” EM MP3: RAR /ZIP
Como surgiu o contato com essas bandas para o tributo? Foi difícil reunir essa turma?
“Reunir” não é bem a expressão exata, já que cada um gravou em seu respectivo país. Eu tinha a ideia do projeto rodando na minha cabeça há mais de um ano, e já tinha claro algumas das bandas que queria convidar. Mas a coisa só tomou forma quando o colombiano Andrés Correa entrou na história.
Discutimos o conceito que buscávamos para o disco, definimos cerca de 40 artistas que achávamos que se encaixavam, e a partir daí fomos entrando em contato com eles, vendo quem poderia participar no prazo e nas condições que dispúnhamos.
Chegamos a 25 nomes, dos quais ficaram 21 (são 18 faixas, mas três delas envolvem a parceria de dois artistas diferentes) – quatro deles acabaram não conseguindo cumprir o prazo.
Já teve algum feedback do Paralamas? O que a banda achou do trabalho?
Sim, e foi muito positivo. Eles até gravaram um vídeo em agradecimento, que legendamos e oferecemos à revista Rolling Stone (veja aqui). Sei que o João Barone também deu um feedback pessoal a alguns músicos com quem ele conseguiu se encontrar pessoalmente ou via redes sociais, como o Martinuci (vocalista e guitarrista do Stilnovisti, banda curitibana que gravou “O Rouxinol e a Rosa”), o Jorge Olazo (percussionista do Bareto, peruanos que recriaram “Uma Brasileira”) e o Nevilton (que refez “Ela Disse Adeus” com os norte-americanos Wallburds).
Recentemente, falando para a equipe de imprensa do festival Porão do Rock, o Barone voltou a destacar o quanto eles gostaram de “Ela Disse Adeus”. Sei também que “Linterna de los Afiebrados”, feita pelos argentinos do Crema del Cielo, agradou bastante.
Sabia da relevância do Paralamas na Argentina e Uruguai, mas desconhecia essa ligação com outros países. Na sua opinião, o que representa o Paralamas do Sucesso na América Latina?
É difícil dar um significado único, a banda chegou de diferentes maneiras a cada região. Pense que no Panamá eles ganharam até título de cidadãos honorários em uma cidade! (infelizmente não me lembro o nome). Em alguns lugares, eles são lembrados como uma banda muito “anos 90”: marcou fortemente o período mas depois já não foram tão representativos. Em outros, eles são percebidos como uma das maiores forças do pop brasileiro.
O que se pode dizer seguramente é que, independentemente dessas percepções, eles são vistos como a banda brasileira que efetivamente conseguiu se comunicar com o resto da América Latina, tanto em nível poético como em nível musical. Eles são reconhecidos tanto pelo público como por outros artistas – por muito mais gente que aqueles presentes na coletânea.
Alguns, como os argentinos Fito Paez e Charly García, viraram até mesmo parceiros da banda, em composições e gravações. E olha, pelo feedback que venho tentando de alguns músicos da Colômbia, do Peru, do Uruguai, da Argentina e da Venezuela, se nós quiséssemos fazer um “Caleidoscópio volume 2” já teríamos um elenco completo.