Marcelo D2 está de volta na área. E agora o mais acessível possível. Assim Tocam os Meus Tambores, seu novo projeto, terá todo o processo de criação compartilhado ao vivo com o público através das redes sociais do artista.
A princípio serão dois EPs novos nas próximas semanas: um de rap, outro de samba. A ideia de fazer tudo transmitido veio após um convite da Twitch, plataforma de streaming tradicional entre gamers que vem investindo pesado em canais de música, fazendo frente ao YouTube.
“Desde o começo a minha ideia era fazer um movimento artístico lá dentro (no Twitch). Quase todo dia estou fazendo uma live, mas nada que realmente seja do meu universo de arte, o que sei fazer. Acabei de fazer um movimento lá dentro, que vai se chamar Assim Tocam os Meus Tambores. E é bem explicativo. Eu pergunto: você sabe como se faz um disco ao vivo via streaming? Não. Nem eu. Não tenho nada pronto ainda. Quero fazer um disco com seis músicas em 30 dias. Depois tiro um mês de descanso e repito esse processo. Vou começar pelo rap”.
Lives temáticas e diárias
A agenda de D2 está realmente atribulada na pandemia. Aos sábados ele promove a live Almoço dos Cria, no qual ele, a mãe e a esposa cozinham e fazem um DJ set por duas horas. Às segundas é a vez da Resistência Cultural, no qual na companhia da esposa, ele fala sobre cultura. Quarta-feira é dia de 4a às 20, que realiza debates sobre o universo canábico, sempre com convidados. E quinta-feira é hora de live com os filhos, jogando videogame.
Processo de criação do EP
Sobre como será a gravação do projeto, D2 afirma que fará tudo de casa e vai convidar músicos como Marisa Monte, Marcos Valle, João Paraíba.
“Faço a live com eles, com as batidas prontas. A minha ideia é escrever as letras na frente de todo mundo, com a participação do chat. Quero que a galera ajude a escrever as letras, fazer as melodias. O processo artístico será com o Flip, na frente de todo mundo. A parte de fotografia terá o Ronaldo Landi, que é fotógrafo de cinema, e o You Know My Face, que me acompanha há muito tempo. Tudo isso pode ser via live também. Eles me fotografam da casa deles”.
A expectativa é que todo o projeto de rap seja concluído no dia 1 de agosto. “Vai depender muito da demanda. Se eu estiver enrolado, vou fazer diário. A galera vai ter que acompanhar. O que sei é que nada sei. A gente vai aprendendo no caminho. Não sei como vou gravar o João Paraíba tocando bateria na casa dele, por exemplo. Vamos aprender isso no dia a dia”.
Marcelo D2 sem medo de errar
O carioca comenta que o mais chamou a atenção na hora de fechar com a Twitch foi justamente o processo de colaboração via chat muito grande.
“Facebook e Instagram também tem, mas a galera participa de forma mais ativa. Me senti como nos tempos do MySpace. É o futuro, e o futuro é agora. Nós fomos empurrados para o futuro com essa quarentena”.
O vocalista do Planet Hemp afirma estar feliz, empolgado e ansioso com todo o processo que envolve o Assim Tocam os Meus Tambores.
“É uma exposição gigante. Eu sei que vou acertar e errar ali dentro, mas não tenho medo algum disso. Não quero me pintar como um cara perfeito, mas estou ansioso porque tenho a oportunidade de fazer uma limonada com um limão”.
Crítica social, marca de Marcelo D2
Um tema certamente não passará batido no novo trabalho de Marcelo D2: governo Bolsonaro. Para o músico é impossível gravar um álbum sem fazer críticas. “Eu costumava falar que queria fazer rap como Bezerra Silva fazia samba, com crítica social”.
Crítico ferrenho de Bolsonaro nas redes sociais, D2 diz que fica assustado de ver que ainda existem apoiadores do presidente.
“A gente fala muito do Bolsonaro e do governo, mas ele tem apoiadores. Isso é assustador. Não está lá à toa. É assustador porque o Bolsonaro está aí há 27 anos e não fez porra nenhuma. Curtindo na Câmara e na presidência com o dinheiro público. O que é assustador é pensar qual foi o ponto que dissemos que esse verme tinha que ser presidente. Homofóbico, racista, ele é um pacote completo de preconceitos. É óbvio que tudo isso estará no meu disco”.Marcelo D2
O músico vai além e acredita que dificilmente Bolsonaro conclua o seu governo. Em resumo, pensa que muitas ações fizeram as pessoas mudarem de ideia.
“Eu acho difícil ele chegar até lá (2022). Com tanto escândalo envolvendo a família. Depois de quatro anos dessa pandemia da família de milicianos, o Brasil certamente mudará. A maioria da população já se ligou que ele não presta, inclusive pessoas que votaram nele”.
Para acompanhar a criação do novo EP de Marcelo D2, acesse a página dele no Twitch. É lá que você poderá curtir a quarentena com o músico.