Faltam poucas semanas para a We Are One Tour deste ano! De 5 a 8 de outubro, a turnê passará por Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Em seguida, partirá para Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Costa Rica.
Prestes a desembarcar para suas primeiras apresentações no Brasil, a americana Much The Same falou com exclusividade ao Blog N’ Roll sobre suas expectativas para os shows, seu período de hiato, evolução musical e o próximo trabalho da banda, que poderá ser gravado no ano que vem.
Formada por Chris McGrath (Gunner, vocal e guitarra), Franky Tsoukalas (baixo e backvocal), Dan O’Gorman (guitarra e backvocal) e Jevin Kaye (bateria), a banda de Chicago é uma das maiores representantes do skate punk que dominou o final dos anos 90.
Em 2007, o grupo pausou suas atividades após o lançamento do álbum Survive (2006) para que os integrantes focassem em suas atividades pessoais. Em 2015, eles voltaram à ativa e tem feito uma série de apresentações.
Em outubro, na We Are One Tour, a Much The Same dividirá o palco com outras grandes bandas de hardcore, como Face to Face, The Decline, The Fullblast, Ignite e a brasileira Pense. Veja informações sobre o evento no final da entrevista.
Esta é a primeira vez de vocês no Brasil? Quais são suas expectativas sobre o festival e as plateias brasileiras?
Franky: É a nossa primeira vez no Brasil. Levando em consideração todas as respostas esmagadoras que ouvimos todos estes anos sobre o público brasileiro, estamos esperando que seja incrível! Especialmente com este lineup. Vai ser ótimo!
O que aconteceu no período do hiato? E o que realmente fez a Much The Same voltar e decidir dar uma nova chance à banda?
Franky: A maioria de nós focou na vida pessoal e na carreira. A maior parte da banda se casou e teve filhos neste período.
Dan e Frank tiveram algumas bandas aqui e ali. Jevin teve uma banda chamada Unit 91 com membros da Counterpunch.
Atualmente, Frank tem uma banda chamada Burn Rebuild que é bastante ativa e está prestes a lançar um segundo EP.
Gunner: Os caras me chamaram algumas vezes para que nós voltássemos, mas eu não estava pronto. Eu tinha muito o que crescer ainda, para ser honesto. Eu tinha que aprender como ser uma pessoa mais gentil e respeitosa; eu tinha que aprender como ser eu mesmo sem basear minha identidade no que as outras pessoas pensavam de mim.
É mais ou menos o que eu sempre pensei que o punk rock se baseasse, mas eu descobri que eu não estava seguindo isso direito. Então depois de alguns anos eu finalmente cheguei a um lugar em que estava pronto para começar a banda outra vez. Eu realmente senti falta da parte criativa e de escrever músicas com pessoas talentosas.
Apesar do período de oito anos em que vocês estiveram separados, a Much The Same tem uma discografia com dois discos completos e um EP. Agora que vocês voltaram, nós podemos esperar algum novo material em breve? Vocês tem planos de fazer isso?
Franky: Nós estamos escrevendo conforme o tempo nos permite fazer e não estamos apressando nem forçando isso. Nós nos recusamos a lançar um álbum abaixo da média.
Dan: Para mim, conforme o processo de composição das músicas vai passando, é difícil encontrar um lugar em que eu me sinta confortável para colocar meus sentimentos no papel para que todos vejam. Antes destas novas músicas que estamos escrevendo, eu tinha uma presença mínima nas letras do Much The Same. Eu sempre era bastante vago e minhas composições não faziam muito sentido.
Na verdade, foi o álbum The Greatest Generation, do The Wonder Years, que mudou totalmente minha perspectiva do quanto é certo dividir com o público. O vocalista realmente se expõe naquele álbum e eu acabei fazendo uma conexão com uma banda que de outra maneira eu provavelmente nunca ouviria uma segunda vez.
Espero que essas novas músicas sejam capazes de se conectar com pessoas que possam estar enfrentando os mesmos problemas que eu tenho enfrentado nestes últimos anos. Para fazer isso, eu tive realmente que abaixar minha guarda e até me envergonhar um pouco enquanto as escrevia.
Lembro de enviar a letra de Burner, uma nova música nossa, para o Gunner e de repente ele me ligar para saber se estava tudo bem comigo e se eu precisava conversar! Então é difícil colocar esse muro abaixo, mas se alguém lê as letras e elas façam com que a pessoa não se sinta tão sozinha, então valeu a pena para mim.
Gunner: Estou muito orgulhoso do Dan neste sentido. É extremamente difícil tentar se expor por aí e também fazer com que isso seja artístico e interessante. Muitas músicas que eu escrevi foram sobre coisas que me deixavam bravo, pessoas que me traíram e coisas assim.
Hoje eu não sou tão nervoso quanto antes, mas quando algo é doloroso para mim, quando eu estou passando por um momento difícil com minha esposa e filhos, eu já não quero escrever uma música sobre isso. Eu não quero criar memórias sobre esses momentos difíceis da minha vida e ter que continuar a revivê-los.
E agora, relembrando algumas das minhas músicas antigas –Masquerade, principalmente – eu tive que fazer uma ligação e pedir desculpas a um velho amigo por escrever aquilo. Eu tive maus momentos cantando ela até que me desculpei com ele. E agora eu vejo isso como uma prova da minha jovem estupidez.
Mas, de qualquer forma, nós continuamos a escrever músicas que realmente amamos e, pessoalmente, eu espero entrar em estúdio no ano que vem e provar que nós ainda estamos com tudo!
Tendo em mente que tantos anos se passaram desde o lançamento de Survive, em 2006, vocês acreditam que vão manter o mesmo estilo, a mesma sonoridade de sempre ou algo inevitavelmente vai mudar?
Franky: As novas músicas que temos são bastante rápidas e na veia do skate punk. Nós sempre vamos escrever este tipo de músicas. Para mim, este álbum tem uma sensibilidade bastante pop ao mesmo tempo que é um disco de skate punk acelerado. Resumindo: nós vamos escrever o que quisermos.
Nós estamos preocupados em criar músicas boas e não em aderir a um código que diz “vocês são o Much The Same. Vocês devem criar todas as músicas rápidas de punk”.
Se é uma música mais pop e menos rápida e nós gostarmos, nós vamos escrevê-la. Se é uma música mais pesada e nós gostarmos, nós vamos escrevê-la também. Vamos fazer aquilo que quisermos.
Dan: É, a maioria das músicas ainda é rápida, mas acredito que nós focamos mais nas melodias e nos hooks neste álbum. Antes, especialmente no Survive, nós escreveríamos as músicas antes ou um riff de guitarra deformado e criar a melodia em torno disso.
Agora, eu nem começo a escrever uma música se os hooks não estiverem presos na minha cabeça por semanas! Um dos meus testes favoritos para determinar se um hook é bom ou não é me gravar cantando e tocando guitarra com ele. E aí eu toco ele no carro enquanto eu dirijo com os meus filhos. Se eles começam a cantar sozinhos, sei que é memorável e cativante.
Gunner: Eu também parei de lutar contra a expansão de estilo. Eu sempre fui o cara que ficava dizendo que nós tínhamos que ser uma banda de skate punk acelerada porque eu não queria tocar outros tipos de música. Eu lembro, em uma das nossas últimas turnês, que Dan estava tocando um riff na van e eu estava muito bravo porque não era uma música tipo skate punk, mas era muito boa! Eu não conseguia parar de cantarolar! Nós provavelmente vamos usar esse riff em alguma música, e ainda é incrível, eu quero finalizar aquela música.
Algumas coisas foram tiradas de outros estilos musicais também e incorporadas em músicas que nós fizemos. Mas, mesmo assim, nos não vamos nos distanciar totalmente do que todos estão esperando ouvir.
Mesmo no Surive nós éramos basicamente uma banda pop com um estilo hardcore melódico. Nós sempre insistimos em ter um gancho, um refrão grudento, e estamos ficando cada vez melhores nisso.
Mesmo que nós não sejamos uma grande coisa, eu acredito que nossa habilidade de fazer com que toda música no álbum seja cativante e ainda assim, punk, é o que as pessoas gostam em nós.
E mesmo após 18 anos de carreira, como vocês se sentem sobre ainda terem uma fan base em crescimento? Vocês acreditam que os adolescentes de hoje ainda se sentem apaixonados e atraídos pelo skate punk como eram nos anos 90? O que mudou desde então?
Franky: Eu nunca me acostumo com as pessoas gostarem das nossas músicas. Na verdade, eu pensava que ninguém se importaria. Então sempre significou muito para mim quando alguém tem algo a dizer sobre nossas músicas. Mesmo se tudo que eu tenha pra responder seja um “obrigado”, não quer dizer que isso não tenha significado o mundo para mim.
Acho que a fan base do skate punk na verdade encolheu, mas os fãs deste tipo de música são muito apaixonados, não importa o tamanho da fan base. Existem tantas versões de punk por aí atualmente que é difícil prescrever se limitar a gostar de uma só.
Gunner: Eu não vejo mais adolescentes em nossos shows. Não nos Estados Unidos, pelo menos. E eu não imagino que tenham muitos em outros lugares. É algo mais para quem está entre os 20 e os 40 anos e está ótimo assim. O cenário pode ser diferente na América do Sul, vamos ver.
O que vocês acham sobre a atual cena punk? Alguns artistas mudaram seus posicionamentos, comportamentos? Para vocês, o punk rock sofreu alguma mudança nos últimos anos?
Franky: Pessoalmente, o punk rock mudou bastante para mim porque agora tenho 35 anos. Eu estava acostumado a ficar bêbado em todos os shows. Agora, eu fico um pouco mais sóbrio para aproveitar o show e, ao mesmo tempo, focar no que eu estou tocando.
Na verdade eu me sinto mais confortável na minha própria pele do que eu me sentia aos 23; e me sinto mais punk porque estou confortável com quem eu sou. Todo mundo muda. É inevitável. Muitos de nós não somos mais os jovens que fomos. Ideais e comportamentos sempre mudam com isso. Alguns para melhor, outros para pior e alguns acabam deslizando para a apatia.
Nós nunca paramos de evoluir como pessoas. Portanto, nossa ideologia punk rock, para a maioria, nunca para de evoluir.
Imagino que vocês já imaginavam que não iam escapar dessa pergunta, mas nós estamos muito ansiosos para saber sobre a setlist do show! Vocês podem dar uma dica do que estão preparando para a apresentação em São Paulo?
Franky: Posso dizer que será um ótimo mix das músicas do Survive e Quitters Never Win. E esperem novas músicas! Por favor, venham dizer oi para nós e dividir uma cerveja.
We Are One Tour (São Paulo)
Data: 7 de outubro (sábado).
Horário: das 16 às 21 horas.
Local: Carioca Club (Rua Cardeal Arcoverde, 2899, Pinheiros, São Paulo. Próximo à estação Faria Lima do metrô – linha amarela).
Evento oficial no Facebook: https://www.facebook.com/events/270681956710028/
Ingressos: a partir de R$ 100,00. Compre aqui.
Realização: Solid Music Entertainment.