Entrevista | Mute – “Espero ir em algum samba quando tocarmos no Rio”

Entrevista | Mute – “Espero ir em algum samba quando tocarmos no Rio”

A maior edição da história da We Are One Tour desembarca no Brasil em março de 2026 com Pennywise, Millencolin e a canadense Mute. O festival passa por Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, celebrando o punk rock e o hardcore melódico com alguns dos nomes mais relevantes do gênero.

Formada em Québec em 1998, a Mute consolidou uma identidade única ao mesclar velocidade, técnica instrumental e refrões melódicos. Reconhecida no skate punk e no hardcore melódico, a banda mantém uma base fiel de seguidores no Brasil, país que visita desde 2011. Ao longo dos anos, fortaleceu laços com o público e com a Solid Music Entertainment, tornando o país uma de suas paradas mais energéticas e constantes. Mesmo após um período de pausa em 2024 por questões de saúde, o grupo retorna com força total para a We Are One Tour 2026.

Em entrevista ao Blog N’ Roll, o baterista do Mute, Étienne Dionne, relembra as primeiras passagens pelo país, comenta a forte conexão com o público brasileiro e sobre o momento atual da banda.

O que você mais lembra da sua última visita ao Brasil?

Nossa última visita ao Brasil foi logo após a Covid, dois anos atrás. Foi nossa primeira turnê na frente de pessoas reais depois de um tempo, então estávamos muito empolgados para voltar à estrada. Lembro que toda a banda estava animada por estar de volta ao palco e o público estava muito animado por ver uma banda ao vivo novamente. Mas ainda estávamos com medo naquele momento, então usávamos máscaras antes e depois dos shows. Tocávamos e íamos embora o mais cedo possível porque não queríamos pegar Covid e ficar presos em outro país. Estávamos em turnê pelo Brasil, Chile, Peru, México e Colômbia. Agora as coisas serão diferentes.

Você conhece muito bem o público brasileiro. Por que acha que eles se identificaram tanto com o Mute?

Este ano celebramos nosso 15º aniversário de turnês pelo Brasil e América do Sul. Começamos em 2011. A América do Sul, em geral, gosta de hardcore melódico, como vocês chamam, ou punk rock. O Brasil sempre foi um ótimo público para nós e as pessoas são muito energéticas nos shows. Fizemos amigos, bons contatos e construímos uma relação forte com a Solid Music Entertainment desde o início. Não é só ética de trabalho, é amizade. Nós aparecemos, estamos no horário e amamos o que fazemos, e acho que os produtores veem isso.

Você tem algum momento favorito no Brasil?

Acho que esse momento ainda vai acontecer. Já fizemos ótimos shows e conhecemos pessoas incríveis. Não é apenas sobre os shows, é sobre as amizades e voltar para ver essas pessoas. Será divertido rever velhos amigos, será divertido estar no Brasil e tenho certeza de que os shows serão épicos. Quem comprou ingresso vai ter o momento da vida. Não percam tempo porque alguns shows já estão esgotando. É a primeira, e talvez, a última vez para ver Mute, Pennywise e Millencolin juntos.

O que mais empolga vocês em sair em turnê com Millencolin e Pennywise?

Gostamos muito das duas bandas. Já tocamos com elas antes, mas nunca fizemos turnê juntos. Será empolgante ter um lineup tão forte. A primeira vez que fizemos a We Are One Tour foi com o Lagwagon anos atrás, com Belvedere e Adrenalized, e foi ótimo. Desta vez, com dois grandes headliners, os shows serão maiores. Será divertido vê-los ao vivo e voltar ao Brasil, Argentina e Chile.

Você lembra de algo sobre Santos, minha cidade?

Claro. Na nossa primeira turnê, em 2011, tocamos em Santos. Era nossa primeira vez no Brasil, então não sabíamos o que esperar. O show foi insano e tenho ótimas lembranças. As pessoas estavam enlouquecidas e lembro de um cara de cartola com uma garrafa enorme. Ficamos bêbados depois do show. Boas memórias. Santos não é longe de São Paulo, então talvez vejamos pessoas de Santos no show da Capital.

Com certeza teremos caravana para o show. Infelizmente agora aqui fomos de Califórnia brasileira para domínio de pagode e sertanejo.

É, eu gosto bastante de samba. Espero ir em algum samba quando tocarmos no Rio de Janeiro.

Vocês têm hábitos ou momentos de lazer favoritos durante turnês no Brasil?

Lembrei de uma história, da nossa primeira vez no Brasil. Chegamos todos de shorts e camiseta achando que sempre seria quente. Era inverno e não estávamos preparados. Isso foi engraçado. Fizemos muitas turnês no país e muitas coisas engraçadas aconteceram. Também passei um tempo no Rio antes de uma turnê, cheguei dez dias antes e tirei férias lá. O Brasil é enorme e há muito o que ver. Nunca fui ao norte, mas deveria ir. O mais ao norte que fui foi Goiânia.

O Mute está ativo desde os anos 90. Qual foi o maior ponto de virada da banda?

Depois de dez anos como banda, ganhamos um concurso no Canadá. O prêmio era uma viagem à Europa para tocar em um festival na França. Pensamos que, já que iríamos para lá, deveríamos marcar uma turnê completa, então agendamos 27 shows em 25 dias em 11 países. Esse foi um ponto de virada. Tocávamos localmente havia anos, mas ir para outro continente reacendeu a chama. Depois disso decidimos gravar outro álbum, que foi o Thunderblast.

E logo o Thunderblast, um clássico. Ele é o álbum que mais define o Mute?

Isso é como perguntar se você tem um filho favorito. Não são os primeiros álbuns, com certeza. Eu diria os últimos três. Trabalhamos muito neles e nosso som estava mais preciso. Na demo e no primeiro álbum ainda estávamos nos encontrando musical e liricamente. Nos últimos três sabíamos o que queríamos. Sempre levamos cerca de quatro anos entre os álbuns e só gravamos o que realmente gostamos.

Você é conhecido como baterista tanto pela velocidade, quanto pela precisão técnica. Como desenvolveram essa combinação?

Ouvindo outras bandas e encontrando o meu caminho. A velocidade foi o que eu amei quando era adolescente e estava descobrindo meu gosto musical. Me apaixonei pelo punk rock dos anos 90. Nosso guitarrista era muito técnico, então pensei que precisava elevar o nível também. É isso que me define: velocidade e um pouco de técnica. Hoje é quase como cardio, especialmente na minha idade. Preciso manter a forma para tocar essas músicas.

Como você descreveria a fase atual da banda musicalmente e pessoalmente?

Ainda nos damos muito bem e nos divertimos tocando. Não fizemos nenhum show no último ano porque tivemos problemas de saúde na banda. Agora estaremos de volta pela primeira vez em um ano e meio. Foi nossa maior pausa, então estou empolgado para voltar à estrada. Estaremos em boa forma para os shows e vai ser especial para nós.

Já que voltara, há planos para um novo álbum ou EP?

Estamos tocando com outro guitarrista agora, o Matt. Ele está conosco há seis ou sete anos. Ele também escreve muita música e traz muitas ideias. Não prometo nada, mas existem demos aqui e ali. Nada oficial ainda, porque todos estamos muito ocupados com nossas vidas.

Como surgiu a ideia de incorporar elementos de metal e power metal ao som?

Essa é uma pergunta para o Alex, nosso guitarrista principal. Ele não escuta apenas punk rock. Ele ouve muito metal e isso aparece nas composições dele. Quando ele traz uma música, geralmente há elementos de metal, e nós gostamos disso. Sempre gostamos de bandas como Strung Out, que também são técnicas e metalizadas. Eu, por outro lado, não escuto metal. Quando canto, não grito. Simplesmente canto normalmente.

A Warped Tour está de volta. Como você vê a cena punk atual e os desafios para bandas menores?

É difícil porque a cena é diferente em cada país. Em turnês pela Europa dá para ver a diferença entre Itália, Eslovênia e outros lugares. No Canadá, a cena punk está muito boa agora. Pessoas que gostavam de punk nos seus 30 e 40 anos tiveram filhos, se afastaram por um tempo, mas agora estão voltando aos shows. Não sei sobre as bandas mais jovens. Não vejo muitos garotos começando bandas como fazíamos nos anos 90. Não é tão comum, mas eles deveriam fazer isso porque é divertido.

SERVIÇO

We Are One Tour 2026 em Porto Alegre/RS
Data: 24 de março de 2026

Local: URB Stage

Ingresso

We Are One Tour 2026 em Florianópolis/SC
Data: 25 de março de 2026

Local: Life Club

Ingresso

We Are One Tour 2026 em Curitiba
Data: 27 de março de 2026

Local: Piazza Notte

Ingresso

We Are One Tour 2026 em São Paulo (SOLDOUT)
Data: 28 de março de 2026

Local: Terra SP

We Are One Tour 2026 no Rio de Janeiro/RJ
Data: 29 de março de 2026

Local: Sacadura 154

Ingresso