Entrevista | The Calling – “Muitas músicas que escrevi foram influenciadas pelas turnês no Brasil”

Entrevista | The Calling – “Muitas músicas que escrevi foram influenciadas pelas turnês no Brasil”

A nova turnê brasileira da banda norte-americana The Calling, fenômeno do pop rock com hits atemporais que encantam diversas gerações, acaba de ter uma atualização: terá músicas novas que farão parte do novo álbum a ser lançado no início de 2026.

Existe um forte vínculo emocional entre The Calling e Brasil. A banda, que nos anos 2000 cativou o mundo todo com os hits do álbum Camino Palmero (com o sucesso Wherever You Will Go), tem carisma e energia inabaláveis ao vivo, vide a extensa turnê de mais de 20 datas pelo país em 2024, com casas lotadas e público participativo.

O inevitável reencontro da banda com os fãs brasileiros acontece no próximo mês de outubro, entre os dias 4 e 17, com oito shows pelo Sul, Sudeste e Distrito Federal. Assim como as últimas passagens do The Calling pelo Brasil e outros países da América Latina, a turnê é uma realização da Vênus Concerts.

A seguir, você confere a entrevista com Alex Band, vocalista e fundador da The Calling, que fala sobre o carinho pelo Brasil e os planos para o álbum novo.

Teremos novidades no setlist entre os últimos shows no Brasil e a turnê atual?

Sim, absolutamente. Nós anotamos sugestões dos fãs e as músicas que eles querem ouvir. Então vamos tocar músicas mais antigas que normalmente não tocamos, coisas que os fãs pedem, além de mudar algumas coisas. É definitivamente um novo set e uma nova seleção de músicas. Também algumas novas faixas do novo disco que finalmente vai sair. Ótimas notícias. Ele será lançado no primeiro trimestre do próximo ano. Nós acabamos de assinar com a Virgin, então finalmente vamos lançar este álbum.

O Brasil sempre recebe o The Calling com grande entusiasmo. Em que o público brasileiro mais te surpreendeu?

Eu acho que a dedicação deles é incrível. Há 25 anos eu vou ao Brasil e vejo as mesmas pessoas que lembro quando eram crianças. Agora são adultos, têm seus próprios filhos, e os filhos também estão nos shows. É louco. Os brasileiros são tão entusiastas, tão emocionados. Eles são o melhor público para se apresentar.

Você falou de novas músicas, mas Stand Up Now não é tão novo…

Mas quando lançamos essa música, eu pensei que o álbum já estaria pronto. Só que demorou mais.

Stand Up Now estará na lista de faixas do novo álbum ou foi apenas um single?

Sim, sim. Definitivamente não é o primeiro single, mas está no disco. O primeiro single desse novo álbum é fenomenal. Estou muito animado para que as pessoas possam ouvir.

O verso “The crowd is screaming out for a little more but I’ve had enough” foi inspirado em fatos reais?

Um pouco. Essa música eu escrevi, na verdade, há 10 anos, quando fui diagnosticado com Parkinson. Eu estava no chão e não conseguia me levantar. Era um período em que havia muitas coisas acontecendo no mundo, guerras e situações que me afetaram. É uma música pessoal, claro, mas também tem aspectos políticos. Na época, achei que fosse Parkinson, mas depois descobri que era uma síndrome, não a doença. Graças a Deus.

O vídeo de Stand Up Now abre com imagens do Rio de Janeiro. Quanto o Brasil influencia você como artista?

Enormemente. Em muitos desses anos tentamos conseguir o melhor negócio para lançar o álbum. O único lugar em que podíamos nos apresentar todos os anos, onde sabíamos que as pessoas realmente queriam nos ver, era o Brasil. Acho que essa é a minha 12ª ou 13ª turnê no país. Toda vez que volto, é sempre uma recepção calorosa. Todo mundo é tão querido. Muitas das músicas que escrevi nos últimos anos foram diretamente influenciadas pelas turnês no Brasil.

Como foi o processo de gravação do novo álbum até agora?

Ótimo. Está terminado há anos. Gravamos as primeiras seis músicas em dezembro de 2023, e as últimas em dezembro de 2024. O disco já está pronto. Mas eu não queria lançá-lo de forma independente. Queria a equipe certa para fazer tudo grande e apoiar o lançamento mundial. Temos um público internacional muito forte, até mais que nos EUA. Recentemente tudo se alinhou com a Virgin. Foi uma longa espera, mas agora está pronto.

Eu vi você cantando U2, Smashing Pumpkins, covers. Também percebo influência do U2 em Stand Up Now. Essas bandas influenciam sua música?

Sim, claro. O U2, com certeza. Quando eu era pequeno eu ouvia muito Beatles, Led Zeppelin, mas também U2. Hits dos anos 80 como Sunday Bloody Sunday e Pride eram músicas que eu ouvia bastante. O U2 continuou lançando boas músicas, então eles definitivamente são uma grande influência.

Devemos esperar algo mais próximo ao clássico Camino Palmero? Um som nostálgico ou uma direção renovada neste álbum?

Ótima pergunta. Eu queria manter o som que o Calling sempre teve: Pop e Rock. Simples! Não queria que o novo álbum fosse muito diferente ou cheio de elementos eletrônicos estranhos que nos tirassem da nossa essência. Isso foi um problema por muitos anos, com produtores tentando nos puxar para outros lados. Mas eu queria ficar com o que sabemos fazer. Esse álbum é muito parecido com Camino Palmero, tem a mesma vibração. Cada faixa é sólida, não há músicas esquecíveis. É um álbum fantástico.

Quanto sua experiência recente influencia as letras das novas músicas?

Tremendamente. Mesmo quando uma música não é sobre mim, mas sobre amigos ou familiares, essas experiências entram nas composições. Tudo é pessoal. Stand Up Now é um exemplo perfeito de algo super pessoal. Mas gosto de escrever de forma que todos possam encontrar seus próprios significados.

Como você está agora? Se sente pressionado para lançar algo novo?

Claro que sim. Já se passaram 20 anos desde que o Calling lançou seu último álbum. Eu mesmo venho tentando lançar algo novo há mais de 10 anos. Tem sido uma batalha constante, uma longa luta com muitos obstáculos. Estou animado para que finalmente saia. Só quero que as pessoas possam ouvir.

Você imaginou que Wherever You Will Go teria tanto impacto durante todos esses anos?

Não, de forma alguma. Eu escrevi essa música aos 15 anos, quando assinei com a RCA. Eles não acreditavam nela. Ficamos 4 anos esperando para gravar Camino Palmero. A RCA não achava que Wherever You Will Go seria um sucesso. Foi só porque a Disney quis usar no filme Coyote Ugly que a gravadora aceitou apostar. Ainda assim, foram 10 meses de rádio até emplacar. Chegou um ponto em que a gravadora queria desistir, mas eu investi meu próprio dinheiro para continuar. E deu certo. Nunca imaginei que se tornaria um clássico 20 anos depois. Sou muito sortudo. Eu ficaria feliz com mais uma música desse nível.

A cena dos anos 2000, com o revival, ajudou o Calling a se reconectar com o público?

Não muito. Na verdade, tornou mais difícil encontrar o negócio certo, porque havia muita competição com bandas voltando ao mesmo tempo. Mas, ao mesmo tempo, vejo que as pessoas querem ouvir rock novamente. Isso é positivo. Só quando o álbum sair e o primeiro single for trabalhado é que vamos ver o impacto real.

Como foi a colaboração com Santana e o que isso significou para sua carreira?

Foi enorme. Quando Wherever You Will Go estava virando número 1 nos EUA, Chad Kroeger, do Nickelback, tinha escrito uma música com Santana, mas não queria lançar com a própria voz por achar que soaria muito pop. Ele era fã da minha voz e da música, então me convidou para gravar. Foi uma oportunidade extraordinária. Trabalhar e se apresentar com Santana foi uma experiência incrível.

Durante as turnês no Brasil, houve algum momento inesquecível?

Muitos. Alguns bons, outros nem tanto. Já fui preso, nosso carro foi alvo de tiros, vivemos situações intensas. Mas também houve momentos incríveis. Nas primeiras visitas ao Brasil, em 2003 e 2004, foi como os Beatles. Milhares de fãs nos aeroportos e nas ruas, correndo atrás do carro, quebrando vidros, uma loucura. Uma das minhas maiores metas ainda é tocar no Rock in Rio. Esse é meu sonho no Brasil, espero que aconteça em breve.

Eu e o Blog N’Roll somos de Santos. Você tem lembranças especiais daqui?

Sim. Santos foi ótimo, o público incrível. Mas nunca tive tempo para conhecer a cidade. Sempre foi corrido. Espero que na próxima vez eu consiga explorar mais.

O que os fãs podem esperar do Calling nos próximos anos??

Agora temos bastante material gravado, suficiente para vários álbuns. O plano é lançar música todo ano, de forma consistente, e continuar tocando. O novo álbum deve sair entre janeiro e março do próximo ano. Também vamos abrir um show da Dolly Parton em Las Vegas em janeiro, que será um grande momento para lançar uma música nova. Será o aniversário de 80 anos dela, uma lenda. Mas, provavelmente o álbum será lançado em março.

SERVIÇO – THE CALLING NO BRASIL 2025

04/10/25 – Vitória/ES @ Somos Rock Festival
Ingressos: zig.tickets

05/10/25 – Nova Iguaçu/RJ @ Rock Festival
Ingressos: ingresse.com

08/10/25 – Porto Alegre/RS @ Opinião
Ingressos: sympla.com.br

09/10/25 – Curitiba/PR @ Tork n’ Roll
Ingressos disponíveis a partir de 13/08 em ticketmaster.com.br

11/10/25 – Santo André/SP @ Santo Rock Bar
Ingressos: bilheto.com.br

12/10/25 – São Paulo/SP @ Audio
Ingressos: clubedoingresso.com

15/10/25 – Belo Horizonte/MG @ Mister Rock
Ingressos: bilheto.com.br

17/10/25 – Brasília/DF @ Worlld Brasilia
Ingressos: sympla.com.br