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Entrevista | The Used – “Nosso presidente é uma piada”

O The Used está de volta! E o resultado não poderia ser melhor. Com Heartwork, o oitavo disco de estúdio, a banda demonstra muita maturidade para passear pelo post hardcore, canções mais pesadas, com screamo, além de outras com batidas eletrônicas. Para alcançar esse patamar, reuniu veteranos como Mark Hoppus e Travis Barker (blink-182), Jason Aalon Butler (Fever 333), além de John Feldmann (Goldfinger), novamente na produção de um registro dos norte-americanos.

“Foi o álbum mais fácil que gravamos em anos. Tiveram três etapas de três semanas de gravação e foi bem tranquilo. Trabalhamos por três semanas, depois pausamos e saímos em turnê. Depois voltamos e começamos a trabalhar no estúdio de novo para gravar por mais três semanas. E, por fim, repetimos o processo mais uma vez. Fizemos umas 20 músicas, e acabamos guardando a maioria para uma ideia futura, porque não achamos que elas encaixariam nesse álbum. Então, começamos a fazer uns jams no estúdio e a mágica aconteceu. Fizemos praticamente uma faixa por dia”, comenta o baixista Jeph Howard, que conversou com o Blog n’ Roll por telefone. 

Reencontro com John Feldmann

O reencontro com Feldmann também foi destacado pelos músicos. O vocalista do Goldfinger foi um dos primeiros a apostar no The Used, no início da carreira, em 2001. Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o produtor falou da relação com os músicos.

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“Não poderia estar mais honrado ou grato por ter uma das minhas bandas favoritas na minha gravadora! Eles são uma das bandas mais influentes dos últimos 20 anos e estamos fazendo um álbum definidor. Eles são uma das melhores bandas ao vivo que já vi e Bert é possivelmente o melhor cantor com quem já trabalhei. Esse é um sonho meu desde que os conheci em 2001”.

Feldmann assinou com The Used na Reprise Records em janeiro de 2002, logo após a formação da banda em Orem, Utah. Ele também produziu alguns dos maiores álbuns do grupo, como o primeiro álbum, Maybe Memories, In Love and Death, Lies for the Liars, Vulnerable e Imaginary Enemy.

Diferenças após 20 anos de The Used

O momento do The Used é bem diferente do período em que os músicos conheceram Feldmann. O baixista brinca com as mudanças após 20 anos de carreira.

“Nós crescemos juntos na banda. São 20 anos fazendo turnês e evoluindo lado a lado. Nossas músicas são crianças agora. Nosso primeiro álbum tem 19 anos, o segundo tem uns 17. São quase adultos. Nossos fãs também têm crescido e mudado. Temos fãs mais velhos e mais jovens. São grupos distintos de idade, e isso é muito interessante. Fãs chegam para nós e dizem: quando eu tinha quatro anos, meu irmão me mostrou suas músicas e eu adorei. É uma coisa muito doida, que a gente não para pra pensar muito”.

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Falando sobre as composições, Jeph Howard afirma que a banda não pensa muito no público na hora de escrever. As faixas vão de acordo com a vivência deles.

“Acho que quando a gente escreve, não pensamos em ninguém a não ser em nós mesmos. Escrevemos para nós. Não paramos para pensar em uma faixa etária ou algo do tipo. Isso acaba soando até um pouco egoísta (risos). Nós não tentamos mirar nenhum público específico. O que a gente faz é tentar usar algum acorde mais atual para tentar manter nosso som atualizado. Queremos nos manter envolvidos com a indústria musical”.

Termo emo é arrogante

E, por mais que algumas pessoas erroneamente considerem o The Used uma banda emo, Jeph tem uma resposta na ponta da língua para fugir do rótulo.

“Nos anos 1990 era o grunge, nos anos 2000 teve toda uma era do Skrillex. Também teve o emo nos anos 2000, e é muito interessante. O único motivo que me faz discordar desse termo é que ele tem “emo”, que vem de “emocional”. Sinto que é um pouco arrogante uma banda se chamar de emocional, porque todas as músicas são. Parece um termo arrogante e por isso que não gosto. Prefiro que a gente seja chamado de banda de rock mesmo (risos)”.

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Divulgação do Heartwork

Antes do Heartwork chegar ao mercado, a banda divulgou três singles (Blow Me, Paradise Lost e Cathedral Bell). O segundo, no entanto, foi que surpreendeu os fãs.

“Tivemos algumas ideias de singles, mas lançar Paradise Lost foi um tapa na cara do que as pessoas esperavam. Nossos fãs ficaram muito animados instantaneamente. Eles gostaram do nome, da ideia. É o tipo de arte que eles estavam esperando”. 

Paradise Lost, no entanto, não é o único single que empolgou os músicos. Jeph acredita que Blow Me, que tem a participação de Jason Butler (Fever 333), tem tudo para funcionar muito bem ao vivo.

“Testamos essa música ao vivo e funcionou muito bem. É uma música fácil para se tocar ao vivo, e soa como algo que já tocamos há 20 anos. Esse álbum inteiro é assim. Estou ansioso para tocar todas essas músicas ao vivo”.

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Coronavírus

Mas enquanto não pode excursionar, Jeph conta que tem visto com muita tensão o avanço do coronavírus no mundo.

“São tempos assustadores, porque ninguém esperava por isso. A essa altura, a gente imaginava uma chuva de meteoros ou algo do tipo. Tudo menos um vírus. Os EUA não estavam preparados para isso, assim como a Itália, a Espanha, o Irã… todos esses países foram pegos de surpresa. O que mais assusta é o fato de você estar contaminado por duas semanas sem saber. Por isso está se espalhando muito rápido. Não sei como estão as coisas no Brasil, mas aqui a situação é estranha. Eu moro no Havaí, onde as coisas estão menos piores, mas mesmo assim as lojas estão fechando e as pessoas estão tentando estocar as coisas achando que tudo vai acabar. Mas não vai”. 

O que tem dificultado ainda mais a vida dos norte-americanos é a forma como o presidente Donald Trump tem lidado com a situação, segundo o baixista.

“Mas o que mais assusta é que o governo americano é assustador. Temos um presidente que é uma piada e não sabe lidar bem com a situação. Ele cortou fundos de saúde antes disso tudo acontecer, e ele chegou a incentivar que as pessoas voltem a trabalhar. Isso é assustador, porque não há leitos suficientes. Nem todo mundo vai se infectar, mas muita gente está morrendo e famílias estão se despedaçando. É importante levar isso a sério”.

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Relação do The Used com Brasil

E quando a pandemia passar, Jeph já sabe para onde quer ir com a banda. “Eu adoro o Brasil, e faz tempo que não visito o país. A última vez estivemos aí foi com o Evanescence há uns cinco anos. Eu faço muita pressão, e não estou exagerando. Eu peço muitas vezes todo ano para nosso agente para que a gente volte à América do Sul. Ele sempre diz que espera pela melhor oferta e eu sei que não é culpa dele, porque é caro ir até aí”. 

O baixista ressalta ainda a paixão por uma banda brasileira. “Sepultura é uma das minhas bandas favoritas. É a única que consigo pensar. Eles têm álbuns muito bons e nos inspiraram bastante. Trabalhamos com um produtor que gravou um álbum deles e fizemos muitas perguntas de como havia sido essa experiência. Eles são ótimos”.

*Texto e entrevista por Caíque Stiva e Lucas Krempel

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