Entrevista | Toby Morrell (Emery) – “Eu sou o maior fã do Emery e realmente sou”

Entrevista | Toby Morrell (Emery) – “Eu sou o maior fã do Emery e realmente sou”

Após cerca de 17 anos, o Emery retorna ao Brasil para uma série de quatro shows no Festival “Emo Vive”. O evento é uma verdadeira máquina do tempo e que faz algo disruptivo aqui no Brasil.

De maneira corajosa, o lineup terá também Anberlin e Mae tocando seus álbuns mais icônicos, além do Fresno revivendo os 3 primeiros discos da banda e o Hateen que vai ter sets especiais em português e inglês.

O Festival “Emo Vive” é uma realização da Polifonia e será realizado em junho em Porto Alegre (04), Rio de Janeiro (06) e São Paulo (07 e 08). Os ingressos estão à venda no site https://www.festivalpolifonia.com.br/

Confira a entrevista completa com Toby Morrell abaixo.

Tenho que iniciar com essa pergunta, como vocês enxergam o meme “Come to Brazil” ai nos Estados Unidos?

Bem, é empolgante. Às vezes a gente posta um vídeo nosso em show aqui em Seattle e as pessoas já vão logo comentando “Come To Brazil”. Então, estamos bem felizes em voltar e atender os fãs.

Vocês vieram ao Brasil em 2008, também para um festival (ABC Pro HC). Quais são as suas memórias dessa turnê e se teve alguma história curiosa?

Parecia que a gente estava tocando em casa. Os fãs brasileiros realmente são apaixonados e cantam todas as músicas e isso foi muito gratificante.

Me recordo muito do momento que chegamos perto do aeroporto e vimos São Paulo, não lembro de ter visto uma cidade tão grande quanto essa. O mais curioso foi ver que é uma cidade que não dorme nunca. Não importa o horário, haviam comércios abertos, pessoas na rua se divertindo. Isso foi muito curioso para nós.

É a primeira vez de vocês no Rio de Janeiro e Porto Alegre. Vocês já tem planos ou algum lugar que queiram conhecer?

Tenho muita saudade da comida do Brasil, que é deliciosa.

Bem, sobre os passeios, temos que ver como estará nossa agenda, quanto tempo teremos, se estaremos cansados e tudo mais. Mas um lugar que temos curiosidade de visitar é o Jesus Cristo, sempre vemos fotos na Internet e gostaríamos de ver isso ao vivo.

Gostaríamos de voltar mais vezes, nosso grande problema é a distância. Tanto Brasil quanto Austrália leva quase um dia inteiro de viagem e isso dificulta um pouco para todos.

Party Song é a minha música favorita do Emery e vi que vocês tocaram recentemente a pedido de um fã. Os últimos shows da banda são comemorativos do The Question, então gostaria de saber se vão tocar Party Song ou algo especial aqui no Brasil. Spoiler da Setlist?

Não posso dar spoiler, mas vou falar com os caras da banda para ver se incluímos Party Song ai também.

Bom, a setlist atual está em torno da comemoração de 20 anos do The Question, porém vamos tocar os clássicos que os fãs querem ouvir como Walls e The Ponytail Parades.

Aproveitando que falamos do The Question, qual a sua relação com esse álbum hoje em dia?

Onde a gente toca e alguém fala que é o maior fã do Emery eu interrompo e falo: “Eu sou o maior fã de Emery”. E realmente sou.

Muitos artistas passam a não gostar tanto dos seus primeiros trabalhos, mas eu gosto bastante, coloco no carro para ouvir, ouço em casa e isso me faz conectar com o momento, lembrar de algumas coisas da composição.

Por isso para mim continua sendo gratificante tocar todas essas músicas 20 anos depois.

Vocês são uma banda com três vocalistas e multi instrumentistas. Como é o processo de composição e como vocês definem quem vai cantar?

É algo muito natural para nós. Geralmente quem escreve a letra, não necessariamente a música, mas a letra em si é quem canta. Então para mim é bem natural assumir o baixo e deixar o Devin cantar.

O mais curioso é que muita gente não sabe que temos mais de um vocalista e fica surpresa nos shows. Eu não acho nossas vozes parecidas, mas é engraçado que muita gente ache que é uma pessoa só.

Emeryland é um projeto fascinante de comunidade. Como tem sido criar músicas com os fãs envolvidos em todo processo?

O Emeryland é algo muito importante para nós porque conseguimos enxergar coisas que não vemos nas nossas músicas ou composições. Bem, nós gravamos um álbum com a ajuda do financiamento deles. Então essa comunidade nos traz um olhar verdadeiro sobre como os fãs veem o Emery de uma maneira individual. Isso nos dá confiança também para experimentar e criar coisas novas.

Para finalizar, separei duas perguntas de fãs do Emery. A primeira delas vem da Viviane Moreira e ela gostaria de saber mais sobre a inspiração e letras do “Rub Some Dirt On It”

Bacana, sobre o “Rub Some Dirt On It”. É um álbum mais experimental.

As músicas falam bastante sobre momentos difíceis e como isso de alguma forma molda nosso caráter. As letras abordam a força de enfrentar adversidades e sobre como sempre nós somos mais fortes do que pensamos.

E não nos podamos na hora de criar, falamos sobre traição, dor, decepção com líderes religiosos, abusos dentro da igreja… Foi tudo resultado de lutas internas e percepções dos integrantes da banda.

E a segunda pergunta vem do Pablo Sarmento. É sobre a conexão cristã da banda e como vocês enxergam outras bandas falando sobre sua religiosidade como Underoath, The Devil Wears Prada e Paramore?

Acho que a espiritualidade individual é também uma questão de amadurecimento. Quando ficamos mais velhos, nós carregamos mais bagagens como divórcio, brigas, momentos bons, ruins e cada um se agarra na sua fé nessas horas.

Então, independentemente de religião, falar sobre fé é algo que acredito que conecta as pessoas. As letras pode oferecer tantas coisas às pessoas, como experiências, ajudas. Então, no fim, tudo tem a ver com fé.