Entrevista | Wolf Howl Harmony – “Queremos muito ir cantar e dançar no Brasil”

Entrevista | Wolf Howl Harmony – “Queremos muito ir cantar e dançar no Brasil”

Em meio à ascensão global do J-pop, um novo nome tem chamado a atenção dentro da poderosa engrenagem da EXILE TRIBE: o quarteto Wolf Howl Harmony. Formado por Hiroto, Ryoji, Suzuki e Ghee, este último nipo-brasileiro que viveu parte da infância em São Paulo, o grupo vem se destacando pela mistura de pop contemporâneo, rap e influências multiculturais e já atingiu mais de 100 mil seguidores no Instagram.

Revelados em 2023 após um rigoroso processo seletivo que envolveu mais de 48 mil candidatos, os quatro conquistaram o público japonês e vêm expandindo fronteiras com singles como “Bossa Bosa” e “BAKUON”, que dialogam com o público jovem por meio de batidas dançantes e estética vibrante.

Em entrevista ao Blog N’ Roll, Ghee falou sobre o processo de formação, a relação com a EXILE TRIBE e a importância das raízes brasileiras nessa jornada de internacionalização. Entre histórias curiosas, referências musicais e planos para o futuro, o nipo-brasileiro mostra por que o grupo é apontado como um dos nomes mais promissores da nova geração do pop asiático.

Me conta um pouco dos bastidores de vocês serem escolhidos entre 48 mil pessoas no Icon Z.

Fiquei muito emocionado, porque trabalhei muito até o dia em que cheguei aqui. Eu cantava em muitos lugares, às vezes só tinham quatro pessoas assistindo, mas mesmo assim eu continuava cantando, cantando, cantando.
Cada vez que eu cantava, eu pensava no meu sonho, e consegui alcançar esse sonho. Foi muito emocionante.

E sobre o nome de vocês, Wolf Howl Harmony, tem algum significado simbólico? O que esse nome representa?

posso explicar em japonês? Porque é muito importante.

(A tradutora explica)
O nome Wolf Howl Harmony foi criado por Hiro-san. Ele criou o nome baseado em como essas quatro pessoas se conectam, cada uma com sua história única. Ele quis dar esse nome porque acreditava que, com nossas histórias diferentes, nós poderíamos criar uma harmonia, uma bela história juntos.

Como é formar uma banda com desconhecidos? Geralmente a gente forma banda com amigos. Como é essa rotina?

No começo foi difícil, porque viemos de lugares diferentes. Eu sou brasileiro e eles são japoneses. Era complicado no início, mas a gente se deu bem. Eles gostaram de mim, e todos nós gostamos de música, de cantar.

A música faz o nosso coração se unir, sabe? Acho que é por isso que conseguimos estar juntos até hoje, porque temos a música. No começo foi difícil, mas agora está muito bom. Estamos cantando as músicas que queremos, tentando até fazer músicas brasileiras, funk carioca. Estamos nos sentindo bem.

Já que você falou de funk, vocês também têm elementos de rap. Vocês se veem mais como um grupo pop ou preferem algo mais amplo?

É difícil dizer. A gente gosta do rótulo J-pop, porque nascemos no Japão. Queremos levar o J-pop para o mundo.
Mas não gostamos muito quando as pessoas nos chamam de “ídolos”. Não é que a gente não goste, mas é estranho. Porque o que a gente ama é a música. Queremos espalhar música: R&B, rock, hip-hop, J-pop. Queremos tentar todos esses estilos no futuro.

Falando sobre o Brasil, você tem alguma lembrança ou referência daqui? Uma música ou algo da infância?

Eu jogava muito futebol, sempre descalço. Também brincava de bola de gude com meus amigos. Tinha um chocolate que eu amava, que saía como se fosse cabelo, acho que era “Belão Cabelão”!

Eu via Pokémon, Dragon Ball, Turma da Mônica, Scooby-Doo. Comia pastel, feijoada, pão de queijo. Tenho muitas lembranças boas do Brasil.

Ghee lembra com carinho da infância no Brasil e sua cultura, desde o futebol, bolinhas de gude e até Turma da Mônica

E qual foi a reação do público brasileiro quando descobriram que havia um brasileiro num grupo de J-pop?

Acho que eles ficaram surpresos. Muita gente comentou: “Ele é brasileiro mesmo? Não parece!”.
Nunca tinham visto um brasileiro num grupo japonês.

Mas comecei a responder no TikTok em português, e eles escreveram “Te amo, Ghee!”, “Estamos esperando vocês no Brasil!”. Fiquei muito feliz com esses comentários. Acho que eles gostaram, e eu também gostei muito do carinho deles.

Vocês planejam uma vinda ao Brasil?

Eu quero muito ir ao Brasil! E não sou só eu, os outros também já amam o Brasil e querem cantar aí.
Já apresentei minha mãe e minha avó para eles, elas já conversaram pelo telefone com o grupo.
Todos estão ansiosos para conhecer o Brasil algum dia. Eles vivem falando “Rio, Rio, Rio de Janeiro!”. Estão sempre pesquisando sobre o país.

Mas há planos concretos ou planejamento para vir?

Ainda não temos nada definido, mas estamos tentando criar um plano para isso. Queremos muito ir ao Brasil e contamos com a ajuda de vocês para divulgar.

Tem música que eu já cantei em português, como “Evidências”. Eu cantei essa música, e eles também cantaram comigo. Por isso quero que vocês nos ajudem a realizar esse sonho.

Pode deixar que vamos ajudar! Falando em Brasil, “Bakuon” tem elementos de funk. Como surgiu essa ideia?

Essa ideia veio de um cara chamado DJ Daruma. Ele é como um pai pra gente. Desde o começo, ele é nosso diretor e produtor.

Ele disse: “O Ghee é brasileiro, então por que não tentamos fazer um funk carioca?”. E assim começou. Eu sempre mostro músicas brasileiras pra eles ouvirem, e todo mundo gosta. Então criamos “Bakuon” inspirados nisso.

Qual música você indica para os brasileiros conhecerem o Wolf Howl Harmony?

“Bakuon”, claro! E também “Bossa Bosa”. Essa música tem influência da bossa nova do Brasil.
Começamos com “Bakuon”, depois “Bossa Bosa”, e já estamos preparando outra música inspirada no Brasil. Ainda não terminamos a letra, mas vem aí.

O Rising Star Award foi um marco pra vocês. Como foi aquela noite?

Parecia um sonho. Estavam lá vários artistas que eu só via na televisão. E de repente, nós estávamos cantando no mesmo evento. Foi muito emocionante e ficamos muito felizes.

“Frozen Butterfly” esteve entre as músicas mais ouvidas no Japão. Qual foi o momento em que você sentiu que o sucesso estava realmente acontecendo?

Difícil escolher! A gente ama “Bakuon”, mas também ama “Frozen Butterfly”. Ela tem um estilo que lembra o N Sync, sabe? Parece também com músicas do Generations, que eu adoro.

Quando lançamos “Bakuon”, sentimos que estávamos fazendo a música que sempre quisemos. Ficamos muito felizes, muito mesmo. E ainda queremos fazer uma música totalmente brasileira algum dia.

Pra encerrar, cite algum músico brasileiro que você gosta e deixe uma mensagem para os fãs brasileiros.

Eu gosto de “Evidências” e também de “Glamurosa”! Amo essas músicas. Também gosto da Anitta.

Muito obrigado por todo apoio. Quero que continuem ajudando a gente pra um dia irmos cantar e dançar no Brasil. Estamos esperando por esse momento. Por favor, todo mundo, ajuda a gente a ir para o Brasil. A gente ama o Brasil. Vamos, Brasil!