Conhecido por seu trabalho visceral como guitarrista do Lamb of God, Mark Morton está prestes a mostrar uma nova faceta artística em Without the Pain, seu segundo álbum solo, que chega ao streaming na sexta-feira (11). Muito distante do metal que o consagrou, o novo projeto mergulha fundo no southern rock, com influências marcantes de blues, country e clássicos como Lynyrd Skynyrd e Allman Brothers.
Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Mark Morton contou que esse novo caminho é, na verdade, um retorno às suas origens. “Cresci com esse tipo de música. Está em toda parte onde nasci. Sempre foi a base do meu amor pela música”, diz.
Se no Lamb of God Mark Morton canaliza peso e agressividade, em Without the Pain, ele se permite explorar emoções mais introspectivas. A faixa Brother, por exemplo, traz uma reflexão delicada sobre rupturas familiares e o sentimento de arrependimento.
“É tão comum ver pessoas desconectadas de suas famílias, e isso pesa muito. A música fala sobre isso, sobre essa dor que tantos carregam”, comenta Mark Morton.
Diferente de seu primeiro álbum solo, lançado em 2019, esse novo trabalho foi construído com um espírito mais colaborativo. “No primeiro disco eu tinha uma visão mais rígida, já agora entrei nas composições com a cabeça aberta, e isso tornou tudo mais divertido”, revela.
Confira a entrevista completa com Mark Morton abaixo.
Without the Pain representa uma mudança significativa no seu som, mergulhando no southern rock. O que te motivou a explorar esse caminho agora?
O que realmente me motivou foi um amor de longa data por esse tipo de música. Cresci com esse tipo de música ao meu redor, é realmente parte da minha vida. Se você cresce onde cresci, quando cresci, você ouviu isso em todos os lugares. Então, é realmente a base do meu amor pela música. Sempre esteve lá.
Todo mundo me conhece pelo Lamb of God, e isso é ótimo. Eu também amo heavy metal. Mas este novo álbum, Without the Pain, realmente reflete o tipo de música que ouço por diversão e por amor pela música.
Parece o tipo de violão que acontece quando estou em casa, tocando violão no meu tempo livre. Não digo isso para tirar nada do Lamb of God porque amo heavy metal e amo o Lamb of God. Sou muito grato pelo que podemos fazer. Mas também tenho outros interesses, e este álbum reflete isso com certeza.
A faixa Brother é extremamente pessoal e aborda temas como arrependimento e reconciliação familiar. Como foi o processo emocional de escrever essa música?
Acho que acabei de observar ao meu redor tantos casos de pessoas que estão desconectadas de certos membros da família ou desconectadas talvez até mesmo de toda a família. E é tão comum e um fardo tão pesado que as pessoas carregam. Acho que todos nós ouvimos e muitos de nós vivenciamos tantos exemplos disso acontecendo. E realmente não entendo porque é tão comum e universal. Mas é sobre isso que realmente estávamos escrevendo, esse fenômeno de famílias se desconectando e nem sempre necessariamente entendendo o porquê.
Entre todas as faixas do álbum, existe alguma que você considera a mais representativa da sua jornada pessoal recente?
Não, acho que não. Não sei qual é a minha jornada pessoal mais recente, apenas acordo todos os dias e consigo viver mais um dia, fazendo coisas emocionantes. Sou um cara muito sortudo.
Acho que realmente mais do que apenas uma música, o álbum em si traz sentimentos, soa muito como um lar para mim. O álbum pareceu muito com voltar para casa.
Você incluiu um cover de The Needle and the Spoon, do Lynyrd Skynyrd. Qual é a importância dessa faixa na sua formação musical?
É uma das minhas músicas favoritas do Lynyrd Skynyrd. O Lynyrd Skynyrd é a grande referência de southern rock. Essa faixa é uma das minhas favoritas porque é muito guiada pela guitarra. Esse riff é tão bom, a letra é sombria e meio que um aviso. É tudo que amo no southern rock.
O quanto das suas raízes musicais sulistas estão presentes em Without the Pain? Você cresceu ouvindo muito blues e country?
Lynyrd Skynyrd, Molly Hatchet, Allman Brothers e ZZ Top estavam por toda parte e ainda são muito parte do que soa se você entrar na minha casa. É o que escuto normalmente.
Esse é seu segundo trabalho solo. Em que aspectos ele difere do primeiro, tanto musical quanto emocionalmente?
O primeiro álbum foi amplamente influenciado pelo heavy metal e diferente do Lamb porque era um pouco mais melódico, mais diverso estilisticamente. E, claro, os diferentes cantores trabalhando nele fizeram as coisas meio que saírem de ângulos diferentes. Musicalmente, isso é diferente porque o meu novo álbum é southern rock com influência de blues.
Em termos de processo e meu relacionamento com o disco, acho que é amplamente mais colaborativo. No primeiro disco, tinha uma visão muito mais rígida para cada música porque sentia a responsabilidade de ter a música bem definida. E neste álbum, entrei nas sessões de composição com um conceito muito mais solto para a música e muito mais aberto a outras contribuições. Isso tornou tudo muito divertido.
Como você equilibra a criação solo com o trabalho no Lamb of God? Esses dois mundos se influenciam de alguma forma?
Não sei se elas influenciam uma à outra. É tudo música para mim. Então, nesse sentido, se ouço algo, é mais sobre decidir se é para Lamb of God ou não. Em termos de equilíbrio, o Lamb of God é sempre a prioridade.
É um monstro tão grande, com uma base de fãs tão grande… Ficamos tão ocupados com isso que é real e menos sobre equilíbrio e mais sobre mim, trabalhando entre meus compromissos e responsabilidades com o Lamb of God.
Depois do lançamento de Without the Pain, você pretende levar essas músicas para a estrada? Há planos de turnê solo, quem sabe até pelo Brasil?
Uau, não seria ótimo? Ótimo! Não temos nenhuma turnê marcada. O Brasil seria ótimo para mim.
O Lamb of God faz um cruzeiro chamado Headbanger’s Boat e minha banda solo toca nele todo ano. E temos uma ótima banda reunida e podemos tocar todas essas músicas apenas com um cantor, Matt James, que canta a faixa-título, Without the Pain. Ele poderia cantar todas essas coisas. Espero que surjam algumas oportunidades de shows. Por enquanto, tocaremos em Nashville na semana que vem e depois tocaremos no barco do Lamb of God em outubro.
Agora a última pergunta, quais três álbuns mais influenciaram você em sua carreira e por quê?
Isso é tão difícil, minha carreira teve tantas reviravoltas diferentes. Vamos lá: Metallica – Master of Puppets; Black Sabbath – Paranoid; Allman Brothers – Fillmore East.