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Entrevista | Nuno Mindelis – “Estúdio é água, ao vivo é vinho”

No início de julho, o guitarrista Nuno Mindelis me mandou uma mensagem para justificar o não envio da coluna semanal Radar, publicada aqui no Blog n’ Roll. O motivo? Sua participação como headliner no Suwalki Festival, na Polônia. O que já seria um grande motivo, ganhou adicionais tão importantes quanto. Os companheiros de line up eram nada menos que Eric Burdon & The Animals, Mavis Staples e Billy F. Gibbons (ZZ Top). Tem como isso ser mais especial? O angolano radicado no Brasil conseguiu tornar. Gravou um disco dessa apresentação. O Live At Suwalki Festival chega às plataformas de streaming nesta sexta-feira.

“Lancei crowdfunding (financiamento coletivo) para isso. Sou extremamente grato aos fãs por viabilizarem esse trabalho. Desde o início, a ideia era fazer um disco ao vivo. Não teve nada de estúdio. É o retrato do que aconteceu lá no palco principal, no início de julho. Só usei estúdio para mixar e masterizar, como sempre teria de ser”, comenta Mindelis.

O guitarrista conta que vários aspectos tornaram essa apresentação especial e merecedora de um disco oficial. “Toquei com gente que eu ouvia e aprendia quando criança. Ter sido convidado como headliner junto com essa turma, no palco principal, que em outras edições teve Mick Taylor (ex-Rolling Stones), Doyle Brahmall Junior, entre outros. A importância do próprio festival, a reação incrível da plateia, a recepção do Jornalismo, enfim”, justifica o blueseiro.

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A passagem pela Polônia também reservou histórias curiosas com o promotor do festival, que se convidou para dar uma canja com Mindelis, numa apresentação secundária, nas indoor series, no Rozmarino Club (o equivalente aos Lolla Parties, que rolam no Brasil durante o Lollapalooza).

“O Dhieego (baterista) lembrou que um dia, quando pedi para descansar, rolava programação o tempo todo com entrevistas, o promotor sugeriu (a sério) que usasse cocaína para dar energia”.

As diferenças culturais também renderam histórias curiosas. “Chegamos no camarim e as cervejas estavam em cima da mesa. Não tinha frigobar, nem nada. Uma hora perguntamos se não iam colocar a cerveja para gelar. Eles não entenderam, acharam um absurdo tomar a cerveja gelada, enquanto achamos um absurdo eles deixarem a cerveja daquele jeito”, recorda o tecladista, Allex Bessa.

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Durante o show, o blueseiro conta que foi surpreendido pelo apresentador do festival. “O cara anunciou all the way from Rio de Janeiro. A banda começou a tocar e entrei um minuto depois. Passei por ele e disse de onde você tirou isso? Ele, visivelmente preocupado, soltou um sorriso amarelo e minimizou a diferença. Eu disse é bem diferente. Aí no bis e no final, ele foi e falou all the way from São Paulo”.

No show, Mindelis revisitou o seu repertório autoral. “Geralmente faço coisas de álbuns anteriores, Texas Bound, Angels & Clowns e Blues on The Outside. Achei que poderia ter gravações ao vivo dessas coisas que ando fazendo há tanto tempo. Ao vivo sempre vem outra coisa que pode ser boa. Estúdio é água, ao vivo é vinho. Aliás, mais vice-versa dependendo da sensibilidade dos ouvidos”.

O show de lançamento do disco será no próximo dia 18, a partir das 20h, no Bourbon Street (Rua dos Chanés, 127, Moema, em São Paulo). Os ingressos estão à venda e custam R$ 50,00. Para garantir, presença acesse o site e efetue sua reserva.

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Mais projetos no forno

Mindelis já tem outro projeto em mente. O próximo passo do guitarrista é explorar mais as músicas e ritmos angolanos. “Tenho duas músicas e o pessoal está pedindo muito. Então pensei em ampliar, inclusive com participações de alguns autores. Tenho falado com o Bonga, uma honra, ouvia muito esses temas na infância e adolescência”.

As duas faixas citadas, Mona Ki Ngi Xica e Nbiri Nbiri, foram registradas no disco ao vivo. “Quero fazer no estúdio, com percussionista e sonoridades mais apuradas. Acrescentar mais umas cinco ou seis que também ouvi muito e me impactaram a adolescência. Ouvia no mesmo pacote de blues e do rock inglês e americano. Coisas como Muxima, Mudiakime, Monami Zeka”, justifica o músico, sem dar um prazo para esse lançamento.

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