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Entrevista | Raimundos – “A tragédia em Santos testou a nossa força”

Poucas bandas têm tamanha identificação com Santos como o Raimundos. Nos anos 1990, quando lançou seus principais álbuns, o grupo conquistou o segundo maior público em São Paulo, atrás apenas da Capital, segundo conta o baixista Canisso. Entre as dezenas de apresentações na Cidade, dois dos momentos mais marcantes da carreira desses brasilienses: o primeiro grande show, no festival M2000, na praia do Gonzaga (1994), e a tragédia no Clube de Regatas (1997), que deixou oito mortos e 63 pessoas feridas.

Com um pé no passado e outro no presente, Digão e Canisso, remanescentes da formação original, retornam à Cidade nesta sexta-feira, a partir das 22 horas, na Capital Disco, para divulgar o álbum Cantigas de Roda. Marquim e Caio completam o time atual. Ainda há ingressos à venda.

“Antes de lançarmos nosso álbum de estreia fizemos o nosso primeiro grande show. Praia do Gonzaga, em Santos, lotada, vários leões (Mr Big, Lemonheads, Henry Rollins) em cena e uma apresentação histórica”, relembra Canisso.

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“Lembro que anunciaram o Raimundos como uma banda que misturava rock com forró. Éramos uma banda de hardcore. Entramos com um set bem pesado”, completa.

Nascia ali, no longínquo janeiro de 1994, uma relação estreita entre banda e público. Canisso recorda de várias das apresentações em Santos. “Tocamos no La Fiesta com um grupo de malabaristas, na Reggae Night, na subida do morro, entre outros espaços”.

Essa relação tão próxima com os fãs da região sofreu um forte abalo em 1997, no Clube de Regatas, na Ponta da Praia. Na ocasião, somente uma das cinco escadarias de acesso do local estava liberada. Por causa do excesso de peso, a estrutura não resistiu e sete jovens morreram asfixiados e um com traumatismo craniano.

“Era para ser a maior celebração, o primeiro show da turnê do Lapadas do Povo (quarto álbum de estúdio). Perdemos a alegria depois daquele episódio. Não era possível seguir. Só Andar na Pedra teve clipe, que já estava gravado”, relembra Canisso.

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O baixista garante que esse foi o momento mais complicado para os integrantes. “Foi ali que se testou a nossa força. Poucas bandas conseguem superar isso. Santos era o nosso maior público e eu lembro do rosto de cada um deles”, diz. “Depois daquele show passamos a puxar a responsabilidade da logística, instalação, tudo”, completa.

Muitas coisas aconteceram após a tragédia. O Raimundos alcançou o seu maior sucesso com o álbum Só no Forevis (1999) e chegou ao fim em 2001, após a saída do vocalista Rodolfo.

“Num universo perfeito seria legal contar com aquele Rodolfo na formação. Mas o Raimundos não se resume aos quatro originais ou atuais. O Digão evoluiu muito. Ele sempre teve facilidade como frontman e agora lapidou. Sobrevivemos à
comparação, mas matamos um leão por noite”.

Canisso evita polemizar com o ex-integrante, que se tornou evangélico. “Não gosto de dizer que aqui é o inferno e lá (igreja) é o céu. Raimundos é a trilha do romance com a minha esposa. Trilha de muitas famílias”.

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Quanto ao ex-baterista Fred, que acompanhou a banda em shows recentes, Canisso garante que existe uma amizade entre eles, mas nem cogita a possibilidade de retorno.

“Se ele (Fred) tocar agora terá que tirar várias músicas novas. O Caio já é uma presença sedimentada. Ele já conquistou a vaga. É algo como rolou no Ramones com o Marky e o Tommy”, diz.

Momento atual
O mais recente trabalho da banda, Cantigas de Roda, lançado em fevereiro, é o primeiro desde 2002. E marca o recomeço da carreira. Público e crítica aprovaram o álbum e o feedback vem agradando muito aos
integrantes.

“Nosso repertório em Santos terá quase todos os clássicos e muitas canções do Cantigas. O público curtiu o álbum. Será um show para os fãs que já assistiram dez shows e os que vão assistir pela primeira vez”.

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Prova do sucesso do Cantigas é que os integrantes já pensam no próximo passo. “Existe um pãozinho no forno. Mas eu não posso contar. É segredo. E se eu contar pra você, terei que te matar (risos). Tem uma parceria que vai rolar bem interessante. Reparou que estamos na Malhação (novela da Rede Globo)? Então…”

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