O compositor, cantor e violeiro santista Renato Teixeira conquistou o público com vários sucessos ao longo da carreira. Ele é autor de hits como Tocando em Frente (em parceria com Almir Sater), Romaria, Dadá Maria, Frete e Amanheceu.
Aos 75 anos, ele segue produtivo, lançou na última semana o single Humanos São Todos Iguais, sua segunda canção religiosa em quase 50 anos de carreira.
Composta durante a pandemia, a canção traz uma mensagem de reflexão sobre o atual momento. É um sopro de fé de quem acredita na salvação da humanidade.
“A pandemia traz algo bom para o artista. Ela permite muito tempo de disponibilidade para produzirmos. Essa canção levou quase uma semana para nascer”, comenta Teixeira, que conversou com o Blog n’ Roll por telefone.
O artista conta que teve uma ajuda divina para poder concluir a composição. “Na metade da música, travei. Quando isso acontece, você para, às vezes joga a letra fora. Mas nesse mesmo período, eu liguei para o padre Zezinho, de Taubaté. Queria saber como ele estava. E ele me disse para concluir o que estava fazendo, logo já pensei na música. Peguei a música e conclui”, comenta, aos risos.
Para Teixeira, a canção o fez refletir mundo sobre o mundo atual. Em resumo, ele acredita que o espírito maternal é que vai consertar o mundo.
“Perdeu a graça, um mundo tão agressivo. Está faltando aquela mãe que chega e coloca ordem na casa. A solução para todos os problemas do mundo passa por uma atitude maternal”.
Mesmo sem citar nomes, o santista também faz críticas aos governantes. “São novas circunstâncias que governam o mundo. Não existe um homem que governa uma nação. O cargo de presidente da República, por exemplo, é figurativo. São as circunstâncias que conduzem as coisas”.
Revolução musical
O violeiro não pensa, por enquanto, em gravar um álbum cheio de estúdio. Está focado nas mudanças do mercado, que tem apostado cada vez mais em singles ao longo do ano.
“É uma revolução absurda, igual quando saímos da carroça para o avião. Algo super radical. A música voltou mais para a mão dos autores, podemos gravar em casa, a remuneração melhorou. Você tem mais de 20 plataformas gerando direitos. Ainda é muito pouco, mas está melhorando”, justifica.
Formado em Publicidade e com vários prêmios na carreira, Teixeira também faz uma reflexão sobre o atual Brasil.
“Dentro da quarentena, pensando muito, percebi que aquele velho Brasil do Pelé, Tropicália, Ary Barroso, Carmen Miranda, deixou de existir. Surgiu um Brasil mais internacional, globalizado. Os mesmos carros que andam nas ruas de Tóquio, estão por aqui. Você tem a noção dessa globalização”.
Mais novidades de Renato Teixeira
O próximo single de Teixeira já está definido: Viola Marinheira. Nascido em Santos, mas criado em Ubatuba e Taubaté, o artista explica um pouco da origem da futura canção.
“A viola é litorânea, mas a moda é caipira. Quando eu falo amanheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar, é porque todos os violeiros no litoral levavam a viola em uma sacola de feira. A viola é marinheira. São Gonçalo de Amarante é o padroeiro dos violeiros e dos marinheiros. E para ficar ainda mais completo, é também dos garçons e das putas. É um combo”, brinca.