O último ano foi especial para o paulistano Danilo Albert Ambrosio, o Rincon Sapiência. Há 18 anos na estrada, o rapper iniciou sua trajetória como freestyle (rimas improvisadas), divulgou alguns singles ao longo dos anos, mas foi somente em 2017 que alcançou o merecido reconhecimento.
O disco Galanga Livre, lançado no ano passado, foi considerado um dos melhores da temporada em vários jornais, sites e revistas especializadas.
O seu grande momento será na sexta-feira, às 14h30, quando se apresenta no Palco Budweiser, o principal da sétima edição do Lollapalooza Brasil, que acontece entre sexta e domingo, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
Com uma sonoridade moderna, o rap de Rincon mantém a essência do estilo de ser a voz da periferia, dos excluídos, mas não se prende apenas a isso. Ele também carrega uma veia mais política em suas composições. Vida Longa, uma das principais de Galanga Livre, expõe bem isso.
“Onde há fogo há fumaça, sinto pelo faro. Infelizmente, Bolsonaros não é tipo raro. Nois aprecia, vida longa à democracia. Pra muitos vida dura, ditaduras torturaram. Palavras que libertam o limite da fronteira. Não é a bíblia narrada por Cid Moreira. Rap é vida, a rua e as narrativa. Desejo vida longa à nossa voz ativa”, canta Rincon.
Grande feito
Para ele, o grande feito de Galanga Livre foi a linguagem do disco. “Tive um certo preciosismo e consegui ter esse resultado. As pessoas curtiram a ideia que quis passar na música, letra e moda. A forma como costumamos trabalhar é com singles, mas o disco consolidou esse trabalho”.
A repercussão do disco foi tão grande que o rapper sabe que o próximo passo requer responsabilidade maior.
“Eu gosto muito de disco, então penso em lançar outro, mas por enquanto estou focado nos versos livres, sem refrão. Em 26 de dezembro de 2014, eu lancei Linha de Soco. Em 2016, no mesmo dia, divulguei Ponta de Lança. No ano passado foi a vez do Afro Rep. Virou uma tradição. Todo dia 26 de dezembro vou lançar um verso livre”.
Em Ponta de Lança, Rincon canta que “música preta a gente assina, funk é filho do gueto, assuma”, o que resume bem o pensamento dele sobre a explosão do gênero.
“As coisas caminham juntas, o funk é mais minimalista, o rap é mais complexo, mas os dois têm a cultura do faça você mesmo. Tem rima, dança, o jeito que nasceu, a linguagem”.
Ciente que o rap vive um momento especial, Rincon acredita que o Brasil já está pronto para um grande festival de rap. “É o gênero mais ouvido no mundo, no Brasil estamos a passos curtos, mas somos fortes”.
Wiz Khalifa
O posto ocupado por Wiz Khalifa na lineup do Lollapalooza mostra que o rap é muito bem visto pela organização. O cara é o responsável por fechar o Palco Axe, no domingo, às 21h, mesmo horário que o The Killers ocupa o Palco Budweiser. See You Again, que entrou na trilha sonora de Velozes e Furiosos 7, é um dos cartões de visita do americano.
Chance the Rapper
Começou a ter mais destaque com o grande público em 2013, após os lançamentos de seus dois primeiros discos. Mas foi em 2017 que esse jovem de 24 anos, natural de Chicago, cravou de vez o seu nome no hall de grandes nomes do rap mundial. O cara faturou três Grammys: performance de rap, artista revelação e álbum de rap.
Tropkillaz
Dois dos maiores DJs e produtores do hip hop brasileiro compõem o Tropkillaz, Zegon e Laudz. Só para ter uma noção da grandeza da dupla, os dois já trabalharam com Kanye West e M.I.A., além de receberem elogios de Snoop Dogg e Dr Dre, grandes representantes do rap mundial. O show deve ter muito funk também, inclusive, com Vai Malandra!
Mano Brown
O trabalho frente ao Racionais MCs é algo que dispensa apresentações. Sem dúvida alguma é o maior grupo de rap do Brasil. Mas Mano Brown foi além com o seu projeto solo, Boogie Naipe, lançado em 2016. “Esse trabalho é incrível, o cara é meu parceiro. É um dos shows que mais quero assistir. Torço muito por ele, o cara merece”, diz Rincon.
Anderson Paak
Os mais conservadores podem até reclamar e dizer que Anderson Paak não é rap, mas a sua essência ninguém pode negar. Além do hip hop, o seu som explora o funk, soul e o r&b. Com a sua banda Free Nationals, Paak tem tudo para fazer um show marcante. “Ele agrega valores parecidos com os meus, a moda, bateria, tudo”, comenta Rincon.
Mac Miller
Namorado da cantora pop Ariana Grande, Mac Miller possui um trabalho consistente e elogiado pela crítica especializada. Seu último disco, The Divine Feminine, conta com as participações de Kendrick Lamar e Anderson Paak. Tal como o seu parceiro de lineup, Miller também explora outros gêneros, não fica preso apenas no rap.
Khalid
Criado no Texas, Khalid é uma das gratas revelações do cenário americano. Com apenas 20 anos, ele carrega na bagagem um disco de peso. American Teen, lançado no ano passado, figurou nas paradas da Billboard por várias semanas em 2017. Se você é um pouco antenado, certamente já ouviu Young Dumb & Broke, seu principal hit.
Ingressos
Quem quiser curtir o Lollapalooza precisa correr! Os ingressos para sábado (24) e domingo (25) já estão esgotados. O pacote para os três dias também. A única opção disponível é o Lolla Day para sexta-feira (23). Ele custa R$ 800,00 (inteira). Site.
