A banda santista Shadowside acaba de lançar o álbum Inner Monster Out no mercado asiático. A gravadora japonesa Spiritual Beast vai disponibilizar o disco, considerado um dos melhores de 2011 no Brasil, nas principais lojas do Japão, Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e China.
A edição japonesa de Inner Monster Out terá duas faixas exclusivas no tracklist: a inédita Vitual Pain e a cover de Ace of Spades, do Motörhead.
O terceiro registro fonográfico da Shadowside foi gravado, mixado e masterizado por Fredrik Nordström, um dos principais produtores de heavy metal da atualidade, no Fredman Studio, em Gotemburgo, Suécia.
O CD tem a participação especial dos vocalistas Mikael Stanne (Dark Tranquillity), Björn “Speed” Strid (Soilwork) e Niklas Isfeldt (Dream Evil). A versão nacional do disco, traz a releitura de Inútil, clássico dos anos 80, com Roger Moreira, líder do Ultraje a Rigor!, dividindo os vocais com a cantora Dani Nolden.
Show no Maranhão
Recentemente, a Shadowside foi confirmada como uma das atrações do festival Metal Open Air, que será realizado nos dias 20, 21 e 22 de abril, em São Luís. O evento contará com grandes nomes do metal nacional e internacional como Anthrax, Blind Guardian, Exodus, Megadeth, Symphony X, Venom, Almah, Andre Matos, Hangar, Korzus, Matanza, Shaman, Torture Squad e muitos outros.
Produtores interessados em contratar o espetáculo da Shadowside que já passou por mais de 20 países da Europa, cinco turnês pelos EUA e diversas cidades do Brasil, devem entrar em contato através do e-mail contato@furiamusic.com.br.
Confira abaixo uma entrevista do Blog n’ Roll com a vocalista Dani Nolden.
Conte um pouco sobre o início da banda. Vocês chegaram a tocar em casas de Santos?
No começo da carreira, nós chegamos a tocar no antigo Bar do 3. Na época, era o local com melhor estrutura. Sempre fizemos questão de tocar em lugares que permitissem uma performance interessante. Tinha muitas casas em Santos, mas a maioria tinha palcos tão pequenos que a banda mal cabia… perdi a conta de quantas vezes fomos chamados de arrogantes por isso (risos). Mas eu acho que valeu a pena. Nós éramos bem seletivos com onde tocávamos e isso significava que o público sempre via nosso melhor.
Quando e como foi o primeiro show fora da cidade?
Nosso primeiro show foi fora da cidade, em Itapira (interior de São Paulo). Fomos muito bem recebidos pelo público de lá. Foi uma primeira experiência maravilhosa.
Início de carreira quase sempre reserva espaços para frustrações e decepções. A Shadowside passou por algum momento complicado no início?
Passou e ainda passa! Passar por dificuldades é algo que toda banda precisa se acostumar e saber como fazer as coisas acontecerem mesmo assim, do contrário é fim de carreira na certa. Nós tivemos problemas com gravadoras mal administradas, que fecharam as portas antes mesmo de lançar qualquer CD, promotores de shows que mudam o acordo em cima da hora, quando não cancelam o evento e somem com o dinheiro do público. Para cada sucesso que temos, tem muito trabalho feito e muitos problemas resolvidos.
Quais assuntos que a Shadowside costuma abordar nas letras?
São assuntos do dia-a-dia, coisas que acontecem comigo, que eu penso e sinto ou que vejo acontecendo com meus amigos e família. In the Name of Love é sobre violência doméstica. Eu nunca passei por isso, mas conheço pessoas que passaram.
Gag Order é sobre timidez extrema, a ponto de te impedir até mesmo de conseguir responder a uma simples pergunta, que foi algo que eu tive que superar. Waste of Life sobre como a grande massa é manipulada a fazer e pensar exatamente o que os poderosos querem.
Especialmente no novo álbum, as letras são bem introspectivas, é como uma viagem para dentro de mim mesma e a libertação do meu “inner monster” (risos). Todos nós temos um e eu analisei o meu para escrever esse disco.
A Shadowside já gravou com produtores consagrados, abriu para grandes bandas e fez algumas turnês fora do Brasil. Como foi o primeiro contato com a gringa?
Foi em 2007, quando tocamos nos Estados Unidos pela primeira vez. Vencemos um concurso do site AirPlay Direct e parte do prêmio era abrir o festival Indianapolis Metal Fest. Poucos minutos antes de começarmos a tocar, estávamos frustrados, porque não havia ninguém na casa. Talvez cinco ou seis pessoas. Pensamos ‘viajamos tudo isso para tocar um show para cinco pessoas’ e ficamos desanimados. Mas então conversamos e decidimos que não seria justo com aquelas cinco pessoas se tocássemos com aquele humor. Nos aprontamos com o melhor ânimo que podíamos e quando nos preparávamos para subir no palco, o público começou a entrar e a casa ficou cheia de forma repentina. Fiquei nervosa, porque eu estava preparada psicologicamente para cinco, não centenas e fora do meu país! (risos). Depois descobrimos que o público estava lá fora, esperando pelo nosso horário, porque estavam curiosos para ver a “banda do Brasil”.
A reação foi tão boa que marcamos uma turnê para alguns meses depois e no ano seguinte, éramos uma das bandas principais do mesmo festival. Essa foi a abertura de portas para nós nos Estados Unidos.
Conte um pouco sobre as principais conquistas obtidas pela Shadowside em 10 anos de carreira.
Bastante coisa aconteceu nesse período. No início abrimos para o Nightwish, depois já com o primeiro álbum lançado fizemos a turnê brasileira com o Helloween.
A partir de 2007 começamos a tocar internacionalmente e desde então foram cinco turnês nos Estados Unidos e shows em mais de 20 países da Europa.
Fizemos uma turnê com o W.A.S.P. em 2010 pelo Velho Mundo, que durou quase dois meses. Abrimos para o Iron Maiden, no Rio de Janeiro, no início de 2011. Tem sido uma carreira bem intensa!
Fale um pouco sobre a discografia. Existe alguma diferença na sonoridade dos três álbuns? O que diferencia a Shadowside do primeiro para o novo álbum?
Existem diferenças bem grandes. Nós não gostamos de repetir sempre o mesmo álbum, além de estarmos sempre procurando fazer algo melhor. Porém sempre tem algumas características em comum entre todos eles, são sempre cheios de energia, melódicos e marcantes. A prioridade é sempre a música e não habilidades individuais.
Somos banda primeiro e músicos depois. O novo álbum é muito mais maduro, balanceado, eu o vejo como uma mistura do nosso material antigo com novidades. Não tivemos medo algum de experimentar com o que gostamos.
O objetivo era agradar a todos na banda, mesmo com todos os nossos gostos completamente diferentes e conseguimos isso. Fizemos um álbum pesado, intenso, agressivo em algumas partes e bem musical em outras.
Qual foi o fator principal na hora de escolher Gotemburgo como local para gravação do Inner Monster Out?
A escolha de Gotemburgo foi, apenas, porque nosso produtor Fredrik Nordström tem um estúdio lá, então não havia necessidade de tirarmos ele da cidade para gravar em qualquer outro local. Poderíamos ter gravado com ele no Brasil, mas nós queríamos o mesmo som que ele tira lá e não seria possível ter certeza que conseguiríamos o mesmo resultado gravando aqui.
Ele tem uma casa anexa ao estúdio, portanto nós moramos no estúdio durante praticamente um mês. Isso foi maravilhoso, me permitiu ficar completamente concentrada na gravação e nada mais.
O lugar era afastado de tudo, então mesmo durante a noite e nos finais de semana, sair era complicado demais. Além de tudo ser longe, tinha que colocar tanta roupa… (risos) Então nós apenas ficávamos em “casa” e continuávamos trabalhando. Eu acordava e ia gravar ou acompanhar o trabalho dos rapazes.
Vocês regravaram Inútil, do Ultraje a Rigor. De onde surgiu a idéia? É algo bem diferente do som da Shadowside. (risos)
Bem diferente, mas nós deixamos com a nossa cara! Exceto pelo português, eu acho (risos). Eu queria gravar uma música em português e comentei com os rapazes. Porém nós não estávamos certos se deveríamos escrever uma música nova em português ou fazer uma versão de uma das nossas antigas.
Eles não foram contra a ideia, mas a tarefa de escrever a letra seria minha e eu ainda tinha que escrever todo o resto do disco e a minha falta de experiência com letras em português foi deixando a tarefa pra trás (risos). Acabei ficando sem tempo e estava desapontada que ainda não teria a música em português no álbum.
Então nosso guitarrista Raphael tocou Inútil com outra banda em um show em Santos e imediatamente ficou claro que essa deveria ser a música.
Deixamos bem pesado e mostramos pro Roger. Como ele gostou, o convidamos para participar e ele topou. Eu nunca imaginei que gravaria um dueto com o Roger. Ele é um dos meus grandes ídolos brasileiros.
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