Em oito anos de estrada, o cantor e compositor capixaba Silva experimentou de tudo um pouco na música. Iniciou no indie pop, fez uma migração perfeita para a MPB, gravou com nomes distintos como Fernanda Takai e Anitta, Lulu Santos e Ludmilla, Ivete Sangalo e Marisa Monte.
Nessa trajetória, também teve dois cancelamentos em cima da hora no Lollapalooza Brasil. O show de 2019 foi cancelado por conta do vendaval em Interlagos, enquanto a participação na edição 2020 foi transferida para dezembro.
Relação com Portugal
O que muitos não sabem é que ele tem uma carreira consolidada em Portugal também. Lá, um pouco antes do Lollapalooza 2019, Silva realizou seis shows em três dias consecutivos. As apresentações aconteceram no Cineteatro Capitólio de Lisboa, com duas sessões por dia. O registro intimista, no voz e violão, virou o álbum Ao Vivo em Lisboa (Slap / Som Livre), desde sexta (22) disponível nos serviços de streaming.
“Lisboa me recebe desde o comecinho da carreira. Fui tocar lá a primeira vez em 2013, num festival da Vodafone. Tinha um monte de gente grande na época e fui tocar lá. Tinha uma crítica positiva, a música entrou em novela. Toquei no Rock in Rio Lisboa 2014. Na época do Júpiter (terceiro álbum de estúdio) fiquei um pouco fora, o álbum não foi lançado lá. Mas voltei com Marisa e Brasileiro (os dois discos seguintes)”, comenta o cantor.
Silva, no entanto, ressalta o desafio que foi migrar do Bloco do Silva, que tinha acabado de realizar no Carnaval, para o formato mais intimista desejado pelo contratante.
“Disse que precisava de um tempinho. Passei umas três semanas para ver repertório, colocar algumas coisas que achava emblemática do Brasil. Abre com Pixinguinha e termina com Ney Matogrosso. Passeio pela minha própria carreira. Não é um teatro gigantesco, foram seis shows em três noites, foi bem desafiador, super puxado. No final estava cansadíssimo”.
O cantor revela ainda que estava temeroso com o resultado das gravações. Foram necessários muitos HDs para garantir toda a captação. “Agradeci ao meu irmão porque fui ouvir o material e adorei. Fomos espertos e captamos as reações do público também”.
Ciclos musicais
O primeiro single escolhido para divulgar o álbum ao vivo foi Júpiter, algo que os portugueses ainda não haviam experimentado.
“Eu sou muito de ciclos musicais. E acabo ficando. Alguns grupos cantam a mesma música há 30 anos. É algo incrível, mas eu enjoo muito. Acaba a turnê e vou mudando. Júpiter achei curioso, é o meu disco mais diferente de mim hoje, mas a letra continua fazendo sentido. Hoje ganhou mais sentido ainda. Fiquei feliz de colocar ela abrindo o trabalho. Vai apresentar para um público que me conheceu no Silva Canta Marisa e Brasileiro”.
Triste com a pandemia e o avanço da doença no Brasil, Silva se diz aliviado com o “privilégio” de ficar em casa.
“Estou em casa e com paz em mente. Ficar em casa com essa ansiedade, com o pau quebrando lá fora, pode causar uma depressão em algum nível. Fico feliz com o privilégio”.
Live do Silva
Mas Silva não quer ficar parado sem ajudar quem precisa. “Minha equipe depende de mim, da minha saúde, para eles ganharem o que precisam para manter a vida deles. Então farei lives com esse objetivo, mas também quero ajudar instituições que precisam”.
Neste domingo (24), às 18h, em seu canal no YouTube, Silva promoverá uma live especial, no violão e voz, para marcar o lançamento do Ao Vivo em Lisboa. E chega para o show com a moral elevada depois que um artista que ele admira postou nos stories que estava ouvindo uma canção dele.
“Achei uma doideira. É tão distante do meu mundo. Estou em Vitória, estou na minha casa. Fico imaginando esse rolê da alta indústria. E o Drake estava o ouvindo o meu som e compartilhou com os seguidores dele. O Drake tem pura melodia, flow e produção. Sou fã e canto até as rimas dele”.