Nos últimos dez anos a banda mineira Skank, uma das mais populares do Brasil, lançou três álbuns de estúdio, dois ao vivo e teve uma compilação com sons inéditos lançada. Junto com isso, veio mais uma penca de hits, entre os quais Uma Canção é pra isso, Mil acasos, Ainda gosto dela, Sutilmente, entre outros.
Tal período que inclui uma série de influências que vai de LCD Soundsystem até a Jovem Guarda, passando por Rolling Stones e Beatles, não teve nenhuma apresentação em Santos. Mas essa longa espera, de mais de uma década, será encerrada neste sábado (21), a partir das 22 horas, no Mendes Convention Center.
No palco, os mineiros vão divulgar o álbum Velocia, o último de estúdio, lançado em 2014. Mas se mantiver o repertório dos últimos shows, o Skank apresentará muitos hits antigos para os fãs, como É uma partida de futebol, Saideira, Jackie Tequila, Te ver, Vou deixar, Garota nacional, Resposta e Tão seu.
“Me lembro de um dos primeiros shows na Reggae Night, mas isso foi há muito tempo. Foram alguns shows em Santos e sempre muito bons. A Baixada tem uma história interessante com a música. Acabou criando um estilo com a chegada do Charlie Brown e isso se espalhou”, comenta o tecladista Henrique Portugal.
O álbum de trabalho do Skank, Velocia, lembra bastante os primeiros trabalhos dos mineiros, com algumas canções dançantes. Tal semelhança não foi proposital, garante Portugal.
“O mais interessante dessa pergunta é que esta conclusão sobre a utilização de elementos dos álbuns anteriores só aconteceu depois que já havíamos gravado tudo. Acabou que a produção foi super tranquila e sem conceitos pré-definidos”.
Apesar de estar há dois anos divulgando o último disco, o tecladista afirma que não há planos para um novo trabalho de inéditas. “Ainda estamos rodando o Brasil com o Velocia e faltam alguns lugares que gostaríamos de tocar”.
Questionado se um EP ou single pode ser uma solução para os fãs que esperam um novo álbum, Portugal descarta essa possibilidade. “Ainda preferimos o velho e tradicional LP com mais músicas”.
Para Portugal, a chegada dos serviços de streaming, onde se encontram muitos EPs e singles, está facilitando o jeito das pessoas escutarem música, mas faz um alerta.
“Devido ao alto custo para os usuários e ser pouco rentável para os artistas, ainda é pouco democrático”, diz. “Mas este caminho não tem volta. Acreditamos que o formato físico ainda terá o seu lugar, pois tem muita gente que gosta de música além do simples sucesso radiofônico”.
Na onda dos relançamentos de álbuns históricos, o Skank pretende lançar uma versão especial de Samba Poconé, o terceiro registro de estúdio, que completa 20 anos em 2016.
“Este foi o álbum que mostrou o Skank para o mundo. A música Garota Nacional chegou aos primeiros lugares das paradas em alguns países da América Latina e Europa”.
Não é a primeira vez que os mineiros celebram o aniversário com relançamento. Anteriormente, Calango (segundo de estúdio) ganhou uma versão de 15 anos, com material inédito, demos e as versões em espanhol gravadas para o mercado latino.
Tipo exportação
Gravar em espanhol não é a única investida do Skank no cenário internacional. Em julho, por exemplo, a banda embarca para mais uma série de shows nos Estados Unidos.
“Já viajamos para mais de 15 países. A Alemanha foi o país em que mais tocamos. A aceitação sempre foi positiva, pois sempre tivemos como desafio tocar em lugares que as pessoas não conheciam a nossa música”, comenta o tecladista.
A língua não é barreira, garante o tecladista. “Assim como no Brasil escutamos muita música em inglês e a maioria das pessoas não tem a mínima noção das letras, isso acontece também com o nosso trabalho, cantando em português em países onde a nossa língua é pouco conhecida”.
Um encontro desejado
Fã de bandas britânicas como Oasis, Beatles e Rolling Stones, o mineiro afirma que seu grande desejo é um dia gravar com o Paralamas do Sucesso. Mas essa vontade tem uma explicação antiga.
“No início da carreira do Skank tivemos a oportunidade de tocar com o Barone e o Bi, dos Paralamas, quando ainda tocávamos em bares de Belo Horizonte. Foi um encontro inesquecível, que infelizmente não temos registro para mostrar. Foi em um domingo à noite, eles haviam tocado numa casa de shows e foram direto para o local onde estávamos. Guardamos esse encontro com muito carinho até hoje”.
Abertura
Antes do Skank subir ao palco do Mendes Convention Center, o público santista terá a oportunidade de assistir ao grupo paulistano Rotação Inversa, que fará sua estreia na Cidade. A banda tocará a partir das 22h30, conforme programação divulgada pela assessoria de imprensa deles.
Na bagagem, a banda traz o primeiro disco autoral de carreira Nem Tudo É Normal, com destaque para a música de trabalho Um Sol Pra Dois– em execução em rádios de diferentes cidades do Estado de São Paulo. Amor e Sem Culpa, além de releituras de bandas e artistas influenciadores como Frejat, Cazuza, Raul Seixas, Skank e Legião Urbana também entram no set.
Liderado pelo cantor, compositor e guitarrista Beto Wright, o grupo se preocupou primeiro em gravar o material de seu álbum de estreia, para depois cair na estrada. Nem Tudo é Normal soa como o trabalho de um grupo veterano, com arranjos concebidos com extrema categoria e um cuidado na gravação que passa longe do convencional.
A começar pelo time reunido no disco, que conta com o guarujaense Fillipe Dias (guitarra) e Felipe Gardenal (baixo), recrutados para a formação quando Nem Tudo é Normal estava pronto.