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Entrevista | Surra – “Tem muito mais shopping e balada do que espaço para bandas de rock”

Sem shows por conta da pandemia, o Surra decidiu passar grande parte do ano no estúdio. Dessa experiência surgiram várias ideias. A primeira delas é o EP 100% Surra – Expropriando Sua Fábrica, com homenagens às bandas da Baixada Santista, local de origem do Surra.

São quatro faixas com significados marcantes para os integrantes: Little Boy (Sociedade Armada), Laje (Summersaco), Simpatia Pela Vingança (Larusso) e Total Destruição (Vulcano).

O que os integrantes do Surra disseram sobre as escolhas?

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Little Boy – Sociedade Armada

“A primeira escolhida foi a música Little Boy, do Sociedade Armada, banda icônica do hardcore praiano, com letras muito contundentes que, inclusive, servem de grande inspiração para nós. Nesse caso aqui, a música trata do maior atentado terrorista da história, as bombas atômicas lançadas contra o Japão no final da Segunda Guerra Mundial”.

Laje – Summersaco

“Em seguida temos Laje, do conjunto de Praia Grande Summersaco. Poucos sabem, mas essa cidade vizinha de Santos já teve algumas das melhores bandas do cenário extremo. Além do Summersaco tivemos também o Entendeu? E graças a esse pessoal, nós tocamos nossos primeiros shows fora de Santos e abrimos nossa cabeça para sons e ideias diferentes. Mais ainda, fica aqui nossa homenagem para o nosso amigo Itzac, guitarra e vocal da Summersaco, falecido em 2019″.

Simpatia Pela Vingança – Larusso

“Não poderíamos deixar de destacar também o Larusso, banda que foi muito influente para nós no começo de nossa trajetória no underground. Na época em que éramos adolescentes e começamos a tocar thrash, o Larusso era uma referência no crossover santista, com várias pessoas que depois iriam se tornar grandes amigas e parceiras na formação da banda. Em um período de pouco público, eventos com cotas de ingressos e o auge do “pop punk”, esse pessoal nos mostrou qual era o caminho”.

Total Destruição – Vulcano

“Para arrematar, temos um tributo ao grande Vulcano, uma das principais bandas que já saíram da Baixada para o mundo. Total Destruição é um hino do metal brasileiro e, para nos ajudar a afiar esse AÇO, nós tivemos o auxílio de Mauricio Nogueira (ex-Krisiun, Torture Squad e Matanza) nos solos de guitarra e do vocal da destruidora Cacau Pinheiro”.

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Qual é a principal característica do hardcore/punk na Baixada Santista? E por que seguimos com bandas expressivas ininterruptamente desde o fim dos anos 1980?

Victor: Acredito que, por mais que sejam estilos e concepções diferentes, a Baixada Santista sempre teve bandas que deram a cara a tapa e saíram tocando por aí. Acho que a formação de músicos na cidade sempre foi um fator muito importante, e essa “passada de bastão” de geração para geração, mesmo que informalmente.

Uma banda sempre serviu de exemplo para outra. Eu me preocupo com a situação atual. Não temos mais espaços para som ao vivo na cidade e acredito que essa renovação está correndo sério perigo de parar por aqui…

Leeo: A Baixada Santista, principalmente Santos, mudou muito nos anos 2000 e 2010. Tem muito mais shopping e balada do que espaço para bandas de rock. Faz uns anos que a gente vem improvisando com shows em botecos que cedem um espacinho para os eventos ou nos próprios estúdios de ensaio.

Nos últimos anos, apesar das bandas seguirem representando bem a região, o cenário ficou mais esvaziado. O que mudou? O que pode ser feito para melhorar?

Victor: Como disse, acho que o fato de não ter um “rolê”, um espaço de convivência para as bandas tocarem e conviverem juntas atrapalha bastante. Outro fator, acredito que seja uma característica da própria cidade. É muito difícil os jovens que se formam nas escolas ficarem em Santos, por pura falta de perspectiva. As pessoas vão embora e nunca mais voltam…

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Falando da curadoria dos homenageados no EP, podemos dizer que essas são as bandas que mais influenciaram o Surra, dentre os nomes da região?

Victor: Acho que as influências das bandas daqui são muitas, essas são algumas delas. Na nossa geração nós tivemos lugares importantes como o Praia Sport Bar, o Studio G, e a própria existência da Enseada FM nos anos 1990, que impulsionou muito a cena das bandas daqui. Inclusive ainda temos a ideia de fazer outras edições dessa ideia, com mais covers.

Guilherme: Infelizmente muitas bandas que curtimos e gostaríamos de homenagear ficaram de fora. Quem sabe não cabe até uma segunda edição desse EP com outras influências.

O Surra já tem outros planos em mente. O que você pode adiantar sobre isso?

Guilherme: O que podemos adiantar é que ainda esse ano liberaremos um EP com cinco faixas inéditas.

Leeo: Sim! E esse EP vai ser lançado num formato físico especial!

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Lives, drive-in ou só shows presenciais com a vacina? Qual é a relação da Surra nesse sentido?

Victor: Nós estamos esperando chegar a vacina para poder voltar para a estrada. Por enquanto, estamos enfurnados no estúdio gravando o máximo de material possível.

Guilherme: Acho que pelo estilo do Surra e pela interação com o público ser, hoje, algo que faz parte do show, não faz muito sentido para nós esses formatos adaptados de show.

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