Entrevista | Voodoo Glow Skulls – “A tendência morreu, mas ainda existe e forte”

Entrevista | Voodoo Glow Skulls – “A tendência morreu, mas ainda existe e forte”

Uma das principais bandas da terceira geração do ska, a norte-americana Voodoo Glow Skulls inicia a etapa brasileira da turnê de divulgação do álbum Break The Spell nesta quarta-feira, às 20 horas, na Tribal Club, em Santos. Esta é a segunda vez do grupo na Cidade. A primeira foi em 2001, quando se apresentou no extinto Bar do 3. Além de Santos, a turnê passará por Curitiba (quinta-feira), São Paulo (sábado) e Porto Alegre (domingo).

Os ingressos custam R$ 40,00 (lote 1), R$ 50,00 (lote 2) e R$ 60,00 (porta). As entradas podem ser adquiridas no site da Ticket Brasil ou nas lojas Sound Of Fish, Casa Simões, Nautica Tatoo, Evolution Skateshop, Redhtatoo, Gudstore, Bodyplay Tattooshop. A Tribal Club fica na Rua Frei Gaspar, 6, Centro, Santos.

O vocalista Frank Casillas disse em entrevista a A Tribuna que pretende aproveitar a visita ao País para conhecer bandas novas.

“Nós sabemos muito pouco sobre as bandas brasileiras atuais. A última vez que toquei aí conheci um monte de bandas locais e foi muito legal. Estamos sempre animados e curiosos para experimentar o que está acontecendo nos lugares que viajamos”.

Em sua primeira turnê no Brasil, o Voodoo Glow Skulls se apresentou com as bandas santistas Altered Mind, White Frogs, além das paulistanas Sapo Banjo e Randal Grave. Este ano quem terá a honra de abrir a apresentação em Santos serão as bandas locais Blackjaw e Jerseys.

Com dez álbuns lançados em pouco mais de 20 anos de carreira, o Voodoo Glow Skulls vai apresentar nos shows, principalmente, músicas dos seus dois primeiros trabalhos.

“O nosso set list certamente terá músicas dos álbuns Who Is, This Is? (1993) e Firme (1995). Nós vamos tocar muito pouco das canções mais recentes, porque a maioria dos fãs ainda quer ouvir as músicas que nos tornaram populares na década de 1990”, garante Casillas.

Questionado sobre o que mantém a banda na ativa até hoje, Casillas ressalta a importância dos fãs para o Voodoo Glow.

“A nossa música e os fãs nos mantêm. Se não houvesse mais interesse dos admiradores, provavelmente não seria capaz de me dar ao luxo de fazer isso”, diz. “Nossos fãs compram os ingressos e eles também apoiam a banda comprando o merchandising nos shows. O dinheiro que geramos nos ajuda a pagar as despesas de viagem, transporte e equipamentos”, completa.

O Voodoo Glow Skulls é um dos grupos mais exaltados da safra anos 1990 do ska, geração rotulada como Third Wave (terceira onda do gênero) pela crítica especializada. Formada em 1988, a banda mistura o ska jamaicano dos anos 1960 com elementos do punk, hardcore e riffs pesados capazes de colocar qualquer um para dançar e pular nos shows.

Com uma honestidade irreparável, as músicas sempre utilizam humor para falar sobre questões políticas, sejam elas a respeito da desigualdade racial e social, com temas atuais.

Cantando em inglês e espanhol, a tradição musical bilíngue do Voodoo Glow Skulls se tornou uma marca registrada da banda desde o início. Com influências tão diversas no som, o grupo não se incomoda de ser colocado como um dos expoentes da terceira onda do ska. Pelo contrário, falam com orgulho.

“Somos definitivamente uma parte do movimento da terceira onda do gênero. Temos a sorte de ser parte dela, porque trouxe muita atenção ao ska e bandas que nos influenciaram e que não são necessariamente de ska tradicional”, diz Casillas.

Ele ressalta os sobreviventes do movimento, que conta com bandas como Mighty Mighty Boostones, Sublime, No Doubt, Less Than Jake entre outras.

“Assim como tudo que se torna popular e na moda, havia muitas bandas tentando tocar o ritmo para serem famosas. Mas agora que a tendência morreu, ela ainda existe de uma forma pequena, mas forte. As únicas bandas que permanecem são as que se mantiveram fiéis ao som e já tinham história”, diz. “Há alguns de nós lá fora ainda, e nós temos que ter uma união para manter a nossa cena viva”, completa.

Além de Frank, a banda conta com Eddie Casillas (guitarra), Jorge Casillas (baixo), Anthony Raya (bateria), Mark Bush (trompete) e Dan Albert (trombone).

*Reportagem publicada originalmente no jornal A Tribuna no dia 4 de agosto