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Crédito: Daryan Dornelles

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Entrevista | A Cor do Som – “Sem dúvida existe uma renovação”

Quarenta anos se passaram, mas nada fez a banda A Cor do Som cair no esquecimento. Reverenciado por músicos habilidosos como Yamandu Costa e Hamilton de Holanda, o grupo baiano segue como uma referência. E mais do que isso, mostra que a combinação de rock com ritmos regionais sempre é uma aposta certa.

No domingo, a partir das 18h, o público santista terá a oportunidade de ver a formação original em cena no projeto Som das Palafitas, do Instituto Arte no Dique. Armandinho, Dadi, Mú Carvalho, Gustavo Schroeter e Ary Dias terão uma plateia formada por várias faixas-etárias. Algo que é recorrente nos shows da banda.

“Sem dúvida existe uma renovação. A internet tem ajudado muito nisso. A garotada que se interessa por música procura por tudo, bandas dos anos 1970, 1980 e assim por diante. Sou suspeito para falar isso, mas acho que os anos 1970 foi uma das melhores décadas da música no Brasil. Novos Baianos, Mutantes, A Cor do Som, o Terço, o nível muito alto, melodias principalmente, e também a performance dos instrumentistas. Guitarristas como Pepeu, Armandinho, Sérgio Dias, tecladistas como Tulio Mourão, Flavio Venturini, isso estava rolando lá, e a garotada vemse ligando nisso”, comenta o pianista e tecladista, Mú Carvalho, irmão caçula de Dadi.

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40 anos de A Cor do Som

E a apresentação de domingo não será destinada apenas para os mais nostálgicos. A banda vem renovada, com um disco recém-lançado, 40 Anos, que, como diz o próprio nome, celebra a trajetória dos músicos. Diversos artistas participaram da gravação, como Samuel Rosa (Skank), Lulu Santos, Natiruts, Roupa Nova e Gilberto Gil. E cada um com uma ligação particular.

“Foi muito por cada música. O Roupa Nova, por exemplo, foi muito fácil. Alto Astral é uma canção com um caminho melódico e harmônico muito na onda de Sapato Velho. Compasso 6/8, harmonia com uma riqueza do nível de SV, e eu como compositor de ambas sempre imaginei o Roupa Nova interpretando Alto Astral. O Gil, nosso padrinho desde sempre, convidamos e ele escolheu regravar Abri a Porta. O Natiruts veio por conta de Semente do Amor, um reggae/xote que tem tudo a ver com eles”, esmiuça Mú, sobre as colaborações do disco.

“O Lulu, quando convidei me perguntou se Swingue Menina estava disponível e o Samuel Rosa também escolheu a Zanzibar. Foi assim, músicas e intérpretes que se identificavam”.

Imprevistos na gravação

A gravação do disco, por sinal, demorou mais do que o previsto, segundo o tecladista. Mú conta que a situação só avançou com a entrada do produtor Ricardo Feghali.

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“Começamos a gravar há três anos, mas estava virando obra de igreja. No ano passado a gente viu que precisaríamos de alguém de fora para conduzir essa produção ou nunca acabaríamos. Feghali é um produtor maravilhoso, conduz a coisa muito bem, firme e profissional, tudo que precisava”.

No final da décadade 1970, o rock brasileiro vivia o esgotamento do progressivo e se enveredava a outras ramificações tipicamente nacionais, como o movimento black (a soul music tupiniquim), aproximação com a MPB e ecos tardios do Tropicalismo e Clube da Esquina. Gravadoras como a Som Livre e Continental apostavam suas fichas no cenário ainda incerto que era o Rock in Brazil. Eram as sementes para a segunda dentição do BRock, que explodiria nos anos 1980
como um produto de massa.

Expectativa pelo Vímana

Nesse hiato, contudo, formaram-se novas linguagens para a música jovem, surgindo bandas que ajudariam a ditar a sonoridade, como a Cor do Som, 14 Bis e Roupa Nova. Para Mú, a sonoridade original foi o grande acerto.

“Essa mistura de choro, baião, com o rock progressivo foi determinante por ser original. Sempre acreditei que o mais importante na música, mais ainda do que ser um virtuose, é você ter uma identidade, uma cara sua, e isso A Cor do Som sempre teve. Se você ouvir a gravação de Hino de Duran, com o Chico Buarque e A Cor do Som, está tudo ali, qualquer um vai sacar que somos nós tocando”.

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Mú, inclusive, afirma que adoraria ver uma reunião de uma contemporânea. “O Vímana, mas acho que isso vai ser complicado porque o Lulu Santos tem falado que não se identifica mais com aquela onda. Mas o Terço voltou e os Mutantes estão na ativa novamente”.

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