A fama de Califórnia Brasileira já não está tão forte para Santos como foi até o final dos anos 1990, quando contava com um dos maiores números de bandas por quilômetro quadrado do Brasil. Mesmo assim, a Cidade segue no radar de formações veteranas do hardcore.
A capixaba Dead Fish, que marca presença anualmente aqui, divulgará seu álbum Vitória, lançado no ano passado, amanhã, na Diamond Clube, a partir das 23 horas. O ingresso custa R$ 40,00 na porta. Além da Dead Fish, a brasiliense Madrenegra e as santistas Jerseys e Bayside Kings também tocam. A casa fica na Rua São Bento, 39, no Centro.
“Será um show do álbum Vitória basicamente, mas temos que equilibrar as coisas, porque se não tocamos alguns sons velhos, as pessoas ficam bravas”, comenta Rodrigo Lima, vocalista e letrista da banda. Apesar do foco definido no último trabalho, canções como Sonho Médio, Bem-vindo ao Clube e Zero e Um, que ganharam videoclipes ou marcaram presença em games, não devem ser esquecidas.
A ligação do Dead Fish com Santos é antiga e rende, às vezes, até duas apresentações por ano. O vocalista reconhece essa aproximação.
“Vejo isso por dois motivos óbvios: um é que vivemos em São Paulo e estamos bem do lado. O segundo é que tocamos em Santos desde o primeiro disco, ou seja, desde 1998. As outras são mais subjetivas, como ser uma banda de uma cidade com mar”.
Questionado se vê semelhanças entre o cenário de Santos e Vitória, cidade de origem da banda, Rodrigo Lima afirma que nas duas regiões o público se veste de forma parecida e se comporta de forma igual. “É tudo muito parecido, como no Espírito Santo”.
Conterrâneo do Mukeka di Rato, outro nome forte do cenário independente do Espírito Santo, o vocalista ressalta que o cenário capixaba tem outros nomes bons. “Me informo menos do que gostaria, mas tem bandas de lá que gosto muito, como os Pedrero, Undertow, Muddy Brothers e Auria”.
Santoxxxx!! É sabadão galera! Primeiro do ano!!! Vamos!!
Publicado por Dead Fish em Quinta, 14 de janeiro de 2016
Comemorando 25 anos de estrada em 2016, o Dead Fish prepara um show e uma turnê comemorativa para breve, além de lançamentos.
“Temos que celebrar essa data com muitas coisas. Por mim, já estaria pensando em algo novo, essa formação é boa e fácil de compor. Também faria um disco de covers”, comenta.
O atual time do Dead Fish conta, além de Rodrigo Lima, com o baixista Ayland (desde 1996), Marcos Melloni na bateria (2009) e o guitarrista Rick Mastria (2013). “Gosto dessa formação. É superafiada, os caras amam o que fazem e nos damos bem na estrada e no dia a dia”.
Momento fértil para letras
Conhecido pelas letras politizadas e com muita argumentação, Rodrigo Lima acredita que o momento é “bastante fértil para se pensar e dizer coisas que acredito”.
“As coisas que estão acontecendo foram muito previsíveis, nunca tive a ilusão que fôssemos um país radicalmente progressista, muito pelo contrário. Sempre fomos bastante conservadores e retrógrados, como povo e em todas as classes. O que me incomoda é ver uma molecada replicando esse discurso neoconservador e até neonazista e achar que não está dando um tiro no próprio pé”.
Rodrigo já se envolveu em polêmica nas redes sociais quando disse que o Dead Fish “era uma banda de esquerda, para esquerda e da esquerda”. Em outra entrevista, chegou a declarar que a “presidente Dilma Rousseff (PT) era de direita, enquanto Aécio Neves (PSDB) era à direita da direita”.