Não basta ter um repertório suficiente para atrair o público toda vez que vem ao Brasil. O Deep Purple gosta de inovar e apresentar surpresas em todas as visitas. Na última sexta-feira (13), no Espaço Unimed, em São Paulo, foram quatro faixas adicionadas do álbum =1, lançado em julho.
Além da renovada no repertório, o tecladista Don Airey também inova nos solos de teclado. Como já é característico, homenageia o Brasil em todas as visitas. Dessa vez tocou um trecho de Chega de Saudade (João Gilberto) e o hino nacional, arrancando muitos aplausos dos fãs.
Se Don Airey encanta com carisma e uma técnica apurada, o vocalista Ian Gillan impressiona pela vitalidade. Aos 79 anos, não demonstra nem estar próximo da aposentadoria. Óbvio que a voz não atinge o mesmo patamar de antes, principalmente em Highway Star e Into The Fire. No entanto, na balada When a Blind Man Cries fica evidente a capacidade de emocionar como poucos.
Não é um show pirotécnico, muito menos com falação desnecessária. É rock and roll puro do início ao fim. O equilíbrio entre os integrantes é algo que impressiona também. Ian Paice e Roger Glover, ambos desde o fim dos anos 1960 na banda, são os mais estilosos e não reduziram em nada a capacidade de performar. Por outro lado, o guitarrista Simon McBride, que entrou em 2022, está ainda mais à vontade. Em sua segunda turnê no Brasil, o músico chama a responsabilidade em vários momentos, arrancando aplausos e gritos efusivos dos fãs.
Não sei quando será o retorno do Deep Purple ao Brasil, mas recomendo que você não perca isso por nada. É uma lenda do rock que segue entregando com muita dignidade, inclusive com conteúdos frescos. E sem esquecer dos clássicos. Smoke on The Water, por exemplo, foi cantada em uníssono.