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Entrevista | A-OK – “Esse material é consistente e atemporal”

Santos, São Paulo e Curitiba vão assistir nesta sexta, sábado e domingo, respectivamente, três shows históricos da banda curitibana A-OK. Um dos grandes nomes do hardcore cantado em português na década 2000, o A-OK não consegue mais seguir a carreira adiante, mas promove shows de reunião sempre quando pode.

Quase dez anos após encerrar as atividades, a banda segue com uma legião de admiradores no cenário underground nacional. Ao todo, a carreira foi composta por quatro elogiados álbuns: Aprecie com Moderação (2001), Absurdo (2003), Ao Vivo (2004) e Samurai (2006).

Em Santos, a apresentação será no Boteco do Valongo, espaço novo na Rua São Bento, 43, no Centro Histórico. A abertura ficará com dois nomes de peso da região: Same Flann Choice e Cannon Of Hate. O ingresso custa R$ 40 na porta.

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O Blog n’ Roll trocou uma ideia com o vocalista do A-OK, Daniel Kruger, que falou sobre projetos paralelos dos integrantes, histórias em Santos e a tentativa de virar mainstream no fim da década passada. Confira abaixo…

O A-OK viveu um longo hiato. Vocês poderiam falar um pouco sobre isso? O que motivou a pausa? 

O motivo principal não é novidade para nenhuma banda: O amor de se manter nos palcos e na estrada sempre é imenso, mas é muito difícil viver de rock no Brasil, seja pela remuneração ou pela quantidade de pancadas que você toma. Muitas, diga-se de passagem, por conta da falta de profissionalismo de algumas pessoas que encontramos por aí. Neste contexto a banda decidiu encerrar suas atividades em 2007.

Esses shows são apenas reunião ou vocês pretendem lançar material novo?

A rede social veio como um facilitador absurdo para o underground, né? Aproxima tudo, acompanhamos a galera pedindo a banda, publicando as canções e isso nos instiga. Aí cometemos a insanidade de tentar reunir toda a galera de novo. Já fizemos isso algumas vezes nestes anos parados. Confesso que sempre é muito foda, mas a possibilidade da banda voltar é remotíssima.

Por que?

A dificuldade é reunir esta galera para tocar. O Thiago mora nos EUA, eu moro em Brasília, Hayden em Floripa, Oliveira em Itapoá e Rapha em Curitiba. O Thiago, infelizmente, não tem condições de vir fazer os shows, então chamamos o grande Danilo para cumprir a quase impossível missão de o substituir. Mesmo assim a logística de se encontrar é absurda e cara. Isso sem contar que temos filhotes pequenos envolvidos.

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Então quando a gente decide se encontrar é porque realmente rola muito tesão pela parada, quase toda a rentabilidade dos encontros é para bancar a brincadeira. E não é fácil.

Se o rock rola é porque a química é monstra, moldada por anos, porque ensaio com todo mundo nunca rola. Tudo isso para sentir o gostinho do palco de novo, de sentir a troca absurda de energia. Isso faz um bem fudido. O Hayden capitania tudo isso, ele é um herói.

O A-OK é considerado um dos grandes nomes do hardcore brasileiro. Como vocês veem a importância da banda nesse cenário?

Obrigado, cara! É muito legal ler isso. Fizemos parte de uma época boa do hardcore. Ajudamos a solidificar uma cultura do underground, a cultura do hardcore cantado em português e fizemos muitos grandes amigos nesta caminhada, amigos que temos contato até hoje.

Tivemos a oportunidade de compartilhar algumas ideias através dos sons para muita gente no Brasil e fora. Esse material é consistente e atemporal e por isso é muito forte. Sou muito orgulhoso também do movimento que fizemos especificamente em Curitiba.

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Falando em Curitiba, a cidade sempre teve uma cena efervescente no rock. Como está hoje? Podem destacar algumas bandas que vocês gostam?

Cara, estou em Brasília desde 2007, por isso não estou tendo muito contato com a galera de lá. Conheço o Abraskadabra, o Collateral, No Reply, o Dínamo que são bandas muito legais. Mas Curitiba sempre foi celeiro de música boa, com certeza estou esquecendo muita gente.

Vocês têm uma ligação bem bacana com Santos. Guardam alguma história curiosa na Cidade?

Santos sempre foi parada obrigatória para o A-OK. Os shows sempre foram insanos, a galera aí vive a energia do som, isso é muito foda. Santos teve e tem bandas expressivas no cenário.

Histórias? Caramba, muitas. Teve um show que o Chorão (ex-Charlie Brown Jr) apareceu de skate transtornado. Em outro, um amigo tomou uma bala perdida na porta, teve gente tomando banho pelado na praia de madrugada.

Isso sem falar do limãozinho com mel e o sanduba com 1 kg de milho (risos). Vivemos grandes momentos no Praia Sport Bar, Bar do 3, muitas histórias.

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Um beijo grande para o Celsão, ex-Dip Lik, o grande amigo que levou a gente quase todas as vezes para a Cidade.

O que foi preparado para o repertório do show em Santos? Será algo em cima de um álbum ou passará por toda a discografia?

Uma hora e meia de chuva de pedras de todos os discos.

Vocês fazem um hardcore bem técnico e com letras em português. Em algum momento a banda tentou aproveitar a onda do hardcore no mainstream para estourar, algo como CPM 22?

Quando lançamos o Samurai, em 2006, cheguei a mandar o disco para o Rafael da Deck (na época o Dead Fish tinha acabado de assinar), conversei com ele um tempo, mas acabou não dando certo.

Depois que a banda acabou algumas pessoas fizeram um movimento e ficaram mandando o disco para algumas gravadoras, foi tanta gente que algumas destas deram retorno, mas na época nada foi tão significativo que nos fizesse mudar de ideia.

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Como falei anteriormente, com o A-OK é muito difícil a logística hoje. Mas atualmente estou fazendo um som com a galera da banda 30 (São Paulo) e o Rapha esta tocando na Dínamo (Curitiba), curtam lá, e nos deem um feedback.

Obrigado pela oportunidade cara e nos vemos na sexta!! Bjão a todos e a todas.

Discografia

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