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Crédito: Rosie Matheson

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Entrevista | alt-J – “Se as pessoas ouvirem 30 segundos no TikTok, talvez queiram ouvir um álbum inteiro depois”

Gus Unger-Hamilton, guitarrista da alt-J, conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo trabalho e adiantou o que os fãs podem esperar do sucessor de Relaxer (2017). Confira abaixo.

No dia 11 de fevereiro, a banda inglesa de indie rock alt-J lançará seu quarto álbum de estúdio, The Dream. Com 12 faixas inéditas, o novo registro já teve duas canções reveladas até o momento: U&Me e Get Better, divulgada na última sexta-feira (5).

Get Better, escrita sobre a morte lenta de um parceiro de vida, é a música mais emotiva da banda até hoje.

A faixa remove a densidade do som pelo qual o alt-J é tão conhecido, deixando o vocal de Newman ao lado da guitarra de Gus Unger-Hamilton, bem melancólica e que vezes traz alguma harmonia.

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“Quando Joe tocou para mim pela primeira vez, eu não fiquei apenas com lágrimas nos olhos, eu desabei. Chorei demais. Foi o choro do ano”, diz Gus Unger-Hamilton.

Gus Unger-Hamilton, guitarrista da alt-J, conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo trabalho e adiantou o que os fãs podem esperar do sucessor de Relaxer (2017). Confira abaixo.

Como foi o processo de criação de The Dream durante um momento tão difícil como uma pandemia mundial?

Bem, demorou mais do que planejamos. Então começamos a compor juntos no começo de 2020, e acho que pensamos que teríamos o álbum finalizado até o final do ano. Mas por causa do lockdown aqui no Reino Unido, nós tivemos que parar por alguns meses, voltar e parar novamente.

Na verdade, acho que tivemos um tempo extra, nós escrevemos mais músicas durante os intervalos entre os períodos de estúdio. Então, no final, produzimos um álbum mais longo, um álbum melhor, pelo fato de termos passado mais tempo produzindo.

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Entretanto, claro, foi um período muito difícil para todo o mundo, mas também significou que tivemos mais tempo para trabalhar no álbum, o que provavelmente foi algo bom.

The Dream é um álbum onde histórias e contos inspirados em crimes verdadeiros em Hollywood e Chateau Marmont se encontram com histórias de vocês. Como conseguiram encontrar essa liga?

Hmm, acho que como antes as músicas se situam em um mundo imaginário, mas eu sei que Joe (Newman, vocalista) tem ouvido muitos podcasts que falam sobre crimes reais durante o processo de composição. Então acredito que mais do que nunca ele estava bem obcecado por coisas mais obscuras, mórbidas, ligadas a crimes reais, e isso influenciou em algumas das músicas.

U&Me, primeiro single de The Dream, é indicada para ouvir quando?

Essa música fala sobre o dia que o Joe passou em um festival em Melbourne, na Austrália, um dia muito divertido, com a namorada dele e os amigos. Então é meio que uma música sobre se divertir, mas literalmente pode passar que um momento de diversão se tornou em um momento assustador, devido a algumas substâncias. Mas no geral, é pra ser uma boa música para um dia ensolarado. Então sim, gostamos disso.

Essa canção foi composta em vários locais do mundo, durante viagens da alt-J. O que cada local trouxe de inspiração para a canção?

Sim, acho que é um ótimo ponto, liricamente foi baseada na Austrália, mas a música em si foi inicialmente feita no EUA e finalizada em Londres. Por fim, nós queríamos, é meio que uma guitarra específica, que nós ouvimos por exemplo na banda The Ills, tentando tirar esse som, meio anos 90, californiano, indie, que nós gostamos. Então é verdade que foi influenciado pelos lugares que visitamos.

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Em termos de Londres, significou trabalhar com Charlie Andrews, nosso produtor, e ele sempre traz algo interessante para as músicas, ele construiu um set de percussão, tocando diferentes instrumentos de percussão, como chocalhos, tambores e coisas pra bater. A Austrália trouxe as letras, enquanto os EUA contribuíram com os riffs de guitarra, então acho que foi como uma festa de três vias.

O próximo single da alt-J (Get Better) pretende seguir a mesma linha de U&Me?

É uma vibe bem diferente de U&Me, diria que é a vibe oposta, em termos de humor, arranjo. Acho que é uma coisa boa, queremos mostrar aos fãs que o álbum é bem abrangente, não soará inteiro como U&Me. Então espero que as pessoas ouçam U&Me, depois o próximo single, e talvez mais, e terem a ideia de que são 12 curtas-metragens, porém todos bem diferentes.

O que você pode adiantar sobre um possível videoclipe de Get Better?

Vou dizer que é uma animação, vou soltar essa dica. Nós nunca fizemos um vídeo animado antes, e é muito animador trabalhar com isso, é muito fantástico.

Acho que em novembro haverá um terceiro vídeo gravado, que será lançado, talvez, um pouco depois. E o próximo vídeo depois desses será dirigido pelo Joe, o que é animador. Então, muitas coisas estão por vir.

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O alt-J tem um grande retorno dos fãs via TikTok. Como é para vocês ter esse desempenho forte na rede social?

Bem, eu tenho 32 anos, então nunca tive TikTok, mas estou com meus sobrinhos aqui nesse momento, eles têm 7 e 11 anos, e são obcecados por TikTok, e me mostram muitas coisas.

Nós estávamos andando por Londres, e eles viram um Tiktoker que estava trabalhando em uma loja de calçados, e me disseram que ele era muito famoso, e eu pensei “nossa, e ele está aqui trabalhando em uma loja de calçados”.

Sabe, é algo muito diferente pra mim, mas é animador, nós sempre quisemos ser uma banda que se mantém relevante, e se os jovens encontram nossa música pelo TikTok, é ótimo.

Espero que eles ouçam o álbum, pois o TikTok é obviamente um formato muito curto de mídia e é dentro de uma sistema de “próximo, próximo, próximo…”, e eu me preocupo de as pessoas não terem a concentração para ouvir um álbum que tem 45 minutos e sempre preferir o formato de 30 segundos.

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Mas sou otimista, se as pessoas ouvirem 30 segundos no TikTok, talvez queiram ouvir um álbum inteiro depois, é um admirável mundo novo e é legal fazer parte disso.

O que vocês acreditam ser essencial para viralizar no TikTok? Como os artistas podem pensar melhor suas estratégias para essa rede social?

Certamente nós temos sorte, pois é nosso quarto álbum e nós tivemos sucesso por nossos últimos lançamentos, e não temos que fazer o nosso nome neste mundo novo, somos caras velho agora.

Acho que para novos artistas ficou mais difícil de se destacar, e como disse, pessoas parecem que querem tanto conteúdo tão rapidamente, então assistem algo, e depois a próxima e a próxima. Não sei, fico contente que não estamos lançando nosso primeiro álbum agora, acho que seria mais difícil com certeza.

Como está a expectativa de voltar aos palcos depois de tanto tempo sem shows? O que acreditam que será diferente daqui pra frente nos shows?

Será ótimo, não fazemos uma turnê há três ou quatro anos. Pessoalmente, estou muito animado para voltar aos poucos, ver nossos fãs e viajar novamente. Não saio do país desde de 2019, estive no Reino Unido o tempo todo, mal posso esperar por estar em contato com uma cultura diferente e nos palcos novamente.

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Claro, que deve ser avaliado como as pessoas se sentirão em aglomerações, mas até agora as pessoas parecem estar ansiosas por isso, pelo menos aqui no Reino Unido, elas têm ido a grandes eventos, restaurantes, cinemas e shows. Torcer para que isso continue e todos possam continuar se sentindo seguros ao mesmo tempo.

Você se sente seguro para os shows da alt-J?

Sim, me sinto bem seguro, já tomei as duas vacinas. Sou bem otimista quanto às vacinas, claro que sou razoavelmente jovem, não sou uma pessoa do grupo de risco. Mas a sensação é estranha, fiz um voo doméstico, e foi tipo “estou perto de todas essas pessoas, nesse pedaço de tubo de aço”, mas acho que é questão de se acostumar.

E já conseguem vislumbrar um retorno ao Brasil? 

Realmente espero que voltemos ao Brasil, fiquei muito triste que não pudemos ir no último álbum, e agora temos muitos fãs lá. Sempre que fazemos algo online há mensagens de “venham para o Brasil”, “quando voltarão para o Brasil?”. Então se algum produtor de eventos brasileiro estiver lendo isto, por favor entre em contato conosco.

Você recorda de algo da última vez que esteve no Brasil?

Acho que foi quando tivemos uns dias de folga em São Paulo, apenas para explorar a cidade. Nós também nos divertimos muito no show, acho que tocamos em um after party do Lollapalooza, e lembro do Joe recebendo uma bandeira do Brasil no bis do show.

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Visitamos alguns bares legais, boa comida, e eu acho que nunca estive em uma cidade tão grande, talvez Tóquio ou outro lugar, mas foi muito, muito legal, e espero voltar em breve.

Não sei se vocês acompanham o universo Marvel nos cinemas, mas como foi ter uma música da alt-J na trilha sonora do filme Capitão América Guerra Civil?

Eles entraram em contato conosco perguntando se poderiam usar a música e nós dissemos que sim. Então fomos para a estreia em Londres, e estávamos esperando que houvesse um tapete vermelho, pessoas de smoking, mas na verdade era só um shopping em West-London. Um cinema nada glamoroso.

Assistimos o filme, e era legal estar em uma estreia e ver as estrelas. Eu e Joe estávamos de terno e gravata, mas ninguém mais estava assim. Nós avaliamos o clima do evento erroneamente em algum ponto.

Sei que as pessoas são fãs da Marvel e sempre nos dizem “uau, vocês têm uma música nesse filme”, mas não é do meu gosto. Mas claramente resultou em coisas boas para nós.

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*Texto, entrevista e tradução por Caíque Stiva e Lucas Krempel

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