A banda britânica Circa Waves lançou, na última sexta-feira (13), o quinto álbum de estúdio, Never Going Under. Anteriormente, o grupo já havia revelado os singles Hell On Earth, Do You Wanna Talk, Carry You Home e Living In The Grey.
Falando sobre Never Going Under, o frontman Kieran Shudall diz: “Never Going Under fala sobre aquele fenômeno único e moderno de realmente não saber em que tipo de mundo nossos filhos vão se encontrar dentro de 30 anos. Fisicamente, ambientalmente, politicamente, estamos completamente no desconhecido. Isso nos assusta, mas no final das contas sabemos que nunca podemos desistir do futuro, como poderia?”.
De acordo com Shudall, as músicas do álbum são “escritas de forma diferente do trabalho anterior que lançamos”.
“Elas são escritas da perspectiva do meu filho e também da minha própria experiência atual. O Circa Waves sempre teve uma certa visão do mundo, mas agora é através dessa lente de ser um Pai e ainda não saber o que diabos está acontecendo. Never Going Under é um medo instantâneo que todos sentimos hoje e da resiliência de que precisaremos para ultrapassá-lo”.
Shudall conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo álbum, mudanças no direcionamento da carreira, além de Brasil. Confira abaixo.
Never Going Under traz muito sobre o futuro, como será o mundo para os filhos, certo? O que mais te preocupa nesse mundo caótico que vivemos?
As principais preocupações são com o que vai acontecer, com as mudanças climáticas e tal, aumento do nível do mar. Se tratando das preocupações com a vida, a ansiedade de crescer.
Quando era criança, as mudanças climáticas não existiam, e agora o acesso a essas coisas aterrorizantes está presente em um celular, e você pode ler a cada 10 minutos se quiser. Fico preocupado com as crianças que estão muito expostas a coisas ruins que acontecem e isso as aterroriza.
Você acredita que a música pode ajudar no sentido de fazer as pessoas pensarem mais sobre o assunto?
Acho que a música é uma ótima forma de esquecer essas coisas. Se você for a um show de duas horas, todas essas coisas na sua cabeça podem espairecer, e você buscar manter essas sensação boa durante os próximos dias. A música te distrai das coisas ruins que acontecem no mundo, então acho que pode te curar um pouco.
A ansiedade é um problema recorrente no mundo atual. Muitos pensam no futuro e acabam travando no presente. Essa preocupação com o futuro está relacionada a não saber como será o mundo depois de tudo que estamos vivendo?
A ansiedade é algo que cada vez mais os jovens vivem, devido ao número de notícias ruins com as quais somos bombardeados. Me preocupo que isso impeça as pessoas de fazer o que querem.
Tudo se desencadeia, se você se sente ansioso em relação ao mundo, se sentirá em relação a si mesmo, e deixará de encontrar seus amigos, e perderá algo, e se afastará mais.
Acho importante se manter fora dessa zona, fazer as coisas, não se assustar, e se poder mergulhar nisso, fazer as coisas que mais te assusta, tudo ficará mais fácil.
Casei há alguns anos e estava muito nervoso em fazer o discurso, mas depois que o fiz me senti tão aliviado, que parecia que poderia fazer qualquer coisa que quisesse. Se você conseguir fazer algo que te assusta, todo o restante parecerá mais fácil.
Falando mais sobre a sonoridade de Never Going Under, o que vocês procuraram colocar de influências no disco?
Definitivamente queria mais solos de guitarra, mais rock n roll. Fui influenciado pelo Tame Impala, as baterias, o Dandy Warhols. Sinto que é um disco perfeito para se ouvir no carro.
Acho que vão curtir, não o vejo como tão diferente. Há algumas músicas no final do álbum que são diferentes, mas estão no final, então é só parar de escutar. Acho que vão gostar, o principal pra mim como artista é que nós da banda gostemos, então certamente outras pessoas também irão gostar.
Como foi o processo de gravação desse álbum? Seguiu o mesmo processo dos últimos álbuns ou tiveram que fazer adaptações, troca de estúdio, produtores?
Nós alugamos uma pequena sala em Londres com três estúdios. Em um deles estava o Muse, e o Green Day em outro, estávamos cercados por estes deuses do rock.
Produzi o disco, e temos um engenheiro incrível que gravou toda a percussão e tal. Tudo aconteceu bem rápido. Encontrei o Billie Joe no banheiro em algum momento, uma conversa rápida de “como vai?”.
Recentemente, vocês tocaram em grandes eventos como o Benicassim e os festivais de Reading e Leeds. Como é olhar para trás e ver esse crescimento?
É bom, às vezes vejo vídeo e não acredito que sou eu fazendo isso, é como se fosse um ator. Quanto mais o tempo passa, mais surreal parece eu ter participado desses festivais. É muito bom tocar nesses grandes festivais, espero fazer isso o máximo de tempo possível.
O público brasileiro pode esperar pelo Circa Waves em breve por aqui?
Nós adoraríamos tocar no Brasil, mas ainda não aconteceu. Nós sempre queremos ir para a América do Sul, mas não depende só de nós, depende dos promotores e organizadores de eventos. Mas adoraríamos ir, seria incrível.
Consegue listar três álbuns que ajudaram a te formar como músico? Quais? Por que?
Is This It, dos Strokes, que é impressionante. Com certeza o Circa Waves tirou muitas coisas de lá.
O Blue, da Joni Mitchell, um álbum que minha mãe e meu pai escutavam bastante quando era criança.
Por fim, também gostaria de citar um do Killers, provavelmente Sam’s Town. Ouvi de trás pra frente constantemente, nos meus 20 e poucos anos. Ele tem um jeito de compor que soa tão grandioso e pessoal, e as melodias são incríveis.
Poderia citar mais, mas acredito que estes três são ótimos.