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Crédito: Joche Rolfes

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Entrevista | Doro – “Espero que no Brasil todos tirem seus coletes dos armários”

Escalada entre os pesos-pesados do metal e hard rock na próxima edição do Monsters of Rock no Brasil, que acontece neste sábado (22), no Allianz Parque, em São Paulo, a Metal Queen Doro Pesch demonstrou muita ansiedade com o show no País.

Em entrevista ao Blog n’ Roll, via Zoom, Doro, hoje com 58 anos, falou um pouco sobre a carreira, deu pistas sobre o próximo álbum, além de dicas para mulheres que querem seguir carreira como artista.

Doro retorna ao Brasil pela quarta vez, após tocar em 2006, no festival Live n’ Louder, e solo em 2011 e 2014.

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Aliás, foi a alemã quem marcou a estreia das mulheres no palco do primeiro Monsters of Rock da história – em 1986, em Castle Donington, na Inglaterra.

Como está a expectativa para o show no Monsters of Rock?

Estou bem, muito animada, finalizando o disco, passando noite e dia no estúdio. Espero que quando estiver viajando para o Brasil o disco já esteja pronto. Tenho ótimas memórias de tocar aí, é um dos melhores países para se tocar, eu amo.

Guarda boas lembranças do Brasil?

Um festival que fizemos no Brasil foi incrível, as pessoas eram tão animadas, energia lá em cima, muito metal, é do que se trata o metal, foi inesquecível. Depois tocamos em algumas casas de show menores, e a energia era a mesma.

As pessoas estavam animadas, balançando a cabeça, usando seus coletes, eu amo, me lembra os anos 1980, quando começamos, e todos usavam coletes personalizados.

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Na Europa isso é raro, espero que no Brasil todos tirem seus coletes dos armários. Eu amo metaleiros apaixonados, eu amo todas as pessoas, mas amo muito os metaleiros. É como uma grande família metal, eu poderia fazer por muitos anos, nunca quis fazer outra coisa, é muita paixão, alma, coração, emoção.

Quando peço que cantem juntos, todos começam a se agitar. É puro prazer, não parece nem um trabalho, não preciso me esforçar muito para fazerem cantarem juntos, em outros países você tem que se esforçar mais, mas no Brasil quando você sobe no palco todos já estão prontos.

Nós temos um guitarrista metade brasileiro, metade americano, ele toca muito bem, muita energia, por isso conheço bem a energia brasileira.

Como você iniciou sua ligação com a música? Quais foram os principais obstáculos que você teve que enfrentar no início da carreira? Ainda existe algum obstáculo?

Eu queria trabalhar com música desde que tinha 3 anos de idade. Tive minha primeira banda com 15, 16, nós fazíamos o que sentíamos, nem sabíamos o que era heavy metal, alguns anos depois surgiram algumas bandas que começaram o movimento metal.

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Foi ótimo testemunhar isso, e começamos a fazer os primeiros shows do Metallica na Europa com eles, do álbum Kill’Em All, e o nosso Burning Witches. Logo depois, eu soube que queria fazer isso pro resto da minha vida.

Na época, anos 1980, ser um metaleiro era difícil, as pessoas não te aceitavam, falavam que deveria arranjar um trabalho, cortar o cabelo, ninguém entendia, mas eu sabia que conseguiríamos.

Tocamos no lendário Monster of Rock na Inglaterra e na Alemanha, em 1986, tinha Scorpions, Motörhead, Bon Jovi, Ozzy, Def Leppard, e o Warlock, tocamos muito bem para 80 mil pessoas. As gravadoras, os agentes que estavam lá, viram a reação do público e nos deram mais oportunidades.

Fizemos uma turnê com Judas Priest, que é a minha banda favorita, depois com Dio, que é meu cantor favorito.

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Achava que as coisas iriam nesse ritmo, só melhorando, mas surgiram dificuldades. As bandas grunge ficaram gigantescas, e as de metal perderam espaço, fiquei preocupada, fizemos muito discos, mas sem lançamento internacional.

Nos anos 2000 as coisas melhoraram, fizemos uma turnê com o Dio nos EUA. Eu usei meu seguro de vida para pagar as coisas da turnê, como ônibus, voos e tal.

Queria fazer a turnê, apesar de terem me desencorajado muito, falando que não tinha público, que o metal não era tão grande, mas eu sabia que o metal estava de volta, e foi uma das melhores turnês que já fiz. Shows lotados, tive certeza que o metal estava de volta.

Às vezes temos que aguardar o momento certo, às vezes a maré não está para nós, temos que trabalhar, se doar, enquanto tiver alguns fãs lá, vale a pena. Eu faria o mesmo show para um público pequeno e um gigantesco. É preciso paciência, mas sempre vale a pena.

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Já são 40 anos de carreira e existem planos para um álbum novo, certo? O que você pode falar sobre o sucessor de

O disco em vinil foi número um na Alemanha, é ótimo. Nos dias atuais você tem pop, rap, metal está lá, mas não tão forte. Então ter sido número 1 em vinil, e 4 entre os CDs, foi um grande sucesso, muito bom. Foi meu primeiro álbum duplo, com 24 músicas. O próximo terá muitas músicas também, mas não será duplo.

Mas no último, grandes artistas tocaram. Doug Aldrich toca guitarra, ele é ótimo, Johan Hegg, do Amon Amarth, Sabaton, Warrel Dane, que não está mais conosco, todos cantando em All for Metal, estão todos no vídeos para quem quiser ver no YouTube, eu amo esse tipo de música, sempre é um ponto alto nos shows.

Você é a rainha do heavy metal e certamente tem conselhos para mulheres que querem ingressar nesse mundo, principalmente como artista. Qual conselho você considera mais importante? Por que?

Sempre siga seu coração, faça o que te faz bem, e faça todo dia, não desista, terá altos e baixos, pessoas vão amar, outras não vão, não se sinta desencorajada.

Encontre pessoas que te encoraje, talvez um bom empresário, bons companheiros de banda, e trabalhe duro que vai compensar. A compensação é poder trabalhar com algo que ama, nunca parece trabalho.

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Sempre estar trabalhando com outras pessoas, escrever músicas que façam as pessoas se sentirem bem, é algo que eu amo muito no metal.

Nunca esperei nada de volta, mas se recebe tanto quando se vê alguém com um grande sorriso no rosto, te dá energia, é a melhor motivação.

E se ninguém estiver lá pra te motivar, se mantenha positiva, nem sempre é fácil, mas vale tentar.

Sempre leio muitos livros, escuto minhas bandas favoritas, Motörhead, Scorpions, Metallica, qualquer coisa dos anos 1980, e se preciso de algo pro meu cérebro, recorro aos livros motivacionais, poderosos.

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Tem um coach que adoro chamado Tony Robbins, ele me motiva muito, quando leio seus livros, ou o escuto. Me sinto tão bem, quando recebo um discurso motivacional. Quando me sinto bem, posso fazer outras pessoas se sentirem bem. E quanto mais você trabalha nisso, melhor você fica, mas pessoas podem entrar na sua vida.

Às vezes aparecem coisas ruins, e você deve tirar o mais rápido possível da sua vida, mas algumas você tem que lidar.

No showbusiness sempre tome cuidado com contratos, arranje um bom advogado, tive problemas com isso nos anos 1980. Mas no final, o mais importante é ser você mesma.

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