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Entrevista | Gentle Savage – “Se precisar de banda para o seu casamento, chame os meninos aqui”

A banda finlandesa de hard rock Gentle Savage lançou recentemente seu álbum de estreia Midnight Waylay. O carismático vocalista Tornado Bearstone conversou com o Blog n’ Roll sobre a produção, influências e adaptações ao mundo online na pandemia.

“Como conceito, o álbum Midnight Waylay é melhor apreciado quando servido inteiro, mas cada música tem seu próprio caráter e funciona bem de forma independente. Encontre sua própria aventura, se joga!”.

A pandemia atrapalhou muito os planos do Gentle Savage de divulgar o primeiro álbum?

O momento não foi o melhor, como todos nós sabemos, devido a pandemia, mas estamos contentes com o álbum e com as pessoas que nos financiaram e essa é a única coisa que importa, sabe? Compor sabendo que está tudo lá pronto, só esperando para tocar nos shows, é uma boa situação.

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Estamos muito contentes com o álbum, e com o modo que estabelecemos nossa história melhor do que antes, o Midnight Waylay possui todos os elementos que compõem o Gentle Savage.

Estamos muito gratos que você reservou um tempo para conversar comigo, pois é tão difícil ser ouvido. Há muitas bandas mundo afora que não conseguem shows, e o que é isso? Uma banda de internet, e isso não é muito rock ‘n’ roll.

Vocês trazem muitas influências de hard rock dos anos 1970, mas conseguem apresentar isso de forma original sem parecer uma cópia de alguém. Queria que você falasse mais sobre essa criação.

Existem muitos artistas e bandas seguindo um caminho oposto, eles colocam muita maquiagem, correntes, couro e cospem sangue, e eu não queria fazer o mesmo que todos, pois não somos esse tipo de banda, honestamente.

Eu quero mostrar a natureza finlandesa, pois não são todos os países que preservaram suas florestas na Europa, eles cortaram árvores. E também, nós viemos de uma área rural, sou natural de uma grande cidade, Viena, na Áustria, mas vivi aqui na natureza. Então pensei, vamos seguir este caminho, caminhando e tendo ideias para aplicar, não tentando mostrar o lado duro, guerreiro, que poderia se quisesse, mas buscando um lado mais natural e gentil.

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Não sei se foi uma boa ou má ideia, mas foi como decidi fazer. Na verdade, tiveram alguns comentários engraçados de um cara do Texas, ele disse: “Meu Deus, isso é tão lindo, eu só tenho ossos e poeira no meu quintal”. Então isso gera reações.

Como foi o processo de criação desse álbum? Ficou trancado no estúdio ou procurou algum lugar para se inspirar?

No telhado, bem, primeiramente, na Finlândia pode chegar a 35 ou 40 graus negativos no inverno, então não é um bom lugar para meditar no inverno, mas no verão é muito bom, pois a temperatura chega a 35°C.

A ideia para mim é ir para um lugar alto, pois você pensa diferente em lugares altos, pode tentar se não acredita em mim, se você descer até uma caverna, você pensará diferente do que se fosse em um lugar alto, essa é uma razão.

Outra razão é que eu medito três vezes por dia, e o telhado é um dos meus lugares favoritos, pois consigo enxergar longas distâncias, gosto de observar o horizonte, relaxa a minha vista. É meu lugar preferido, mas também medito em outros lugares, mas lá já é um lugar certo para isso.

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E isso me dá energia para viver, meditação não é algo como “eu vou me encontrar, e virar Buda” para mim, é mais importante do que escovar os dentes, me dá energia para fazer as coisas que preciso fazer, me deixa concentrado, meu cérebro trabalha melhor. Isso é uma coisa que tem a ver com música, às vezes as ideias não vêm durante a meditação, mas logo após, e também na solução de problemas acontece assim.

Considera o Gentle Savage uma banda mutável e com muitas cartas na manga por causa da variedade do álbum?

Sim, exatamente, vou pegar essa emprestada. Quero que a banda mantenha uma dinâmica natural e orgânica, e a musicalidade flua com a maior frequência possível, pois é ela que permite realizar as coisas que você mencionou, pois sem ela é apenas “tocar”. Você pode fazer grandes coisas, mas sem a musicalidade, e uma noção completa do que está acontecendo não é possível.

Nós podemos fazer qualquer coisa, honestamente, nós temos um vídeo no nosso canal do Youtube chamado Jamming with Santa, e nós tocamos algumas músicas típicas natalinas. Nós colocamos uma fantasia de Papai Noel em nosso baterista, o tecladista me perguntou: Em que tom estamos? E eu respondi não tô nem aí, só toca alguma coisa. E gravamos em um único take, pode conferir. Isso é o que podemos fazer, e se estiver precisando de banda para o seu casamento, pode chamar os meninos aqui, e eles tocarão.

O álbum do Gentle Savage traz várias histórias. Qual é a importância desse formato storyteller nas composições?

Não posso cantar uma música sem uma história, é impossível. É como fazer ser sem ter uma ereção, não é real. Claro que se pode fazer um anúncio, usando jingles de propaganda, mas é diferente quando você escreve sua própria música, é necessário ter uma história.

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Você não acreditaria o quanto às vezes preciso ensaiar uma frase milhares de vezes, para acontecer um click e gerar uma conexão com a história. E às vezes é caso de mudar apenas uma ou duas palavras de lugar para as coisas começarem a funcionar.

A história deve ter conteúdo e geralmente nas minhas letras elas são bem óbvias superficialmente, mas há algo honrado que não contarei a ninguém, você pode captar, achar ou não, pois são diferentes tipos de pessoas escutando.

E não quero algo semelhante a aquele velho cartoon, que não faz ninguém rir, onde há uma pessoa apontando para um pássaro, e dizendo “o passáro”, então ele está dizendo algo bem óbvio e tornando mais óbvio apontando para ele, e eu não faço isso.

Apenas alguns dias atrás uma fã americana me escreveu que ela gosta das nossas letras pois algumas delas ainda são óbvias, porém ainda há algo que a deixa com a pulga atrás da orelha por trás daquilo. E é essa a minha intenção, mas não contarei nada mais sobre isso.

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Vocês trazem muitas influências de bandas antigas. Acreditam que também podem virar referência para artistas mais novos?

Isso só cabe ao futuro, não cabe a nós decidir. Nós só fazemos a nossa parte que é escrever, gravar, lançar e performar músicas. Se as pessoas gostarem, bom, se nós nos tornamos inspiração pra alguém, legal.

É mais sobre a ancestralidade que nós carregamos, sobre honrar aqueles que nos inspiraram, mas também sobre a grandiosidade do rock, acima de tudo, pois rock, como tudo hoje em dia, se tornou super comercial e polido, e há cada vez menos daquele rock dentro do gênero.

O que tentamos fazer é trazer de volta a ideia do verdadeiro gravar e tocar. O Metallica não lembro quantas vezes ele tocaram a mesma música e juntaram pedaço por pedaço.

Sabe o que nós fazemos? Tocamos em um take, no máximo três, e é isso, então essa é uma pequena parte da ideia. Não queremos estragar a atitude rock, dentro do gênero.

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Um dos meus álbuns prediletos é o Appetite for Destruction dos Guns n’ Roses, é um bom álbum, mas claro as músicas são ótimas. No entanto também há erros, e eles deixaram os erros lá, e é um dos discos mais vendidos de todos. Se escutar o nosso disco também há erros, pois quando se toca ao vivo, se comete erros. É sobre isso.

Como foi se adaptar ao online na pandemia? Pretendem vir ao Brasil?

Boas perguntas. Isto tem sido muito estranho, não tocar ao vivo, é bem estranho tentar nos conectar. Nós não somos muito bons com redes sociais, nós estamos aprendendo, e nossa equipe tem nos ajudado, mas tem sido estranho pois nenhum de nós nos identificamos como youtubers ou produtores de conteúdo. Não nos relacionamos com isso, somos músicos, e músicos devem tocar.

E sobre tocar no Brasil, é a nossa grande ambição do momento. Estamos trabalhando para chegar aí, e você deve estar lá quando tocarmos.

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