A banda norte-americana Lynyrd Skynyrd vem a São Paulo no próximo dia 22, com apresentação única no Espaço Unimed, na Barra Funda. Esta será apenas a segunda vez que o grupo se apresenta no Brasil. Anteriormente, em 2011, integrou a programação do SWU, em Paulínia.
Dona de hits poderosos como Sweet Home Alabama, Simple Man e Free Bird, a Lynyrd Skynyrd carrega cinco décadas de jornada, com mais de 60 álbuns, bilhões de downloads nas plataformas, recordes de vendas quebrados e destaque no Hall da Fama do Rock & Roll (2006).
Desde 1987 na banda, o vocalista Johnny Van Zant é quem lidera a atual formação, que conta ainda com Rickey Medlocke (guitarrista), Mark “Sparky” Matejka (guitarrista), Michael Cartellone (baterista), Keith Christopher (baixista), Peter Keys (tecladista), Carol Chase (coro) e Stacy Michelle (coro).
Irmão do saudoso Ronnie Van Zant, Johnny Van Zant conversou com o Blog n’ Roll sobre o show no Brasil, hits, saudade do irmão, a morte do último integrante da formação original, outros assuntos. Confira abaixo.
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Como está a expectativa para os shows no Brasil? Estão empolgados?
Com certeza. Tocamos uma vez no Brasil, em São Paulo (Paulínia), em um grande festival (SWU), foi incrível. Estamos ansiosos para voltar, no nosso site sempre vemos pessoas do Brasil perguntando quando vamos para o Brasil, agora iremos, então é incrível. Estamos celebrando 50 anos de Lynyrd Skynyrd, poder fazer alguns shows no Brasil nos deixa muito animados.
Como fazer um set list que contempla os 50 anos de carreira?
Sabe, é muito difícil, temos que tocar Free Bird e Sweet Home Alabama, são duas que temos que tocar, independente de qualquer coisa. Vamos também colocar algumas músicas novas, depois de 1977, temos algumas músicas que não tocamos faz um tempo, o que é muito legal.
São tantas músicas que é difícil encaixar todas em um curto período de tempo, são 50 anos de música, não podemos tocar tudo, mas podemos tocar os pontos altos.
Simple Man, Free Bird e Sweet Home Alabama são três hinos do rock. Qual é o sentimento de cantar essas músicas nos shows?
É incrível, nunca fica velha a sensação. Algumas pessoas perguntam se cansamos de cantar essas músicas, mas nunca é demais. Estivemos aí e ouvimos a música ser cantada tão alto quanto aqui nos EUA, então para nós será animador ver a resposta dos brasileiros. Nunca enjoamos, é incrível, agradecemos a Deus por elas.
Último membro da formação original, Gary Rossington morreu no início deste ano. Como foi a decisão de seguir com a banda?
Foi muito difícil! Gary não era apenas meu companheiro de banda, amigo e chefe, ele era meu irmão. Uma coisa que concluímos foi que essa é uma banda que funciona ao vivo, faz shows. Então, vamos celebrar a vida do Gary este ano e no próximo. É uma decisão difícil, mas meu irmão Ronnie sempre dizia: os discos são ótimos, mas tocar ao vivo é do que a banda se trata, e foi ao redor disso que foi criada, e decidimos, vamos sair para tocar.
Não sabíamos como os fãs iriam reagir, mas tivemos uma ótima resposta aqui nos EUA. Estamos tocando com o ZZ Top por aqui esse verão, e tem sido ótimo, os fãs têm nos apoiado demais, eles querem ouvir nossa música ao vivo. Enquanto eles quiserem ouvir, e eu respirar, nós tocaremos. Estamos ansiosos para ir para o Brasil, celebrar ao vivo.
Você se arrepende de alguma decisão ou música que gravou na carreira?
Se voltasse no tempo para fazer alguma mudança, provavelmente não estaria falando com você, pois iria preferir que meu irmão estivesse aqui e o acidente de avião não tivesse acontecido.
Mas nunca pensei, eu era um fã do Lynyrd Skynyrd, nunca pensei que iria cantar essas músicas em nome do meu irmão, mas tem sido uma grande honra fazer isso.
As pessoas sempre perguntam como me sinto em estar no lugar do Ronnie, “nos sapatos dele”, e primeiramente, meu irmão nunca usou sapatos no palco, não tenho que me preocupar com isso. Tento sempre ser eu mesmo, não tenho nenhum arrependimento, meu único arrependimento é a perda do meu irmão.
Desde que entrei na banda, perdemos Hugh Tomasson, Billy Powell, Leon Wilkeson, Gary, mas somos uma família, toda grande família tem suas perdas. Com o tempo temos que ir para o céu, faz parte da vida, esse é meu grande arrependimento, que tenha que vê-los partir, e continuar aqui, tenho um pouco de ciúmes às vezes.
É manter o sonho vivo dos meus irmãos que foram para o céu, acredito muito em Jesus Cristo, sei que existe um paraíso, imagino o que eles fariam se pudessem voltar, sei que estão aqui em espírito, mas se pudessem estar em corpo, eles falariam “nossa, fizemos tudo isso!”.
Você está usando algumas cruzes. O que elas representam para você?
Essa meu neto foi quem me deu, essa outra minha filha me deu quando conseguiu o primeiro emprego, ela tem 34 anos. Minha outra filha comprou essa para mim. Tive uma filha que faleceu anos atrás, de câncer, e a sua impressão digital está nessa. Eu as mantenho perto do meu coração.
Qual é o ponto chave para a longevidade do Lynyrd Skynyrd? O que é essencial para manter vocês juntos?
Nossa paixão pela música. Em 1977, quando o acidente de avião aconteceu, antes disso a banda já tinha sucesso, toda essa coisa boa, mas todos viviam em Jacksonville na Flórida, e era uma família muito próxima. Tudo se foi de repente, com um piscar de olhos.
Dez anos depois, Gary e os membros que sobreviveram se reuniram e me pediram para fazer parte disto, sair para cantar algumas músicas. No começo, não tinha certeza, mas olhando para a família, eles precisavam colocar um sorriso no rosto deles, e o que faria isso era a música. E é a música que tem mantido as coisas, sei por mim, ganho a vida fazendo isso pela minha família, mas é bem mais do que ganhar a vida, é sobre a música, os fãs, os fãs nos mantêm em pé. Nós os chamamos de Skynyrd Nation, somos uma pequena nação. Os fãs fazem seus filhos virarem fãs, temos uma música chamada Skynyrd Nation e nela fala sobre três gerações, agora estamos chegando na quarta. É passado de geração para geração, é algo que cura, aquece o coração.
Consegue listar três álbuns que foram fundamentais na tua formação como músico?
Eu não sei, mas posso dizer as bandas. Seriam Free, com Paul Rodgers, pois amo os vocais dele. E tem uma banda chamada Jojo Gunne, com uma música Ride, ride, ride, e lembro de quando criança ter ouvido isso e ficado impressionado, querendo ir para uma estrada e pilotar.
Minha próxima seria um álbum do Led Zeppelin ou do Queen. Freddie Mercury sempre foi incrível, Robert Plant também. Sempre vejo pelo cantor, pois sou um cantor, temos isso em comum. São tantos discos bons, queria ainda ter o vinil que costumava ouvir.
O primeiro que comprei acho que foi um do Uriah Heep, não me lembro direito, estou muito velho.