Após cinco anos sem novidades, a banda canadense Nickelback lançou o décimo álbum de estúdio, Get Rollin‘, em novembro passado. Get Rollin’ vai desde a enérgica jornada de uma fuga na faixa de abertura San Quentin, uma das mais pesadas da discografia do Nickelback até Those Days, que evoca hits da banda, como Rockstar e Photograph, em uma nostalgia coletiva sem perder o foco no futuro.
O guitarrista do Nickelback, Ryan Peake, conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom. Em resumo, falou sobre o novo álbum, lembranças do Brasil, faixas pesadas no repertório, entre outros assuntos. Confira abaixo.
Get Rollin’ é o primeiro álbum do Nickelback desde 2017. Foi uma longa espera dos fãs. Vocês tiveram alguma dificuldade nesse período ou foi algo programado?
Não esperávamos gravar um disco, para ser honesto. Tínhamos uma turnê marcada para 2020, e como a maioria das bandas, iríamos fazer uma grande turnê de aniversário no verão que iria começar nos EUA, e talvez levar a outros lugares.
Tínhamos marcado essa turnê pois não queríamos ir para o estúdio. Nosso último show tinha sido no Rock in Rio, em outubro de 2019. Tiramos o final de ano de férias, e acordamos que não estávamos com cabeça para ir para o estúdio.
Quando a turnê foi cancelada, nós paramos um tempo, por mais de um ano, e só nos encontramos no final de 2021, com disposição para criar algo.
Não foi planejado, mas as coisas funcionaram como deveriam, não fomos forçados a fazer algo. O tempo foi bom para nós.
San Quentin é uma faixa bem pesada no instrumental, comparada com a discografia do Nickelback. O que trouxeram de influência para essa canção?
Acho que nós sempre gostamos de ter uma música bem rock. Isso sempre foi um grande engano, acho, que não foi nossa culpa, e mais algo que a internet criou, pegou essa narrativa e aumentou.
Nós mostramos uma música mais pesada, e gerou uma expectativa de que seria um álbum pesado, mas calma lá. Acho que o último álbum sim, era um álbum de rock, toda a ideia por trás dele era mais rock.
Com este fomos mais, vamos fazer rock, mas misturar com as coisas que nós normalmente fazemos. Foi interessante ver que a internet achou que seria um álbum pesado a partir de San Quentin. O que é compreensível, a primeira música lançada é bem pesada.
Chad encontrou o guarda de San Quentin em uma festa. Ele tem uma fascinação por prisões, e ele pensou que seria um bom nome para uma música, então soou como uma música agressiva, e foi daí que tiramos.
Você não considera a faixa mais pesada da discografia do Nickelback?
Nós sempre gostamos de gravar algo pesado, é só ligar os amplificadores e ir. Foi pesado, mas não o mais pesado que fizemos. Acho que The Betrayal (Act III), do último álbum, é uma das mais pesadas que já fizemos, com um riff pesado, e Chad veio com uma letra ótima e um vocal incrível.
Então, para aqueles que acham San Quentin a nossa mais pesada, deem uma olhada em outras do nosso passado. É bem bom, é uma catarse para nós escrever músicas pesadas. Eu gosto das melódicas, mas as pesadas são mais divertidas de se tocar no estúdio.
Queria que você me falasse um pouco mais sobre a ideia por trás da capa do álbum, mais verão, além do nome Get Rollin’.
Escolher uma capa ou um título é muito difícil, pois não fazemos álbuns conceituais, não são integrados, são apenas músicas que queremos lançar. A partir da música High Time tiramos o nome, pois está na letra: “High time you and I get rollin”.
Chad que veio com a ideia, não seria como Feed The Machine, um posicionamento político da banda. San Quentin é sobre beber demais e acabar algemado.
Tidal Wave, uma música com uma sensação de água, fez mais sentido ser assim, vamos de coração leve, fazer um álbum divertido.
Você falou sobre os planos de 2020, que eram fazer uma turnê no verão. Talvez isso tenha influenciado nessa vibe.
Talvez, gostaria de dizer que foi planejado, mas não foi. Acho que demos dois passos em falso, cancelamos dois inícios de gravação, pois não estávamos prontos, e fiquei feliz que esperamos. Durante a pandemia, tudo que levaria duas semanas, levava três meses para ser feito, para arranjar alguém para ajudar. Não queríamos desperdiçar, queríamos estar prontos. Concordo com você, soa como um disco de verão.
Como é se reinventar depois de alcançar feitos tão grandes como o Nickelback?
Não acredito em nada disso. Não sei, é uma pergunta interessante. Sempre procuramos algo que nos anima, acho que se tentarmos nos reinventar, como a Madonna, não sei se seria tão acreditável. Queremos ser honestos com o que fazemos, mas acho que a internet te reinventa sozinha.
Minha filha falou que uma música antiga está viralizando no Tik Tok, Keeps Me Up. E, acho que na época dela, não digo que estavámos nos reinventando, mas tentando aumentar nossa amplitude musical, com um pouco de funk. O Flo Rida tinha estourado na época.
Estávamos tentando ser criativos, e tentar coisas novas, e legal que as pessoas estão mais receptivas a isso hoje. Acho que há menos pressão para ser algo a mais além de si.
Temos a High Time que é uma música de rock sulista, não sei como as pessoas verão, mas era uma extensão da nossa mente da época. Não acho que precisamos nos reinventar, mas também não quero ficar com medo das pessoas não gostarem do que fazemos, vamos apenas fazer, vão gostar, ou não, mas é o que somos. Se for se manter na zona de segurança do que vão gostar você perde a batalha ali.
O que recorda dos shows no Brasil?
O Rock in Rio é um dos melhores shows para se tocar, os fãs no Brasil e na América do Sul são incríveis. Grande parte dos nossos ouvintes no streaming vem do Brasil.
Lembro de ir em um talk show aí, com o Danilo Gentili, foi muito divertido. Para responder sua pergunta, com certeza, queremos ir para a América do Sul. Pedi para que tivéssemos uma atenção com a região, pois tivemos um período muito bom aí.