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Entrevista | Mell Peck & Noel Hogan (The Puro) – “Conseguimos nos comunicar”

A dupla The Puro, formada por Noel Hogan (guitarrista, co-fundador e compositor do The Cranberries) e a cantora brasileira Mell Peck, é uma das gratas surpresas de 2022. Até o momento, o duo revelou o single Prison, que ganhou uma versão acústica no mês passado.

Para entender essa união entre os dois músicos, os desafios e a produção das canções, o Blog n’ Roll conversou com Mell e Noel, via Zoom. Confira a entrevista abaixo.

Como foi esse encontro entre vocês?

Mell – Na verdade, tudo aconteceu tão naturalmente que ainda não me dei conta. Nós estamos aí há dois anos e pouco compondo juntos, e na verdade o nome surgiu também agora. Ele me enviou uma música há 2 anos atrás, eu escrevi e ele gostou. Logo depois, ele começou a me enviar mais ideias. Foi quando a gente começou a juntar as músicas.

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E a coisa foi indo, e quando a gente se deu conta já tinha músicas para um álbum, ou dois, talvez. É bem diferente como aconteceu, por eu não falar inglês, mas eu canto, foi algo que está rolando bem, desde o início me senti super confortável para fazer isso.

Mas como foi a comunicação entre vocês? Estava com um intérprete?

Mell – Não, quando viajei para conhecer ele, fui sozinha, primeira vez viajando sozinha. Acabei falando inglês sem saber que sabia alguma coisa. Eu sempre falo que é coisa de Deus, do Universo, que a gente não tem explicação.

Mas nos comunicamos super bem pelas mensagens, tanto que tem muita coisa técnica da música que a gente se entende. Eu fui usando o tradutor, mas muita coisa fui aprendendo. Eu ainda não me arrisco em mandar um áudio falando em inglês, mas nos comunicamos super bem.

Noel – Está funcionando, arranjamos um jeito, eu não falo português e ela não fala inglês, mas conseguimos nos comunicar, tendo conversas por horas. Provavelmente é estranho para algumas pessoas, mas é muito natural para nós agora.

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Provavelmente estaremos em uma sala juntos em breve, e teremos que nos comunicar por mensagem de texto. Mell tentou me ensinar algumas palavras em português mandando mensagens de áudio no Instagram, WhatsApp, e eu me sinto bobo falando. Planejo ir ao Brasil em agosto, então planejo praticar intensamente de agora até agosto para aprender pelo menos o básico.

Você recorda da primeira vez que ouviu sobre a Mell, Noel?

Noel – Estava pensando nisso outro dia, que deveria voltar e tentar encontrar quem me recomendou, mas não foi apenas uma pessoa. O nome da Mell surgiu de várias pessoas diferentes. Quando você vê esse tipo de coisa acontecendo repetidamente você pensa que tem que averiguar. E seja quem for, estava certo, pois vi o primeiro e fui vendo mais e mais, e sabia que havia alguma coisa ali. Amei a voz dela, a presença dela. Senti que ela poderia dar uma olhada em algumas músicas que eu tinha.

Uma das pessoas que trabalha comigo entrou em contato com a Mell, ela veio pra Orlando e conversamos sobre a possibilidade de fazer algo em 2020, aí o covid aconteceu e as chances de se encontrar acabaram. Mas tinha várias músicas aqui e a perguntei se ela teria vontade de escrever letras, em casa, ver como funcionava.

Mandei uma música e ela me mandou de volta por volta de dois dias depois. Eu a amei, e cresceu daí, fui mandando mais e mais. Pensei até que talvez estivesse mandando muita coisa de uma vez.

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Aliás, fiquei preocupado que as coisas fossem se atropelar, às vezes eu enviava uma ideia que tive na última noite para ela, mas ainda precisava que ela me enviasse a linhas vocais de outra música. Pois quando as ideias vêm você quer concluí-las, é ótimo ter as outras músicas, mas quando a ideia vem é algo fresco e você quer explorar isso.

Este é o jeito que trabalhamos agora, e funciona bem para nós, pois não há pressão, eu estou aqui e ela lá, mas podemos trabalhar em paz. Algumas pessoas gostam de começar a trabalhar em uma segunda ou terça, às 10h, e ter a música feita até as 17h, mas não é o que estamos fazendo. Tem sido ótimo, e só melhorado com o passar do tempo, já fazem dois anos. Para nós a pandemia deu espaço para escrever. 

Qual foi o grande desafio após vencer a barreira linguística?

Noel – Acho que é mais lenta a troca de ideia, especialmente nas primeiras versões das músicas, onde tentamos estabelecer qual melodia trabalhar, qual melodia mudar, e essa parte é lenta, pois há um fuso horário, que não é tão grande, mas existe. Temos que esperar um pouco o outro.

E também estamos sempre em casa, e nossas famílias também tentando manter uma rotina, é uma questão de balancear. Seria ótimo que em algum estivéssemos na mesma sala, e aí ao invés de trocar ideias ao longo de dias, apenas sentar e passar um tempo lapidando uma música em algumas horas.

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O que você traz da sua experiência com o Cranberries? Qual é o legado da banda?

Noel – Nós tivemos um sucesso enorme, que nunca esperávamos, mas tudo se encerrou no começo de 2018 (Dolores O’Riordan faleceu em janeiro de 2018). Você se senta e olha pra trás e reflete que quando se está vivendo aquilo você não percebe o quão grande aquilo é, e quando sai você fica espantado com o quão grande foi, e como fez parte da vida de tantas pessoas, e se sente sortudo por ter vivido isso. Era um hobby para nós e se tornou o que se tornou.

Há um grande legado dos Cranberries e é ótimo que as pessoas ainda gostam das músicas, e foi fazendo coisas como essa que me permitiu fazer o que estou fazendo agora, pessoas considerarem trabalhar comigo, por essa história. É parte de algo que fiz, e tenho muito orgulho, mas ficou para trás agora.

É adorável ouvir as músicas e ver como as pessoas reagem, mas depois você precisa caminhar para o próximo projeto. Eu e os garotos ainda nos falamos, é ótimo, mas agora já virei a página para um próximo capítulo.

Vocês têm uma previsão de quando vão se apresentar juntos?

Noel – Nós esperamos tocar em agosto, estamos em conversas agora para marcar pelo menos um show. Nós estamos com músicas há tanto tempo, e queremos que as pessoas ouçam, e adoraríamos tocar ao vivo.

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Começamos a falar sobre tocar ao vivo há um ano mais ou menos, pois tínhamos tantas músicas, e era ótimo fazer o trabalho de estúdio, mas também é muito bom colocar no volume máximo e tocar ao vivo.

Meu histórico de tocar no Brasil sempre foi ótimo, o público é incrível. Será ótimo estar no mesmo palco que a Mell tocando essas músicas.

Mell – A vida te joga em um barco, e tu tem que ir, né? Eu falo pra ele, sou uma pessoa muito tímida, e não esperava que ia acontecer isso, de fazer as músicas, que a vida me levaria para este caminho, mais intenso do que vivia. Então como não sou uma pessoa super mega social vou ter que me adaptar com isso, mas a gente está super empolgado com tudo que vier.

Já toquei em palcos, mas era eu e o violão, meu pai no cajón, em eventos, e os vídeos no YouTube. Até que chegou o momento em que eu estava até bem devagar nos vídeos, estavam começando a largar, e o Noel apareceu. Foi bem no dia que eu falei que não queria mais saber de música, não queria mais saber de nada. E foi nesse dia que ele falou comigo, aí logo pensei, lascou, agora vou ter que continuar.

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Na verdade a gente não sabe ainda como vai ser, por onde vamos começar, mas sei que o Noel está doido para vir para o Brasil. Imagino que vá começar por São Paulo ou Rio, que é o foco da coisa mesmo.

Como foi o processo de criação de Prison?

Mell – O Noel me enviou o início da Prison. Ele ainda estava escrevendo ela. Na mesma me surgiram algumas palavras que fecharam com aquilo que ele me enviou. Mandei, ele gostou, e eu comecei a escrever o resto dela. Logo depois, ele deu continuidade na música.

A música fala sobre sentimentos presos, coisa que tu não pode expressar. A música toda fala sobre isso, momentos de angústia, em que tu quer explodir, mas em algum momento você vai conseguir aquilo ali, sozinho, bebendo, ou fazendo algo em que você se sente bem. Essa foi uma das últimas músicas que fizemos, que não seria a princípio um single, mas ele gostou tanto que acabou virando.

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