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Entrevista | Feng Suave – “Luxos são prejudiciais para a sociedade e natureza”

De Amsterdã, na Holanda, vem uma das mais gratas surpresas dos últimos anos, o duo Feng Suave, formado por Daniël Schoemaker e Daniël de Jong. Seguindo uma linha que transita entre o soul dos anos 1970 e chega ao indie pop moderno, mas antes passando pelo psicodélico e a bossa nova, eles já estão em seu terceiro EP, So Much For Gardening, lançado no fim de agosto.

As quatro canções de So Much For Gardening evitam um único humor ou narrativa coletiva e, em vez disso, cada uma assume um tema próprio. Unweaving the Rainbow Forever é uma alusão divertida à catástrofe ambiental em curso, enquanto Come Gather ‘Round examina a ganância capitalista.

Show Me torna as coisas mais lentas, contando uma história de dor emocional individual intransponível, enquanto Tomb For Rockets é, de acordo com a dupla, “meio que tudo isso acima, e meio que apenas uma canção de amor”.

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Com mais de 150 milhões de streams acumulados, Daniël Schoemaker e Daniël de Jong conversaram com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo EP, o curioso nome da dupla, entre outros assuntos. Confira abaixo.

Primeiramente, não tem como não falarmos sobre a origem do nome Feng Suave. Como surgiu esse nome?

Claramente não são palavras da língua inglesa, mas a gente pronuncia da forma como lemos. O Suave nós pegamos do português. Eu vou muito a Portugal, e há alguns anos bebi uma garrafa de champanhe suave, e gostei da palavra, ainda mais quando vi o significado. Já o Feng, que na verdade se pronuncia “fong”, significa vento em mandarim. Então, começou como uma brincadeira e se tornou o nome da banda. Se a gente traduzir, fica Vento Suave, o que não é um nome ruim (risos).

Como foi o processo de gravação de So Much For Gardening? A pandemia atrapalhou de alguma forma?

A pandemia, por sorte, não atrapalhou o processo de gravação. Basicamente, eu e o Dan fizemos as demos no computador, depois fomos até o estúdio de ensaio com a banda inteira e demos vida às demos. Gravamos tudo ao vivo para ser mais orgânico, com todos os instrumentos sendo tocados ao mesmo tempo.

Foi um processo muito bom e muito agradável, principalmente por não termos precisado ficar presos cada um em seu laptop por semanas, como geralmente é. Foi bem legal estar no mesmo ambiente que a banda, tocando e fazendo música.

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O que mais o inspirou no processo de composição?

Não existe um tema específico nas músicas. Cada uma foi inspirada em alguma coisa diferente. Por exemplo, um dos nossos singles surgiu de quando fui ao zoológico. Eu estava passando pela rua, em Amsterdã, e vi alguns animais de longe, e comecei a pensar o quão insano era ver aqueles animais ali. Aqueles animais não deveriam estar a cinco minutos de um supermercado no meio da cidade. É doideira. Foi um acontecimento que me inspirou.

É nítido que o Feng Suave consegue trabalhar muitas influências na sonoridade, entregando algo original. O que vocês têm escutado?

Nós pegamos influências de artistas dos anos 1960 e 1970, além de artistas contemporâneos que fazem esse tipo de música. Eu gosto muito de bossa nova, folk rock americano. Gosto dessas músicas de compositores clássicos.

Você citou a bossa nova com uma das influências. Vocês escutam artistas brasileiros?

Com certeza! Acho que a língua portuguesa é ótima para se cantar. Gosto muito de Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Gal Costa… eu estava escutando Que Pena (com Jorge Ben Jor e Gal Costa) hoje mesmo. Acho brilhante como o Brasil tem gêneros musicais únicos e completos. Amo o fato de vocês serem uma nação bem musical.

Come Gather Round, uma das faixas do EP, traz uma crítica forte e necessária. Fale um pouco sobre essa canção.

Essa é uma pergunta muito boa, porque é fácil criticar algo e não ter uma solução para isso. Obviamente, uma música não é a melhor mídia para esse tipo de crítica. Eu estava com um pouco de medo de fazer uma música criticando sem dar nenhuma solução. Eu não tenho uma, inclusive.

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Mas, no geral, acho que a riqueza do mundo é mal distribuída, e isso é inaceitável. Há muita riqueza desnecessária também. Luxos que são prejudiciais para a sociedade e para a natureza. Além disso, também é ruim ver como a sociedade é imprudente e gasta recursos naturais sem dó. Não tenho uma grande solução. Acho importante taxar riquezas para ajudar a acabar com a pobreza.

So Much For Gardening traz uma vibe tranquilizante. É o EP certo para muitas atividades relaxantes. Era essa a proposta da Feng Suave?

Esse é o sentimento. Eu gosto quando a música soa bem. É importante fazer com que a música tenha efeito positivo em quem está escutando. Adoro caminhar, pedalar e dirigir ouvindo música, e é isso que quero adicionar no mundo, sabe?

Também adoro explorar os contrastes de ter uma melodia legal e uma letra que não seja só sobre amor ou coração partido. Aliás, gosto de explorar essas outras coisas, como os animais no zoológico ou os problemas do capitalismo.

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