Em junho, quando assisti aos shows de Liam e Noel Gallagher no Reino Unido, em datas separadas, claro, notei uma diferença muito grande entre os públicos. O primeiro carregava a força da juventude, uma molecada disposta a causar de todas as formas. Inclusive, cinco pessoas foram presas por “desordem” dentro do estádio. Até sinalizadores foram acesos durante o show.
Na contramão de Liam, Noel atraiu um público mais comportado. Todos muito calmos, mais velhos e fazendo piquenique enquanto o autor de Don’t Look Back in Anger dividia o palco com uma artista que “tocava uma tesoura”.
Noel, diferente do Liam, não explora tanto o rico acervo do Oasis. E quando faz isso, opta por reconstruir as faixas, dando uma nova cara para hits absolutos.
Liam é mais raiz. Opta por apresentar algo bem próximo do original. Coloca Oasis no repertório quase inteiro. Joga para os fãs e o resultado não poderia ser melhor.
Na terça-feira (15), no Espaço Unimed, em São Paulo, completamente lotado, Liam seguiu essa estratégia que deixou os fãs extasiados no Reino Unido. E, melhor que isso, contemplou hits e faixas não tão populares do repertório do maior britânico dos últimos 30 anos.
Mas não se limitou apenas ao Oasis. Passou pelos seus três discos solos e ainda encontrou tempo para lembrar do Beady Eye, ótima banda surgida logo após o fim do Oasis e muito subestimada por fãs e críticos.
Quem vai ao show de Liam Gallagher, não espera por acrobacias, dancinhas ou mensagens carinhosas. Ele é o oposto disso. A pose de marrento, tão conhecida dos tempos do Oasis, está mantida, tal como os pequenos resmungos num sotaque praticamente impossível de traduzir.
Das pequenas e rápidas coisas que disse, consegui entender a dedicatória de Wonderwall para o jogador Gabriel Jesus, que marcou época em seu clube de coração, o Manchester City. Também na reta final, ele dedicou Live Forever para a sua jaqueta inseparável, a mesma que usou nos shows do Reino Unido, em junho.
Falando sobre o público de São Paulo, acredito que ficou num meio termo entre os fãs de Liam e Noel. Alguns bem loucos e emocionados, cantando tudo do início ao fim e arremessando copos e bebidas ao alto, enquanto outros, acompanhados da família, pareciam mais contidos.
Impossível não sair de alma lavada de um show que começa com Fuckin’ in the Bushes, tal como nas apresentações do Oasis, e termina com um clássico absoluto como Champagne Supernova. Sim, Liam sabe o que oferecer aos fãs do Oasis. E faz isso com um cuidado que Noel parece não ter.
Setlist
Fuckin’ in the Bushes (Oasis)
- Morning Glory (Oasis)
- Rock ‘n’ Roll Star (Oasis)
- Wall of Glass
- Everything’s Electric
- Stand by Me (Oasis)
- Roll It Over (Oasis)
- Slide Away (Oasis)
- More Power
- Soul Love (Beady Eye)
- Diamond in the Dark
- The River
- Once
- Some Might Say (Oasis)
- Supersonic (Oasis)
- Wonderwall (Oasis)
Bis
- Live Forever (Oasis)
- Champagne Supernova (Oasis)