Lollapalooza 2025: De Rodrigo a Olívia, evento investe na nova geração

Lollapalooza 2025: De Rodrigo a Olívia, evento investe na nova geração

Se o Lollapalooza quer se perpetuar como um dos principais festivais do Brasil, a missão da sexta (28), primeiro dia de festival, foi cumprida. A geração Z foi responsável por boa parte dos quase 80 mil ingressos vendidos.

No palco, Jão (30 anos) e Olívia Rodrigo (22 anos) foram os donos do evento. Estando em palcos diferentes, ficou nítida a movimentação da maioria do evento para as duas apresentações.

Dead Fish: “Não sou Olívia, mas também me chamo Rodrigo”

Foto: Van Campos (AgNews)

Van Campos (AgNews)

Cheguei no evento com o festival ainda vazio com a missão de assistir seis shows diferentes. Infelizmente, a chuva forte suspendeu temporariamente os shows e, com a nova grade de horários, finalizei o dia com cinco apresentações registradas.

A primeira delas foi o Dead Fish às 12h45 no palco Budweiser (principal). Eu tinha 15 anos no meu primeiro show do Dead Fish, no bar do 3 aqui em Santos, mesma idade de boa parte de quem enfrentava o Sol para garantir um bom lugar para a Olívia Rodrigo.

E o outro Rodrigo, o Lima, mesmo aos 52 anos, soube falar a língua da garotada e fazer um trabalho diferente do que está acostumado: apresentar a banda.

Houve, claro, protestos políticos, conselhos de pai, dancinhas e até um empréstimo de um leque de uma das meninas próximas a passarela do palco.

Foram 18 músicas em quase uma hora de show, seguindo a setlist da turnê do álbum Dentes Amarelos. No fim, ainda coube uma malandragem ao anunciar que faltavam 2 músicas, mas emendou “Sonho Médio” após “Afasia” e “Bem Vindo ao Clube”.

Girl in Red: “Deus é gay, São Paulo é gay”

Iwi Onodera/ Brazil News

Iwi Onodera (Brazil News)

Voltando logo após a tempestade, Marie Ulven Ringheim (26 anos), ou melhor, Girl in Red foi recebida com um lindo arco íris enquanto ainda chovia. Abertamente lésbica, ela celebrou a obra da natureza ou, divina, como ela mesmo disse, para emendar: “Deus é Gay, São Paulo é gay”.

O público vibrou e a apoiou. Local mais propício não há. Um festival como o Lollapalooza sempre se mostrou aberto à diversidade. Inclusive, fez um poster personalizado para ela com duas garotas e o refrão “My Girl” em alusão a “I wanna be your girlfriend”.

Com 11 músicas, mesmo set do sideshow na Audio, ela mostrou energia de seu Indie/Alt Rock, podendo ser a nova Alanis do futuro.

Jão “Eu sou um Popstar”

Sidney Lopes (Billboard Brasil)

Mesmo sem estar no palco principal ou headliner, Jão fez um show como se fosse. O cantor pop levou um “Allianz” para o palco Samsung Galaxy. Girl in Red nem havia finalizado sua última música e um verdadeiro mar de gente se deslocava para ver o show.

Mesmo com muita lama, o cantor encheu até o famoso morro e mostrou porque é o principal artista brasileiro da atualidade. Seus feitos, seja com a turnê, seja esgotando salas de cinema e camisetas, só mostram que todo o hype tem sentido.

Ele tocou seus principais sucessos, porém mostrou personalidade ao fazer um cover de “Linger” dos Cranberries. “Eu estava ouvindo essa música no carro com a cabeça encostada e pensei: Se eu fosse um popstar, como eu cantaria essa música? Mas, perai, eu sou um Popstar. Então vou fazer essa canção para vocês”.

Logo depois, emendou “Nota de Voz 8”, canção que não tocava ao vivo há 5 ou 6 anos, segundo ele. Após o show ele confirmou que era sua última apresentação antes de um indeterminado período de férias.

Nessa Barret: A Nova Lana Del Ray?

Reprodução da transmissão do Canal BIS

Enquanto a multidão se equilibrava na lama para voltar ao palco principal e já garantir um lugar para a apresentação de Olívia Rodrigo, Nessa Barret (22 anos), cantora sensação do TikTok fez sua estreia no Brasil.

Mesmo sem conversar tanto com a plateia, ela contou com uma estrutura segura para a sua apresentação: um baterista, um guitarrista e um DJ responsável pelas partes eletrônicas das músicas, fazendo também o baixo e soltando “backtracks” de voz, o que levou a muita gente confundir de que ela estaria dublando.

Muita gente faz uso de “backtracks” e você pode encontrar vários artistas fazendo o mesmo, inclusive Emily Armstrong com o apoio do DJ Han. Usar backing vocals e até mesmo baixo gravados completou a apresentação, deixando o som mais cheio.

Se a cantora lembra Lana Del Rey, suas músicas são mais agitadas com lampejos de rock and roll. Uma boa estreia de uma futura popstar que deve retornar logo em shows solo ou com mais destaque em algum festival.

Olivia Rodrigo: “Eu nunca vi nada parecido com vocês, São Paulo”

Ag News

Se alguém tinha dúvidas de que Olivia Rodrigo estava pronta para ser headliner de um grande festival, essa dúvida acabou ao pisar em Interlagos.

Mesmo com a turnê de seu segundo álbum, ela teve um crescimento meteórico. E, essa rapidez, talvez faça com que muita gente duvidasse do real tamanho da cantora. Uma ideia rápida dessa ascensão pode ser vista no seu primeiro show em Estádio, no Couto Pereira de Curitiba, dias antes. “Quando eu estava na escola eu fazia redação em cima das letras de St. Vicent”. E, hoje, é St Vicent quem abre os shows dela.

Foram mais de 20 músicas em uma hora e quarenta minutos de show tocando praticamente todas as suas canções. Com uma banda talentosa, também composta por mulheres, ela cantou, tocou e se emocionou com a recepção que teve em São Paulo.

A mais rock and roll das cantoras teen, ela mescla pop com a geração 2000 do pop punk, claramente mostrando forte influência de Blink 182, Green Day, Avril Lavigne e, claro, Paramore.

Se os fãs do outro Rodrigo, do Dead Fish, não conhecem ou a acham apenas uma cantora pop adolescente, saibam que ela serve como uma porta de entrada para o rock como uma nova Avril Lavigne, porém com mais potencial. Afinal, se a cantora canadense, mesmo com anos de carreira, não integrou o palco principal do Rock in Rio, Olivia já consegue ser uma poderosa headliner em seu segundo trabalho.

Com os headliners de 2026 já fechados, porém guardados a sete chaves, o festival pode se sentir confortável em continuar apostando na geração Z com Chappell Roan ou Sabrina Carpenter na próxima edição.