TEXTO: Thiago Menezes / FOTOS: Ricardo Matsukawa / Mercury
O Megadeth, uma instituição no mundo do metal, transcende a necessidade de apresentações. A banda americana é reconhecida como preeminente, sendo um nome que ressoa entre os amantes do gênero e até mesmo entre aqueles que apenas arranham a superfície da cena musical. Mas será que após mais de 40 anos de história, 16 discos de estúdio e 15 turnês no Brasil, a banda ainda tem algo a mostrar para os brasileiros?
Anunciada a data da nova apresentação (sim, a décima sexta turnê por aqui), os apaixonados pelo metal fizeram sua parte: garantiram seus ingressos e lotaram, na última quinta-feira (19), o Espaço Unimed, em São Paulo.
Antes mesmo do show começar, já estavam prometidas novidades para o público: uma nova formação para a banda, com a entrada do guitarrista Teemu Mäntysaar e do baixista James LoMenzo, além da apresentação ao vivo das músicas do último disco, The Sick, the Dying… and the Dead! (2022).
Sem banda de abertura e pontualmente, o grupo liderado por Dave Mustaine entrou e tocou sem parar até pelo menos a quarta música da apresentação, quando o vocalista desejou ao público um simples “boa noite”. E foi assim, com poucas falas e muito metal, que a banda performou muitos dos clássicos esperados, como Symphony of Destruction e A Tout Le Monde.
Como característica do Megadeth, o grupo tocou, com peso, todas as notas que ressoavam de seus instrumentos, do início ao fim do show. Mesmo uma simples batida na caixa ou vibrar das cordas das guitarras e do baixo parecem mais pesados e barulhentos quando tocados pelo Megadeth. Mas todo esse peso e barulho são habilmente conduzidos e transformados numa espécie de sinfonia de thrash metal.
Mustaine, ao centro do palco e com uma camisa branca, reluzia enquanto alternava entre seu canto e sua condução na guitarra. Mäntysaari fez jus ao legado de outros grandes ex-empossadores da guitarra do Megadeth e exibiu virtuosos e belos solos. A cozinha seguiu firme, com LoMenzo e o baterista Dirk Verbeuren brilhando pontualmente em seus instrumentos.
Em alguns momentos, a banda fez verdadeiros jams de metal, mostrando muito entrosamento entre os integrantes e rendendo os melhores momentos do show com essas exibições instrumentais.
Enquanto muitos estavam revendo o Megadeth pela segunda, sexta ou mesmo décima sexta vez, foi importante notar a presença de adolescentes e crianças (sempre acompanhados de seus pais, claro), iniciantes no metal, ansiosos para (possivelmente) ver pela primeira vez uma banda ícone da cena. Enquanto muitos gêneros ainda sofrem para renovar seu público, o heavy metal continua, de alguma forma, criando novas raízes e mantendo muito vivo o interesse pelo estilo e pelos seus representantes protagonistas, como o bando de Dave Mustaine.
Uma pena que tenha sido uma apresentação curta (cerca de 90 minutos) e que não tenha explorado melhor as músicas do mais recente disco da banda. Apenas a faixa-título foi tocada, ao abrir o show da noite.
Mesmo assim, com um público numeroso, diversificado e participativo, o Megadeth entregou o que se espera deles, provando que ainda há interesse por uma banda de mais de quatro décadas de existência. Seja para ser apresentada para um público que ainda não teve oportunidade de conhecer lendas da música, seja para empolgar aqueles que sempre amaram o thrash metal do grupo.