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Crédito: Marcela Mattos

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Oxigênio Festival vai da tensão a emoção em show apoteótico do Hot Water Music

A organização do Oxigênio Festival precisou enfrentar um desafio e tanto antes de iniciar o primeiro dia do evento. Logo pela manhã, quando chegaram ao Campo de Marte, os produtores foram informados que o evento não poderia ocorrer no espaço, o que deu início à uma correria insana para resolver o problema.

Felizmente, a união deu as caras e o problema logo foi sanado. Cine Joia virou o local da primeira data do Oxigênio, enquanto a Audio passou a ser a casa do segundo dia. Alguns ajustes inevitáveis no lineup e horários, mas o Oxigênio Festival foi entregue de forma brilhante.

Backdrop Falls

Primeira banda a se apresentar no Cine Joia foi o Backdrop Falls, de Fortaleza (CE), que chegou cheia de energia. O set chamou a atenção pelos refrões marcantes e riffs poderosos. Trilha perfeita para filmes de skate e surf dos anos 1990.

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Entre faixas autorais extraídas do único álbum da banda, There’s No Such Place As Home, o Backdrop Falls também incluiu covers de Bad Religion e Rancid. Deixou uma ótima impressão para o público.

Os integrantes também deixaram uma mensagem de apoio para as bandas que não puderam estar presente no primeiro dia do festival.

Crédito: Marcela Mattos
Horney

De Joinville (SC) veio a Horney, segunda atração do dia. Duda, vocalista e guitarrista, conseguiu atrair toda a atenção do público com uma presença de palco empolgante.

Também com o pé nos anos 1990, a Horney trocou o punk e o hardcore do Backdrop Falls por uma sonoridade mais calcada no grunge e indie rock. Aliás, é nítido que não fica na zona de conforto, gosta de explorar os mais diversos ritmos. Rolou até um pouco de dance music e samba.

Para quem ainda não conhecia a banda, o cartão de visitas foi excelente. Vale dar uma atenção especial ao último EP do grupo, Four Rooms For Four Fools, disponível no streaming. Fools Game é uma faixa bem interessante.

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Crédito: Marcela Mattos
Aurora Rules

Primeira atração a cantar em português no festival, a banda goiana Aurora Rules chegou com outra sonoridade, algo entre o metalcore e o post-hardcore com alguns screamo.

O Aurora Rules, que já tem mais de 15 anos de estrada, conseguiu cativar o público que ainda chegava ao Cine Joia. Mas aqui vale destacar como foi acertada a escolha do espaço. Cine Joia foi perfeito para o primeiro dia.

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Bayside Kings

Na hora do Bayside Kings, o Oxigênio começou de verdade! Esses foram os comentários na pista, totalmente compreensíveis. Casa estava mais cheia e o público abraçou do início ao fim. Foi durante o show da banda santista que a galera agitou muito, abriu roda, deu vários moshs e stage diving, seguindo a recomendação do próprio vocalista, Milton Aguiar.

A banda trouxe bolas coloridas e boias de praia de diferentes tipos dando um ar ainda mais lúdico pro rolê. Entre uma fala e outra, Milton ainda lembrou que o rock é político sim e citou a importância da diversidade da cena, com minas, pessoas pretas, gays, etc.

Vale destacar também o quão mais poderoso ficou o som da Bayside Kings depois que passou a cantar em português. A trilogia de EPs composta por Existência (2021), Tempo (2022) e Dualidade (2023) é um ótimo caminho para entender o que o grupo entregou no Oxigênio. Showzão!

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Chris Cresswell (The Flatliners)

Uma pausa na euforia causada pela Bayside Kings. Era a vez de Chris Cresswell, vocalista e guitarrista do The Flatliners, mostrar uma outra faceta. O punk rock tradicional da banda canadense deu espaço para um set acústico.

Os fãs do Flatliners não se incomodaram nem um pouco. Cantaram junto em boa parte do set, garantindo um momento especial no festival.

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Vale ressaltar que o show solo de Chris Cresswell não é algo muito comum. Ocupado boa parte do tempo com o Flatliners, poucas são as apresentações do músico nesse formato. Quem viu, viu…

Crédito: Marcela Mattos
Dominatrix

Uma das precursoras do movimento Riot Grrrl no Brasil, a banda Dominatrix começou o show com as músicas em português, algo que passou a ser mais recorrente a partir de 2009, quando lançou o disco Quem Defende Pra Calar. Depois de três faixas, passou a focar nos clássicos e passou pelos álbuns Girl Gathering (1997), Self Delight (1998) e Beauville (2003).

Mas a galera parecia não conhecer tanto a banda e ficou meio estática durante o show. Elisa Gargiulo, vocalista e guitarrista, até chegou a perguntar uma hora se estavam todos em choque.

Quem acompanha a banda desde o início pode notar que as músicas estão diferentes. Boa parte das letras foram subtraídas, deixando as canções um pouco mais melódicas, perdendo aquele vocal rápido, dando espaço para refrões prolongados.

Crédito: Marcela Mattos
Hateen

Ignorados na primeira edição do I Wanna Be Tour, o Hateen encontrou o seu público fiel no Cine Joia. Emo raiz feito por quem foi peça importante na construção do cenário independente nacional.

Rolou umas projeções na parede com texturas de folhas, gotas d´água e outras imagens que deixaram o show ainda mais nostálgico. A galera não agitou muito, mas cantou a maior parte das músicas, garantindo momentos de muita emoção.

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O hit 1997, Não Vá, Danger Drive e Obrigado Tempestade foram alguns dos destaques do set, que trouxe ainda um cover de Crush Us All, do Seaweed.

Rodrigo Koala, vocalista e guitarrista, além de único membro da formação original, fez um ótimo discurso citando as bandas que não puderam se apresentar no sábado, além de exaltar o trabalho de fôlego da produção que conseguiu armar o festival em cima da hora em outro local.

Crédito: Marcela Mattos
Hot Water Music

Depois de todo esse mix de emoções que foi o primeiro dia, o que dizer do Hot Water? Show impecável!!! Parabéns para a produção que conseguiu reduzir o atraso e o show começou às 22h40 (previsto para 22h15), mesmo diante de tantos desafios nas últimas horas.

Foi lindo, perfeito, enérgico, nostálgico. Público agitou bastante, mas manteve o respeito, dando o tom de um show 30+ (ou 40??). Rolaram vários moshs, mas o clima estava super agradável, deu até pra se sentir um pouco dos anos 1990, ainda mais pelas palavras do vocalista e guitarrista Chuck Ragan, que lembrou que ali somos uma família que partilha de um mesmo ideal, citando o amor pela música. E se emocionou ao dizer que aquele momento é nosso e sempre vamos ter juntos essa lembrança, ninguém vai tirar isso de nós.

Crédito: Marcela Mattos

O setlist do Hot Water Music conseguiu contemplar nove dos dez álbuns da banda, que foi formada em 1994. O único disco que ficou de fora foi Light It Up (2017). Vows, que foi lançado em maio, apareceu com força no set, representando por três canções (After The Impossible, Burn Forever e Menace, que foi a segunda do show).

Caution (2002), o maior sucesso comercial da banda, foi o álbum mais lembrado durante a apresentação, com cinco das 19 faixas do set. Aliás, o show começou e fechou com canções desse disco. Abriu com Remedy, presente na trilha do clássico jogo Tony Hawk’s Underground, encerrou com Wayfarer, garatindo a apoteose no Cine Joia.

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Convenhamos: levar os shows para ambientes fechados deixou o Oxigênio Festival ainda mais especial. Que dia incrível!

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