Para entender o atual momento da banda californiana Papa Roach precisamos voltar até abril de 2000. À época, o grupo lançou o seu segundo disco de estúdio, Infest, o primeiro por uma gravadora major, a DreamWorks. Com Limp Bizkit e Deftones emplacando hits em sequência nas rádios e MTV, o caminho ficou mais favorável para Jacoby Shaddix e companhia, que passou a excursionar com esses dois nomes.
Last Resort, o primeiro hit do Papa Roach, chamou a atenção do mundo todo. Prova disso é que no ano seguinte a banda foi escalada para tocar na terceira edição do Rock in Rio. O que poderia ter sido um grande cartão de visitas para os músicos no Brasil, virou um tiro no pé. Tocando na mesma noite de Guns n’ Roses e Oasis, a banda ficou completamente escondida.
Seguiu triunfando nos Estados Unidos e Reino Unido com os dois álbuns seguintes, Lovehatetragedy (2002) e Getting Away With Murder (2004), que receberam discos de ouro e platina, além de colocar diversos singles nas paradas. O mercado também havia ficado ainda mais favorável com a explosão do Linkin Park, que também levou o Papa Roach como banda de suporte da turnê do seu primeiro disco, Hybrid Theory.
Mas o momento de euforia do mercado com o Papa Roach acabou. O sucesso da banda passou a ser quase que exclusivo nos Estados Unidos. Por lá, a produção não parou. De 2006 para cá foram mais cinco registros de estúdio. O último deles, Crooked Teeth, lançado no ano passado, foi o ponto de partida para o ressurgimento da força dos caras. O disco rendeu dois singles no top 1 de Rock Alternativo da Billboard (Help e Born for Greatness), além de um top 3 (American Dreams), na mesma parada.
“Foi um momento fantástico para o Papa Roach, cara. É gratificante quando você tem uma música que atinge o número um. É uma ótima sensação e lembra que você ainda está conectado. Isso é uma ótima sensação para mim. As pessoas gostam dessa música, as pessoas sentem isso”, comentou o vocalista, Jacoby Shaddix, que veio ao Brasil na semana passada com o baterista, Tony Palermo, para divulgar o próximo disco, Who do You Trust?, que chega ao mercado em 18 de janeiro.
Durante a entrevista para o Blog n’ Roll, concedida por telefone, Shaddix demonstrou estar muito animado com o futuro da banda. Ele cravou que a próxima turnê mundial será a maior da carreira do Papa Roach e não se preocupa em ver que o mercado está muito mais atraente para o hip hop que o rock.
“Definitivamente as pessoas estão ouvindo mais RAP hoje em dia. Mas eu tenho certeza que também existe uma grande massa que ouve rock. Nós checamos nossos streams e tem muita gente ouvindo nossa música. São milhões de ouvintes mensais. Não são todas as pessoas do mundo, mas é bastante gente. Para que se preocupar tanto em ser número um? Claro que seria incrível, mas não acho que seja fundamental”, justificou.
O novo álbum do Papa Roach terá os mesmos produtores de Crooked Teeth, Colin Cunningham e Jason Evigan, que possuem em seus currículos contribuições para Avicii, 5 Seconds of Summer, Demi Lovato, Maroon 5, Madonna, entre outros nomes pop.
“Who Do You Trust? é uma extensão da reinvenção da banda. Em Crooked Teeth tivemos faixas como Help, que foram enormes para a banda, então é como uma inspiração nas melhores canções desse álbum. Born For Greatness mostra essa força. Estamos prontos para sairmos do padrão, então aqui vamos nós. A gente pensou em fazer algo diferente e deu certo. A música empurra a gente a mudar e isso é inspirador”.
Até o momento, três faixas do novo disco já foram lançadas: Who do You Trust?, Renegade Music e Not The Only One. As duas primeiras soam mais parecidas com o que o público está acostumado a ouvir ao longo da trajetória da banda. A terceira já tem uma veia mais pop e deve agradar um novo público.
The Ending, que abre o álbum e ainda não foi disponibilizada para o público, é prato cheio para os fãs de Linkin Park. E Shaddix não poupa no alcance vocal.
“A mensagem que queremos passar é de autenticidade. Queremos fazer músicas autenticas e que os fãs se identifiquem. Queremos músicas para pessoas de verdade, com histórias de verdade, da vida real. Who do You Trust? (em quem você confia), essa é a questão. O mundo está enlouquecendo, tem muitas coisas acontecendo. Estas manifestações políticas são uma tentativa da humanidade em progredir”.
Para o roqueiro, alguém que “tenta se politizar, adquirir conhecimento e depois inspirar outras pessoas a fazer o mesmo é ótimo”. “Para mudanças acontecerem, as pessoas têm que saber de que lado estão. Toda mudança começa a partir de uma visão introspectiva”.
Shows no Brasil
Ainda sem previsão de quando deve retornar ao Brasil, Shaddix manifestou o interesse de confirmar logo sua terceira passagem por aqui. A segunda e última foi em 2016, quando estreou em São Paulo. “Estamos aqui para divulgar nosso álbum, fazer parceria com as rádios e espalhar nosso nome por aqui. Não vemos a hora de voltar e detonar tudo com nosso som”.