Dez anos após o último show no Brasil, a banda inglesa Placebo retornou a São Paulo com algumas regras e um set totalmente renovado. No domingo (17), no Espaço Unimed, gravações e fotos com celulares foram proibidos, a pista premium foi extinta e metade do repertório foi composto por canções do último disco, Never Let Me Go (2022).
Antes de falar sobre a performance e o repertório, acho válido falar sobre as regras impostas pela banda. A não utilização de uma pista premium foi um acerto. Garantir a possibilidade de todos ficarem próximos dos ídolos é muito legal, ainda mais com um preço justo (R$ 500, inteira, R$ 250, meia).
A proibição dos celulares para fotos e vídeos, na verdade, foi um pedido muito explícito. Foi anunciado nas redes sociais, avisado com mensagem em inglês no telão, além de um recado na caixa de som, dessa vez em português.
Até a metade da apresentação, grande parte do público respeitou o pedido, que tinha como base a garantia de uma experiência incrível para todos, não permitindo que alguém colocasse o celular na cara de quem estivesse atrás. De fato, funciona. Qualquer ponto do Espaço Unimed estava com uma vista impecável do palco.
No entanto, bastou alguns fãs entenderem que a regra quebrada não resultaria em expulsão ou apreensão do smartphone, que o jogo virou. E dá-lhe vídeos de má qualidade e desrespeito com o próximo até o fim.
Que o Placebo é avesso aos próprios hits, não é novidade. Aliás, Every You, Every Me foi sacada pela primeira vez no Brasil. Em sua quinta passagem pelo País, o grupo limou ainda sucessos como Nancy Boy, Pure Morning e You Don’t Care About Us.
Mas engana-se quem pensa que isso deixou o show menos impactante. The Bitter End, Taste Men e Running Up That Hill (cover de Kate Bush) garantiram os principais highlights da conexão entre Placebo e fãs.
Mas o repertório mais recente também caiu no gosto do público. Beautiful James, do Never Let Me Go, foi cantada inteirinha pelos fãs. Acredito que deva ser uma sensação ótima para o artista. Chegar com um trabalho novo e ver o público cantando com tanto afinco faixas recentes. O público do Placebo é diferente, no melhor sentido possível.
Boa parte do repertório é de 2006 para cá. Apenas quatro canções dos quatro primeiros discos foram lembradas, sendo que o maior sucesso da banda, Without You I’m Nothing, foi totalmente ignorado. Nenhuma surpresa para os fãs, que já viram Brian Molko dizer inúmeras vezes que tornou-se sufocante ter que cantar canções escritas aos 20 anos de idade.
Molko e Stefan Olsdal falam muito pouco durante o show, mas é possível ver uma melhora nessa comunicação entre o vocalista e o público. Molko chegou a brincar que fazia tanto tempo que a banda não vinha ao Brasil que muitos ali não eram nem nascidos em 2014.
Setlist
- Forever Chemicals
- Beautiful James
- Scene of the Crime
- Hugz
- Happy Birthday in the Sky
- Bionic
- Twin Demons
- Surrounded by Spies
- Soulmates
- Sad White Reggae
- Try Better Next Time
- Too Many Friends
- Went Missing
- Exit Wounds
- For What It’s Worth
- Slave to the Wage
- Song to Say Goodbye
- The Bitter End
- Infra-red
BIS:
- Taste In Men
- Fix Yourself
- Running Up That Hill (A Deal With God) – (Kate Bush cover)