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Sepultura estreia nova fase da turnê com poucas surpresas em Santos

Texto por Paulo José Ribeiro

O Sepultura agitou a noite de Santos neste sábado (8) com o seu primeiro show de 2023. A apresentação no Arena Club também marcou o início da nova etapa de divulgação do álbum Quadra e o retorno de Andreas Kisser, Derrick Green, Eloy Casagrande e Paulo Xisto à cidade litorânea após cinco anos. Na última visita, o disco mais recente do grupo, Quadra, de 2020, nem havia sido lançado. A abertura ficou por conta da banda santista DZRock.

Os fãs chegaram cedo na expectativa de ouvir ao vivo as músicas do último álbum, aclamado por público e crítica. O designer Pedro da Silva Pereira, de 35 anos, estava na fila uma hora antes dos portões abrirem. Ele já tinha visto os irmãos Cavalera (ex-membros fundadores) em ação, mas o grupo liderado por Andreas Kisser era novidade. Pedro ainda contava com o espetáculo do baterista Eloy Casagrande. “Hoje vai cair a casa inteira! Espero ficar impressionado vendo o Eloy ao vivo, porque o ‘bicho’ destrói. Ele é um monstro”, contou empolgado antes do show. 

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Não poderia ser diferente. O músico de 32 anos se transformou no maior trunfo do Sepultura nos últimos tempos. Desde a sua chegada, em 2011, a banda ganhou vida nova, com composições mais técnicas e experimentais, voltando a receber holofotes que não eram vistos desde a metade dos anos 1990.

Poucos dias após completar um ano da lesão que fraturou sua perna direita e o deixou fora dos palcos por quase três meses, Casagrande correspondeu com a precisão, velocidade e técnica apurada que os fãs conhecem. O groove do baterista foi destaque em faixas clássicas do disco Chaos A.D., de 1993, como Propaganda e Territory

A revigorada da “fase Eloy” trouxe mais autonomia para o Sepultura pós Max, que se vê cada vez menos dependente do repertório clássico para construir o seu setlist. Das 17 músicas tocadas no show, nove foram gravadas pelo americano Derrick Green nos vocais, ou seja, mais da metade.

O público retribui a maioria das escolhas da lista. A faixa Means To An End, do último disco, foi um dos melhores momentos da noite, com uma velocidade característica das formações anteriores, acenando para os fãs mais nostálgicos, sedentos pelo thrash metal oitentista, mas sem deixar de absorver linhas mais melódicas na voz de Derrick e riffs mais complexos por parte de Andreas. Outro momento marcante foi a performance do clássico moderno Kairos, do disco homônimo de 2011, que formou um coro uníssono e barulhento em seu refrão. 

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Mas nem todas as decisões foram acertadas, e o retorno de Corrupted, do disco Roorback, de 2003, foi facilmente ignorado durante a quase uma hora e meia de show. Também vale salientar que o momento mais catártico de toda a apresentação foi o fechamento com Roots Bloody Roots, de 1996, como não deixaria de ser.  

O desempenho teve seus altos e baixos. Apesar de viver seu melhor momento na carreira, Derrick Green mantém dificuldades para expressar uma voz potente e menos ‘seca’ durante trechos mais rápidos, o que ‘enterra’ a sua voz por baixo dos instrumentos em faixas como Infected Voice e Arise. Por outro lado, o canto harmonioso da introdução de Machine Messiah oferece um contraponto interessante aos guturais igualmente bem executados. 

Na guitarra, Andreas brilha ao intercalar momentos de puro virtuosismo e composições com um viés mais percussivo, fruto da abrangência da banda historicamente, que já se aventurou por diversos subgêneros do metal, e da forma como ela é representada nos palcos.

Mas as cordas continuam sofrendo com a falta de uma guitarra de apoio, especialmente quando composições da era Max aparecem. É importante ressaltar que a distorção no baixo de Paulo Xisto, que ganhou mais protagonismo, ajuda a contornar a situação, mas não resolve. O impacto do groove metal dos anos 1990 diminui bastante com a ausência dos riffs originais.

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Abrindo as portas para 2023, o Sepultura ainda tem o pragmatismo de uma banda madura, que completa 40 anos de existência no ano que vem com uma trajetória de inúmeras turbulências e que já não precisa mais conviver com incertezas. Atualmente, os riscos em gravações e apresentações existem de forma mais controlada, o que pode parecer pouco, mas dentro do contexto de bandas do gênero com a mesma faixa etária e expectativa de vida, significa muita coisa.

Mesmo que não se possa esperar grandes novidades dos shows da atual formação, Andreas e companhia não vivem estagnados e continuam sendo capazes de entregar atuações sólidas, fazendo jus ao legado da maior banda de metal do hemisfério sul sem deixar de olhar para novas possibilidades. 

O Sepultura volta a se apresentar no próximo dia 12, em Manaus, na Arena da Amazônia. A turnê ainda prevê shows em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Ribeirão Preto e Divinópolis.

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